O EuroBic está à procura de um investidor que possa ser um parceiro de referência da Netpay, rede de caixas automáticas concorrente da rede Multibanco. O Jornal Económico sabe que processo de procura de um parceiro foi desencadeado antes do verão e já há manifestações de interesse de grandes players mundiais na área de tecnologias e serviços de pagamentos electrónicos. Worldline, First Data e Worldpay perfilam-se na corrida à entrada no capital da Netpay que está avaliada em mais de 40 milhões de euros. Entrada de investidor estratégico deverá estar fechada até ao final do ano.
Fontes próximas ao processo revelaram ao Jornal Económico que a entrada de um parceiro na Netpay, lançada pelo BPN em 2006, poderá passar pela aquisição de uma maioria no capital da rede de caixas automáticas que é gerida pelo banco liderado por Fernando Teixeira dos Santos. “É uma matéria de negociação”, avança a mesma fonte, dando conta que o processo de consulta de investidores iniciou-se, informalmente, antes do Verão, tendo sido formalizado posteriormente. Parceria estratégica com Netpay deverá estar fechada em Dezembro.
“Grandes players a nível mundial já manifestaram interesse”, assegura. O Jornal Económico sabe que o interesse com vista a uma parceria foi já manifestado pela líder europeia no setor de pagamentos, a Worldline, e também pela norte-americana First Data, líder global em tecnologias e soluções para meios de pagamento, empresa com mais de 40 anos de história e líder global em soluções de processamento de pagamentos e comércio electrónicos. Também está na corrida a britânica Worldpay, empresa de processamento de pagamentos.
O Jornal Económico questionou o presidente do EuroBic sobre este processo de procura de um parceiro para a Netpay, mas Fernando Teixeira dos Santos recusou fazer comentários.
Um dado é certo. O BIC quer encontrar um parceiro com uma posição maioritária, porque, assegura a nossa fonte, percebe que não tem massa critica num negócio cada vez mais competitivo. Esta é, aliás, uma visão semelhante a muitas transações idênticas e a maior parte de maior dimensão que ocorreram na Europa. É o caso do baco sueco Nordea que, em 2015, alienar seu negócio de acquiring (aceitação de pagamentos) à Nets Holding (Nets), o maior fornecedor de serviços de pagamento nórdico. E também da rede Visa com o maior IPO de sempre nos EUA, em março de 2008, entre outros exemplos neste processo de autonomização da atvidade de processamento e aceitação de cartões face aos bancos accionistas.
À procura de inovação
“O BIC procura parceiro estratégico que traga inovação e novos produtos”, frisa a mesma fonte, acrescentando que outros bancos portugueses têm demorado a tomar decisões, apesar de há três andarem a estudar o que fazer.
Um destes casos mais emblemáticos é o da Unicre. Especialistas do sector defendem que tem de ser vendida, pois não existem consensos entre os acionistas. A Unicre tem dois grandes negócios distintos: o crédito em cartão e a rede de aceitação de pagamentos em comerciantes (acquiring). Está à venda à mais de um ano e meio o negócio do Unibanco (emissão de cartões e crédito pessoal), mas a operação não pode ser fechada porque não se vendeu a Redunicre (POS em comerciantes).
Recorde-se que, inicialmente, a Redunicre estava planeada ser incorporada na SIBS, mas, em julho deste ano, a Autoridade da Concorrência (AdC) chumbou a operação, por considerar que poderia criar um monopólio no sistema de pagamentos português, podendo acarretar sérios prejuízos para os comerciantes e para o consumidor fina. A SIBS, a gestora da rede Multibanco, retirou a notificação oficial de compra da Redunicre, considerando que atuação e exigências da AdC ao longo do processo foram desproporcionadas.
Fontes do sector consideram que o parecer da AdC resulta numa “perda de valor imediata”. E justificam: “a SIBS é monopólio no que faz e não pode crescer sem o negócio com os comerciantes. E a Redunicre não tem auto suficiência tecnológica, depende da SIBS e se esta for vendida, deixa de ter a ligação via os mesmos accionistas (os bancos)”.
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