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Eurogrupo vai discutir “nova linha de defesa” contra crise na zona euro

O Eurogrupo vai discutir, na terça-feira, possíveis medidas para “uma nova linha de defesa” contra o surto de Covid-19 na zona euro, visando uma “resposta coordenada” aos impactos económicos, que pode passar pela emissão de dívida conjunta.
Cristina Bernardo
21 Março 2020, 14h13

“O Eurogrupo vai considerar opções para criar uma linha de defesa contra o novo coronavírus como parte da nossa resposta coordenada à crise, de acordo com o mandato atribuído pelos líderes [europeus] esta semana”, anunciou hoje através da rede social Twitter o presidente do Eurogrupo, Mário Centeno.

O também ministro das Finanças português indicou ainda que o encontro dos seus homólogos da zona euro será realizado via videoconferência na terça-feira ao final do dia.

Em causa estão novas medidas (para adotar ao nível das instituições e não apenas dos Estados-membros) para reforçar a resposta financeira à crise decorrente do surto, com o intuito de evitar uma recessão profunda na zona euro.

Uma das medidas que poderá estar em cima da mesa está relacionada com a eventual emissão de dívida conjunta ao nível da União Europeia (UE) para assim estimular a recuperação económica, ação defendida pelo primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, e apresentada aos restantes líderes europeus no Conselho realizado na passada terça-feira.

Em causa estão os chamados ‘Eurobonds’, uma mutualização da dívida dos países europeus, para a qual potências como a Alemanha já manifestaram alguma abertura.

Um dia antes desta reunião do Eurogrupo, haverá uma teleconferência dos ministros da Economia e Finanças da UE (o chamado Ecofin) e aí será analisada a medida proposta na sexta-feira pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, uma suspensão “inédita” das regras de disciplina orçamental impostas aos países da UE para permitir que os Estados-membros “estimulem o quanto quiserem” as suas economias numa altura de crise.

“Hoje [sexta-feira] – e isto é inédito e nunca foi feito – acionamos a cláusula geral de salvaguarda, o que significa que os Governos nacionais podem estimular a economia tanto o quanto quiserem. Estamos a relaxar as regras orçamentais para os permitir fazê-lo”, anunciou Ursula von der Leyen, num vídeo publicado na rede social Twitter.

O executivo comunitário propõe, assim, a ativação da cláusula de derrogação de âmbito do Pacto de Estabilidade e Crescimento, medida que, uma vez aprovada pelo Conselho, permitirá que os Estados-membros se desviem temporariamente das obrigações normais estabelecidas no quadro orçamental europeu, a fim de permitir uma resposta eficaz à crise.

Na prática, isto significa objetivos orçamentais mais ‘contidos’ em questões como o défice, suspendendo parte das recomendações para a estabilidade das contas públicas.

Ursula von der Leyen justificou a medida com “impacto dramático” da crise do Covid-19 na economia, ao atingir “grande parte dos setores” da UE.

“A suspensão da nossa vida pública é necessária para conter o vírus, mas também abranda severamente a nossa economia”, adiantou.

Antes, há uma semana, a Comissão Europeia já tinha admitido que, no caso de uma “severa desaceleração da economia” na zona euro e UE, devido aos impactos da covid-19, iria suspender os ajustamentos orçamentais recomendados aos Estados-membros.

O novo coronavírus, classificado pela Organização Mundial de Saúde como pandemia, causou pelo menos 11.401 mortos em todo o mundo, depois de ter sido identificado pela primeira vez em dezembro.

Ao todo, já foram detetados mais de 271.660 casos de infeção em 164 países e territórios.

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