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Europa está a perder território florestal a um ritmo agravado, alertam especialistas

Portugal, juntamente com quatro outros países, são responsáveis por 30% dessa perda. No entanto, é a Suécia que contribui mais para a desflorestação no território europeu.
  • Regis Duvignau/Reuters
2 Julho 2020, 17h40

O território florestal europeu tem perdido densidade devido à colheita massiva de madeira dos últimos anos, uma prática que vem reduzir a capacidade de absorção de carbono do continente e possivelmente indicar problemas mais amplos com as tentativas da União Europeia (UE) de combater a crise climática.

De acordo com um estudo publicado na revista “Nature”, esta quinta-feira, muitas florestas europeias — que representam cerca de 38% da superfície terrestre —são utilizadas para a produção de madeira o que resulta numa colheita regular e frequente. Segundo os dados satélite usados para o desenvolvimento deste estudo, a perda de biomassa aumentou 69% no período compreendido entre 2016 a 2018, em comparação com o período de 2011 a 2015. Isto indica que durante esse período aconteceu um número elevado de colheita, o que se traduz num aumento da área de floresta perdida de 49%.

A perda de biomassa florestal é mais representativa na Suécia, que é responsável pela perda de 29% desse território, seguindo-lhe a Finlândia com 22%. Muito menos afetados foram Portugal, Polónia, Espanha, Letónia e Estónia, que juntos representaram cerca de 30% do aumento dos 26 países estudados.

Estes números indicam que foram realizadas muitas mais colheitas num curto espaço de tempo, mesmo tendo em conta os ciclos naturais e o impacto de eventos climáticos, nomeadamente incêndios florestais e fortes nevões.

As florestas compensam cerca de 10% das emissões de gases de efeito estufa da UE. Como as áreas colhidas provavelmente serão replantadas, o novo crescimento continuará a absorver o dióxido de carbono da atmosfera, por isso, a longo prazo, o balanço de carbono da Europa pode não ser muito afetado.

No entanto, os investigadores explicam que é importante descobrir o porquê da colheita ter aumentado tão repentinamente.

“As florestas continuam a ser um sugador de carbono, mas menos do que antes”, explicou Guido Ceccherini, membro do Centro Comum de Pesquisa da UE e principal autor do estudo. “Até que o stock de carbono nas áreas colhidas regresse aos níveis anteriores, pode demorar décadas, dependendo do tipo de floresta. O que significa que um aumento na colheita equivale a um aumento nas emissões de dióxido de carbono para a atmosfera”.

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