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Europeus foram “um pouco ingénuos” com a China, diz alto-representante da UE para a Política Externa

Numa entrevista publicada hoje no jornal francês “Le Journal du Dimanche”, Borrell explica que existe uma estratégia europeia para a China desde março de 2019 e a abordagem europeia tornou-se “mais realista”.
Reuters
3 Maio 2020, 13h30

O alto-representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, referiu hoje que os europeus foram “um pouco ingénuos no passado” com a China, mas garante que agora a perspetiva mudou e é “mais realista”.

Numa entrevista publicada hoje no jornal francês “Le Journal du Dimanche”, Borrell explica que existe uma estratégia europeia para a China desde março de 2019 e a abordagem europeia tornou-se “mais realista”.

Essa abordagem, sublinha, parte da observação de que “a China é um parceiro estratégico com o qual a UE possui objetivos parcialmente convergentes” e com a qual “deve encontrar um equilíbrio de interesses”.

É também “um concorrente económico com ambição de domínio tecnológico” e “um rival sistemático que busca promover um modelo alternativo de governação”.

Por fim, diz Borrell, a relação entre os dois blocos “requer reciprocidade”.

Questionado sobre as alegações do Presidente dos EUA, Donald Trump, que afirma ter evidências de que a disseminação do coronavírus pode ter sido provocado por um laboratório em Wuhan, o funcionário diplomático europeu é mais do que cético.

“Há alguns dias, ele recomendou-nos a beber desinfetante para combater o coronavírus …”, observou, com ironia.

Borrell acrescenta que a UE e os seus Estados-membros prepararam um projeto de resolução que será apresentado no dia 18 à Organização Mundial da Saúde (OMS), que destaca a importância de entender melhor as “circunstâncias que permitiram desenvolver esta pandemia”.

“Na minha opinião, é necessário estudar de forma independente o que aconteceu, deixando de lado o campo de batalha entre a China e os Estados Unidos”, que com as suas acusações mútuas serve apenas para “exacerbar as suas rivalidades”.

Quanto às alegações de que os seus serviços baixaram o tom de um relatório sobre desinformação sobre o coronavírus devido à pressão de Pequim, o alto-representante negou novamente.

“Essa intervenção chinesa não foi de forma alguma a origem de uma mudança de tom ou substancial na versão desse relatório dirigida ao público”, concluiu.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 241 mil mortos e infetou cerca de 3,4 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

Mais de um milhão de doentes foram considerados curados.

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