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Eutanásia. O mais recente “fait diver”

Os temas verdadeiramente importantes para a sociedade portuguesa e que são determinantes para o futuro e qualidade de vida dos nossos filhos e netos permanecem teimosamente fora da discussão pública, por razões que acredito serem sobretudo falta de coragem política.
13 Junho 2018, 07h15

É um facto que a discussão política em Portugal é dominada, propositadamente ou não, por temas fracturantes da sociedade portuguesa e que ocuparam as conversas de café e os comentadores televisivos nos anos recentes. Estou a falar de temas polémicos como o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a possibilidade de mudança de sexo aos 16 anos e recentemente a eutanásia. Apesar das opiniões individuais que se possa ter sobre cada um destes temas individualmente considerados e não os querendo desvalorizar, mas a verdade é que podemos facilmente identificar que os mesmos partilham características comuns, ou seja, todos estes temas são polémicos, implicam necessariamente posições extremadas de total concordância ou veemente oposição mas, acima de tudo, têm aplicabilidade numa franja minoritária da sociedade civil portuguesa. Ou seja, o que pretendo dizer de forma clara é que os temas “polémicos” ocuparam uma parte desproporcionada da discussão pública, ou seja, basicamente ocuparam 98% do espaço da discussão pública para serem aplicados a 2% da população.

Enquanto a nossa classe política se dedica a lançar o tema polémico “da moda” seguinte, a verdade é que a situação política e social de Portugal se vai deteriorando… Os temas verdadeiramente importantes para a sociedade portuguesa e que são determinantes para o futuro e qualidade de vida dos nossos filhos e netos permanecem teimosamente fora da discussão pública, por razões que acredito serem sobretudo falta de coragem política. A não ser por essa razão, por que motivo não se discute seriamente em Portugal a necessidade de se empreender uma profunda reforma do Estado? A reforma do Estado é um passo fundamental, sem o qual não poderemos verdadeiramente considerar uma redução sustentada da enorme carga fiscal que incide sobre os portugueses, assim como permitir reforçar as áreas do Estado que necessitam como a Saúde, Educação e Justiça.

Por que razão não existe uma discussão profunda sobre a sustentabilidade da Segurança Social? A determinação de um sistema fiscal competitivo, atractivo e acima de tudo estável? As soluções necessárias para a implementação de um sistema judicial célere e eficiente? Em vez dos “sound bites” fáceis que nos trazem os temas mais polémicos e superficiais, como português e madeirense gostaria de ver as questões determinantes e estruturantes para o futuro de Portugal serem encaradas “de frente”, debatidas e resolvidas, levando o nosso país a dar um passo em frente, em vez de serem permanentemente “empurradas com a barriga” para as gerações seguintes, sem que se tomem medidas sobre os temas que verdadeiramente têm a capacidade de dotar a nossa sociedade e as gerações vindouras de um futuro melhor!

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