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Ex-líder da bancada do CDS-PP diz que partido não deve negar “definitivamente” entendimentos com o Chega

O antigo dirigente democrata-cristão admite que o Chega tem ideias que “não são compagináveis” com os valores da direita ou do centro democrático, mas defende que é necessário ouvir primeiro as bases do CDS-PP para perceber como é que o partido pode recuperar peso a nível eleitoral.
  • Nuno Magalhães
    Ex-líder do grupo parlamentar do CDS-PP apoiou João Almeida no Congresso de Aveiro
7 Agosto 2020, 16h38

O antigo líder do grupo parlamentar do CDS-PP Nuno Magalhães defende que o partido não deve excluir eventuais coligações com o Chega de André Ventura. O ex-dirigente democrata-cristão admite que o Chega tem ideias que “não são compagináveis” com os valores da direita ou do centro democrático, mas defende que é necessário ouvir primeiro as bases do CDS-PP para perceber como é que o partido pode recuperar peso a nível eleitoral.

“Embora tenha uma expectativa baixa em relação à bondade daquilo que são as propostas do Chega, não renegaria assim de forma tão definitiva [entendimentos com o Chega] para qualquer concelho”, afirmou Nuno Magalhães, à RTP3, em reação à entrevista do líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, à revista “Visão”, onde excluiu qualquer hipótese de um entendimento com o Chega para as eleições.

O ex-dirigente centrista, que deixou a bancada do CDS-PP ao fim de oito anos em novembro de 2019, reconhece que, até ao momento, tinha mantido algum “recato” em comentar eventuais entendimentos entre o CDS-PP e o Chega. Agora, diz que “não faria uma declaração de uma forma tão perentória” com a de Francisco Rodrigues dos Santos, ao dizer que a probabilidade de um acordo eleitoral entre o CDS-PP e o Chega “é nula”.

“[Francisco Rodrigues dos Santos] rejeita coligações que as bases podem pretender e, quando começam a chegar as eleições e os problemas para arranjar listas, não faria essa declaração tão perentória em relação ao Chega”, disse, abrindo a porta a um eventual entendimento com o Chega para as eleições autárquicas de 2021.

Nuno Magalhães concorda, no entanto, com o presidente do CDS-PP quando diz que o Chega tem “determinado tipo de ações, afirmações e propostas que não são recomendáveis” e diz que, por isso, o partido de André Ventura “não é boa vizinhança”. “O Chega tem determinado tipo de propostas e determinado tipo de ações não compagináveis com a direita democrática ou com o centro democrático, nesse aspeto, estou de acordo”, referiu.

Na visão de Nuno Magalhães, o líder do CDS-PP está com a renúncia a qualquer acordo com o Chega a “assumir uma posição e marcar agenda”, mas sublinha que é imprudente fechar por completo a porta a um entendimento. Porém, esse entendimento não deve ser “a qualquer preço”. “Seria difícil uma coligação, por agora, estável, profunda com o Chega, da parte do CDS-PP”, afiança.

Depois de Francisco Rodrigues dos Santos ter descartado entendimentos com o Chega, o presidente demissionário e deputado único do Chega, André Ventura, ironizou a situação no Twitter: “Acho que depois disto vou cancelar as férias! Não estou com a mínima disposição para descansar depois deste rude golpe político”.

Esta sexta-feira, o militante do CDS-PP Pedro Borges de Lemos, líder da corrente interna não formalizada CDSXXI, anunciou a desfiliação do partido, com críticas à direção, numa altura em que estava a ser ponderada a sua expulsão do partido por ter participado numa manifestação ‘Portugal não é racista’ promovida pelo Chega. Pedro Borges de Lemos manifestou-se ainda disponível para aderir ao Chega, que considera ser “a única força política de direita que tem demonstrado a coragem de combater o sistema em todas as suas fraquezas”.

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