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Ex-ministro do PSD discorda do fim da publicidade na RTP

Morais Sarmento já tutelou a RTP e considera “demasiado grave” a “total ausência de contrapartidas” pelo fim da publicidade no canal público.
Flickr/PSD
16 Outubro 2024, 12h50

Nuno Morais Sarmento critica o fim da publicidade na RTP, uma medida anunciada pelo Governo da AD para entrar em vigor em 2025.

O ex-ministro do PSD teve a tutela da RTP durante o Governo de Durão Barroso e

“Esta opção é questionável. Há 10 anos, nos estudos que acompanhei e realizei, os telesespetadores consideravam a publicidade um conteúdo essencial. Faria falta, se não existisse. Tirá-la era voltar a uma televisão a preto e branco”, começou por dizer no seu espaço de comentário na “CNN”.

“Mas se a decisão é questionável, o que me parece demasiado grave é a total ausência de contrapartidas”, acrescentou.

O Governo AD quer retirar gradualmente a publicidade à RTP até 2028, impedindo a empresa de arrecadar 20 milhões de euros anuais destas receitas.

Ao mesmo tempo, o Governo não prevê nenhuma compensação pela perda de receitas. O plano do Governo também prevê a abertura de um programa de saídas voluntárias para 250 trabalhadores.

Pela concorrência, o próprio CEO da Media Capital já disse que as receitas publicitárias da RTP irão parar aos cofres das tecnológicas e não das televisões privadas.

“Vai claramente haver uma transferência de publicidade para as plataformas digitais. Não é evidente que os seis minutos sejam transferidos para as outras televisões”, disse Pedro Morais Leitão a 8 de outubro citado pela “CNN”.

Os próprios anunciantes já deixaram críticas à medida e também alertaram para o desvio de receitas para as plataformas internacionais.

“Somos contra a medida, claramente somos contra a medida, porque achamos que esta medida tem consequências diretas negativas para todo o mercado”, disse o secretário-geral da APAN, Ricardo Torres Assunção, à agência Lusa a 11 de outubro.A entidade representa mais de 95 anunciantes e 80% do investimento publicitário em Portugal.

O responsável também lamentou que o Governo tenha tomado uma decisão destas sem consultar quem investe nos órgãos de comunicação: “Esperamos que o Governo perceba que desprezar 80% do que é o investimento publicitário em Portugal – e como sabemos os meios de comunicação social estão muito dependentes do investimento publicitário – não me parece que tenha sido muito pensado esquecer uma parte importante nesta negociação”.
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