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Ex-presidente moçambicano admite que o país enfrenta pobreza e corrupção

“Hoje enfrentamos a pobreza, a corrupção, a exclusão social, a ignorância e o extremismo violento. Essas são as novas formas de opressão que minam o exercício da nossa liberdade”, disse Joaquim Chissano, orador no simpósio alusivo à celebração dos 50 anos da independência nacional e dos 63 anos da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), que decorre hoje em Maputo.
12 Junho 2025, 16h54

O antigo Presidente moçambicano Joaquim Chissano admitiu hoje que 50 anos depois da independência, o país ainda enfrenta pobreza, corrupção e exclusão social, pedindo à juventude mais esforços para continuar a desenvolver o país.

“Hoje enfrentamos a pobreza, a corrupção, a exclusão social, a ignorância e o extremismo violento. Essas são as novas formas de opressão que minam o exercício da nossa liberdade”, disse Chissano, orador no simpósio alusivo à celebração dos 50 anos da independência nacional e dos 63 anos da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), que decorre hoje em Maputo.

O antigo Presidente (1985 a 2005) apontou como ganhos notáveis da independência a educação, saúde e a valorização da cultura nacional, não obstante a guerra dos 16 anos entre as forças governamentais e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), referindo que, apesar da “desestabilização, calamidades naturais recorrentes e pressões externas, Moçambique permaneceu firme nos seus princípios fundadores”.

“Não herdámos instituições adaptáveis à situação do novo Estado independente. O que nos valeu foi a clareza que tínhamos dos nossos objetivos e a confiança da criatividade do nosso povo que acreditava que só a ele cabia a responsabilidade de construir e desenvolver o seu país”, disse Chissano.

“Hoje, após 50 anos, temos instituições democráticas, imprensa livre e liberdade de expressão, avanços económicos e sociais e uma juventude cada vez mais criativa, consciente e determinada a construir a independência económica do nosso país”, acrescentou.

Chissano sucedeu a Samora Machel, que proclamou a independência em 1975 e morreu num acidente aéreo em 1986, e foi também o primeiro Presidente da República de Moçambique eleito democraticamente, nas eleições multipartidárias de 1994.

Face aos novos desafios do país, Joaquim Chissano pediu aos jovens “um papel decisivo” no desenvolvimento do país, indicando que se devem associar aos instrumentos modernos, inovação científica, transformação digital, ética e cidadania como elos condutores para a conquista da independência económica.

“A juventude tem, portanto, hoje, por missão assumir, com responsabilidade, a tarefa de construir uma nação livre da pobreza e da ignorância e viver em paz consigo mesma. A paz conquistada através do Acordo Geral da Paz de 1992 é um bem precioso e sua preservação é essencial ao desenvolvimento, disse, pedindo esforços para a paz.

“A política deve ser instrumento de transformação (…) e o diálogo deve ser parte intrínseca da cultura da nossa nação para que possamos movermos sempre juntos para o mesmo objetivo, o progresso. Que a diversidade de ideias não seja um entrave à nossa marcha”, concluiu.

Joaquim Chissano, 85 anos, é o mais antigo dos três antigos Presidentes ainda vivos, e um dos presidentes honorários da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), movimento em que se envolveu, na guerrilha, desde 1963.

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