O partido alemão Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita está a caminho de se tornar o primeiro partido daquela área política a vencer uma eleição regional no país desde a Segunda Guerra Mundial. Sondagens à boca das urnas – as únicas que transmitem alguma confiança – mostram que é quase certa a vitória em várias regiões.
Os jornais germânicos afirmam que o AfD deve atingir 33,5% dos votos no Estado da Turíngia, confortavelmente à frente dos 24,5% dos conservadores. No vizinho Estado da Saxónia, os conservadores lideram com 32%, apenas meio ponto percentual à frente do AfD. A populista de esquerda Sahra Wagenknecht Alliance (BSW), que, como o AfD, exige controlos mais rígidos sobre a imigração e quer que a Alemanha acabe com o envio de armas para a Ucrânia, ficará em terceiro lugar em ambos os Estados, referem as mesmas fontes, embora tenha tido um desempenho significativamente inferior ao que estava previsto nas sondagens anteriores.
Faltando um ano para a eleição nacional da Alemanha, os resultados parecem punitivos para a coligação do chanceler Olaf Scholz, embora o ‘seu SPD pareça ter ultrapassado o limite de 5% para permanecer nos parlamentos de ambos os Estados. Mas os seus parceiros de coligação, os Verdes e os Democratas Livres, pareciam menos seguros de o conseguirem – o que, segundo os analistas, irá estragar ainda mais o entendimento federal, que passa por momentos de forte incerteza.
Recorde-se que todos os partidos, incluindo o BSW, se comprometeram a não permitir uma coligação do AfD, que consideram antidemocrático e extremista, o que pode afastar os radicais da possibilidade de governarem – tal como tem sucedido em vários outros países europeus – com especial significado político para o caso dos Países Baixos, onde o extremista Geert Wilders ganhou as eleições mas não conseguiu formar governo.
A Saxónia é o mais populoso dos antigos estados da Alemanha Oriental e tem sido um reduto conservador desde a reunificação. A Turíngia é mais rural e o único Estado atualmente liderado pelo partido de extrema esquerda Die Linke, sucessor do partido comunista da Alemanha Oriental.
Criado em 2013 como um grupo anti-euro, anti-Europa antes de se transformar num partido anti-imigração, o AfD obteve, para o Parlamento Europeu em junho, um recorde de 15,9% e saiu-se especialmente bem no leste da Alemanha, onde emergiu como uma das maiores forças políticas locais. Num post nas redes sociais, a co-líder da AfD, Alice Weidel, pediu aos eleitores que escolhessem a AfD para “não apenas mudar o futuro na Saxónia e na Turíngia, mas também para provocar uma reviravolta política em toda a Alemanha”.
O novo partido BSW também encontrou um público recetivo nos estados do leste pelas suas críticas ao governo da federação e à ajuda militar à Ucrânia. Fundado apenas em janeiro por Sahra Wagenknecht (depois que ter abandonado o Die Linke), o BSW faz uma estranha mistura entre pormenores de esquerda e de direita – o que, aparentemente, terá sido do agrado de muitos germânicos.
AfD e BSW juntos devem obter cerca de 40% a 50% dos votos nos dois Estados, em comparação com a margem de 23-27,5% ao nível nacional, expondo uma divisão que continua a existir entre a Alemanha Oriental e Ocidental, mais de 30 anos após a reunificação.
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