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Extrema-direita com forte crescimento nas eleições em Chipre

O partido conservador do Presidente Nikos Anastasiadis ganhou as eleições, com o segundo lugar ao centro esquerda. Tudo na mesma, se não fosse o fantasma do neo-nazismo.
31 Maio 2021, 17h40

Tal como afirmavam todas as sondagens, o partido conservador DISY, do Presidente Nikos Anastasiadis, ganhou as eleições legislativas deste domingo em Chipre, com 27,72% – acima do que estava previsto, com o segundo lugar a ser obtido pelo centro esquerda do AKEL, que obteve 22,33% dos votos. O DIKO, nacionalista ficou em terceiro com 11,31%.

Mas as sondagens não conseguiram antecipar tudo. Desde logo, avançavam a possibilidade de o diferencial entre os conservadores e o centro esquerda diminuir até aos mínimos (menos de dois pontos percentuais, mas a votação concreta desmentiu essa tendência e o ‘gap’ é de mais de cinco pontos.

Mas principalmente ninguém sinalizou o aumento da votação na extrema-direita: o partido ELAM aumentou em três pontos percentuais a votação que obteve em 2016, para atingir os 6,75%, tendo passado a barreira mínima dos 5% para entrar no Parlamento e ficando assim como quarta força política do país – empatado em percentagem, mas com mais alguns votos que o partido social-democrata EDEK.

O analista Francisco Seixas da Costa, em declarações ao Jornal Económico, chama a atenção que este partido não é só de extrema-direita, “é mesmo neo-nazi, oriundo do partido grego Aurora Dourada, que acabou por ser proibido”. Para o comentador, esta vitória dos neo-nazis – que viram a votação no partido aumentar quase 100% fica a dever-se “à enorme pressão dos imigrantes em Chipre”. Seixas da Costa recorda que – “e as pessoas na Europa não têm essa perceção” – Chipre é o país da União Europeia com mais pedidos de asilo per capita”.

O crescimento das alternativas de extrema-direita têm tido uma assinalável adesão um pouco por toda a Europa nos últimos anos, pelo que o exemplo de Chipre acaba por inscrever-se numa lógica transnacional que se observa em quase todos os países da União – e que na ilha terá com certeza uma forte capacidade de crescimento, dada pressão da imigração.

A participação nas eleições legislativas foi de 65,73%, ligeiramente abaixo da registada em 2016 (66,74%), mas longe dos 50% – barreira para que apontavam algumas sondagens, que indicavam que as camadas mais jovens de cipriotas estão cada vez mais distantes da política.

Os pouco mais de meio milhão de eleitores tinham à sua escolhe 21 partidos – a maioria deles não conseguiu ultrapassar a barreira dos 5% – para os 56 lugares cipriotas gregos do Parlamento – que tem 80 lugares, dos quais os restantes 24 se destinam aos cipriotas turcos, que nunca os preencheram.

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