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Almadesign já consegue faturar 65% em exportações

Em entrevista exclusiva ao Jornal Económico, José Rui Marcelino, o CEO da empresa especialista em ‘design’ de componentes para diversas áreas de atividade, como os transportes, revela detalhes sobre o projeto FLEXCRAFT, que será apresentado amanhã. E avança com outros desafios da empresa para o futuro.
27 Janeiro 2020, 08h12

Com 23 anos de história, a Almadesign é já uma referência da tecnologia de ponta em Portugal, em particular na conceção e no ‘design’ de componentes para diversas indústrias, como é o caso do setor dos transportes.

Um dos últimos projetos em que a empresa esteve envolvida foi o FLEXCRAFT, que nasceu do consórcio de que também fazem parte o INEGI, o IST, a SET.SA e a Embraer Portugal SA.

Amanhã, dia 28 de janeiro, pelas 15h30, terá lugar a cerimónia de encerramento deste projeto, no IST – Instituto Superior Técnico, em Lisboa, que pretende construir uma aeronave para um voo autónomo, flexível e modular.

Outro projeto em que a Almadesign está envolvida é o MODSEAT, em que a empresa convida o cliente a sentar-se, recostar-se e descansar no protótipo acabado do banco ferroviário do futuro para comboios regionais e intercidades.

O MODSEAT é um projeto inovador, modular, versátil e customizável, que utiliza novos processos e materiais para comboios da classe regional/intercidades. Esta é uma iniciativa totalmente portuguesa, que nasce de um consórcio liderado pela MCG e composto pela Almadesign, a ERT, o Instituto Superior Técnico e a SETsa S.A..

Em entrevista exclusiva ao Jornal Económico, o CEO da Almadesign, José Rui Marcelino, explica os detalhes deste e de outros projetos de vanguarda, fatores de sucesso que levaram a empresa a trabalhar com clientes de todo o mundo, desde Israel ao Canadá, do Brasil aos Estados Unidos, faturando 65% na vertente externa.

 

Quando e como surgiu a Almadesign e com que objetivos?

A Almadesign deve-se ao desafio lançado pela Salvador Caetano, ainda hoje um dos principais clientes nacionais da Almadesign, para desenhar uma carroçaria de turismo comemorativa dos 50 anos da empresa. Deste desafio nasceu o primeiro autocarro desenhado pela Almadesign, o ENIGMA, em 1997.  Após alguns meses de colaboração, com a crescente complexidade do trabalho, tornou-se evidente que seria impossível realizar projetos de ‘design’ de transportes em Portugal sem a criação de uma estrutura capaz de responder às solicitações dos clientes, levando à formação da Almadesign, agora com 23 anos de existência.

Como tem sido a evolução da empresa nos últimos anos, em particular no que respeita a volume de negócios, componente exportadora e número de empregados?

A evolução da Almadesign tem-se caracterizado por um crescimento gradual, muito sustentado quer ao nível do volume de negócios quer do número de colaboradores. Começámos a trabalhar em Portugal, mas em 2019 as exportações da empresa representam já 65%, com o maior crescimento da empresa a ser impulsionado pelo nível da relevância dos projetos realizados e do consequente reconhecimento internacional. Em 2019, a nossa faturação andou perto de 1,23 milhões de euros, mas é um valor que nada tem a ver com o FLEXCRAFT, que sozinho tem um investimento superior a três milhões de euros, dos quais o investimento da Almadesign em três anos é inferior a 10%.

Qual a estrutura acionista da empresa?

A empresa é uma sociedade limitada composta por um acionista com 90% e um sócio com 10%. A sociedade é composta em 90% por mim e em 10% por André Castro. Não há investidores [externos].

Qual a posição acionista da Almadesign no consórcio FLEXCRAFT?

O FLEXCRADFT é um projeto de I&D [Investigação & Desenvolvimento] financiado pelo Portugal 2020 e realizado em consórcio de cinco empresas, em que cada uma tem um peso proporcional ao investimento realizado – que no caso da Almadesign é de cerca de 10%. A PI [Propriedade Intelectual] gerada pelo projeto é dividida em iguais partes entre consorciados.

Qual o ponto da situação atual do projeto Flexcraft?

O projeto está neste momento a concluir os objetivos propostos para os três anos, que se cumprem em março de 2020. Os consorciados estão neste momento a equacionar os próximos passos de desenvolvimento para levar mais longe os resultados já alcançados.

Qual o investimento global previsto neste projeto e qual as partes que será garantida por financiamento de fundos comunitários?

O projeto é financiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização através Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. Os montantes envolvidos são: investimento total: 3,217 milhões de euros; investimento total elegível: 3217 milhões de euros; incentivo não reembolsável: 1,774 milhões de euros.

Quando está prevista a conclusão do FLEXCRAFT e o início da respetiva comercialização?

O projeto será apresentado publicamente no dia 28 de janeiro, mas a conclusão das atividades será celebrada com a apresentação do projeto na Aircraft Interiors, em Hamburgo, em abril de 2020. Os objetivos do projeto não prevêem a constituição de um produto comercializável. No entanto, os próximos passos referidos acima, têm em vista a aproximação das soluções desenvolvidas a uma futura comercialização ou aplicação em futuros produtos.

Quais deverão os clientes-tipo do Flexcraft?

A aeronave criada no FLEXCRAFT pretende responder a diferentes necessidades e mercados, desde serviços de logística, missões de busca e salvamento, transporte de passageiros em trajetos urbanos e suburbanos, entre outros.

Já existem encomendas para o FLEXCRAFT? se sim, de que valor, para que clientes e que mercados?

Tal como referido acima, o projeto não tem como objetivo a comercialização imediata de um produto. No entanto, existe já o interesse em levar o projeto mais próximo da comercialização e alguns clientes interessados em algumas das soluções já apresentadas, que têm migrado para outros projetos.

Quais as perspetivas de retorno financeiro que o FLEXCRAFT deverá proporcionar à Almadesign? 

O FLEXCRAFT permitirá à Almadesign adquirir competências para o desenho de interiores deste tipo de aeronaves, que constituem uma inovação no cenário da mobilidade global. É um excelente demonstrador que nos fez e fará chegar a clientes de áreas afins. Por outro lado, como membro do consórcio, a Almadesign também está interessada no desenvolvimento e exploração deste conceito de produto até à sua possível industrialização.

Quais são os outros projetos relevantes em que a Almadesign está a trabalhar ou pretende vir a participar?

Neste momento, a Almadesign está a trabalhar com diferentes clientes em diversas partes do mundo, no desenho de interiores de cabina e ‘cockpits’ de aviação, mas também no desenho de comboios, autocarros e embarcações. O sector dos transportes – aviação, ferroviário, rodoviário e náutico – continuam a ser o foco do trabalho desenvolvido na Almadesign.

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