As gravuras rupestres, a construção de uma barragem que nunca foi para a frente e uma cidade no interior de Portugal que está a enfrentar a desertificação populacional. Assim é a visão geral de Vila Nova de Foz Côa, no distrito da Guarda.
Em entrevista ao Jornal Económico, Gustavo Duarte, presidente da Câmara Municipal de Foz Côa, assumiu que “as autarquias são uma das pedras basilares do desenvolvimento local, pelo facto de terem a competência privilegiada de mobilizar os diversos agentes locais para os variados objetivos definidos para a região”.
Um dos desafios do município de Vila Nova de Foz Côa tem sido a perda de população, e por isso, Gustavo Duarte garante que é na “definição de estratégias coletivas, no planeamento e uma gestão rigorosa e sustentável, que é possível alterar o paradigma da competitividade de um território e torná-lo mais atrativo para a fixação populacional”.
Aposta no empreendedorismo
O autarca revelou que o município tem “apostado fortemente na promoção do empreendedorismo, nomeadamente para os mais jovens, na captação de investimentos, no rejuvenescimento do tecido empresarial agrícola, no incentivo ao consumo de proximidade, no potenciar da economia local com a dinamização de diversos eventos estruturantes”, ainda de apostar também no desenvolvimento de projetos e programas de sustentabilidade, na acessibilidade para todos e implementação de projetos pioneiros relacionados com saúde, áreas sociais e desporto.
Para combater este problema da desertificação, a autarquia aposta ainda no turismo que é cada vez mais uma realidade por causa das gravuras rupestres e do Alto Douro Vinhateiro. Depois do sucesso dos passadiços, Gustavo Duarte admite que os Passadiços do Côa estão para breve e servem para aproximar o turismo fluvial do Douro das artes rupestres do Parque Arqueológico e da antiga estação de caminhos-de-ferro do Côa, que “será alvo e requalificação, já havendo empresários interessados” na exploração.
Além da recuperação da linha férrea, a “histórica Casa dos Almeidas” também se encontra em reabilitação “para se converter num hotel rural de quatro estrelas”, sendo que o investimento ascende a dois milhões de euros. Aqui, esta recuperação pretende-se inserir “na estratégia de regeneração e reabilitação urbana de espaços e equipamentos públicos”.
Combater a sazonabilidade
O município promove diversos eventos para “combater a sazonalidade”, sendo que o presidente da Câmara Municipal explica que “estas linhas de ação são primordiais para tornar este território atrativo”, de forma a que conduza à fixação da população. Ainda assim, Gustavo Duarte admite que as “sinergias entre entidades locais e regionais não são suficientes” e acusa o Governo de ter “culpa nesta matéria”, porque “onde há poucas pessoas há pouco investimento público”.
Apesar de admitir que em Vila Nova de Foz Côa não fechou nenhum serviço público, Gustavo Duarte explica que a cidade não vive “apenas dos serviços públicos ou dos investimento de índole particular”, sendo que este investimento do Governo central “ainda não passou por estes territórios”, dando o exemplo das ligações ferroviárias com o restante país.
“Penso que o Estado tem de ser ainda mais interventivo nas políticas públicas de desenvolvimento do interior do país para que, no poder local, as iniciativas estejam em consonância e que se traduzam em reais alterações que tenham impacto na vida dos munícipes”, assume o autarca, sublinhando que “a verdadeira qualidade de vida está no interior”.
Ainda assim, o autarca sustenta que “serão poucos os concelhos do interior que têm conseguido atrair investimento nos seus territórios como o de Vila Nova de Foz Côa”. O concelho de Foz Côa tem apresentado grandes volumes de investimento públicos e privados “que atestam um crescimento muito positivo”. Nos últimos anos, o município investiu 30 milhões de euros enquanto o investimento privado atingiu os 60 milhões de euros.
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