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“Se fechassem o mercado europeu, Hollywood fechava”

Nesta conversa amena e descontraída, o cineasta António-Pedro Vasconcelos fala sobre a sua paixão pelos livros e pela pintura, a liberdade que viveu em Paris e a enorme dispersão de produção audiovisual, concluindo que “as séries são o futuro do audiovisual”. Pretexto para conhecer melhor um contador de histórias que não prescinde de ler a realidade e devorar a ficção.
Cristina Bernardo
7 Novembro 2021, 10h30

“A raça humana não pode suportar muita realidade”

Quem o escreveu foi T.S. Eliot. Quem o subscreve, agora e sempre, é António-Pedro Vasconcelos. Fala o amante de ficção, o devorador de livros. Ou melhor, e citando o próprio, o devorador de “romances. Depois vem o resto”.

Furtando uma conhecida frase, dir-se-ia que primeiro era o Verbo. Nada disso. Primeiro era a luz, pois quando queríamos passar a palavra ao autor de ensaios, essa faceta menos conhecida de António-Pedro Vasconcelos, que também responde pelas suas iniciais, APV, a luz intrometeu-se.

O Tejo, ao fundo, contemplou-nos e não tomou partido. Mas a luz, essa, não perdoou e impeliu-nos da varanda para o interior, em busca de sombra e recato. Sem nos apercebermos, a ação já se desenrolava na biblioteca da casa de APV, onde a penumbra levava a melhor sobre o sol de outono.

Somos recebidos por Mário Soares, em estado hilariante, e Júlio Pomar, sereno e de sorriso nos olhos. Noutra parede, um recorte chama também a atenção. Desta feita pelo pesar, pela angústia, pelo medo que nela paira. Homens, mulheres e crianças no mar, numa miserável balsa que ameaça afundar-se a qualquer instante.

“Guardei este recorte a propósito da história de um capitão que abandonou os passageiros e de eles sobreviverem no mar, porque me lembra um quadro famoso de Géricault, «Le radeau de la Méduse». Está a ver qual é? É igual!”

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