Nas estradas portuguesas ainda circulam 17 mil automóveis do grupo Volkswagen (VW) que têm instalado o software fraudulento que manipula as emissões poluentes. Dos 125 mil automóveis afetados pelo ‘dieselgate’ em Portugal, 85% já foram reparados pelas devidas marcas.
O balanço foi feito pelo Ministério da Economia ao Jornal Económico com base nos dados do Instituto de Mobilidade e de Transporte (IMT), a autoridade nacional competente na matéria, relativos ao último trimestre de 2018.
Entre as quatro marcas do grupo VW afetadas pelo ‘dieselgate’, a Audi é a que conta com a percentagem mais elevada de intervenções já realizadas no país (89,5%), seguida da Volkswagen (87,2%), da Seat (79%) e da Skoda (78,4%). Mas a Volkswagen foi a marca com mais automóveis afetados pelo escândalo da manipulação das emissões poluentes no mercado nacional (57.898 veículos), seguida da Audi (35.846), da Seat (23.188) e da Skoda (8.317).
Depois de a fraude ter sido revelada, em setembro de 2015, a Volkswagen foi atingida por várias multas e processos judiciais nos Estados Unidos e na Europa. Para pagar as multas, a companhia alemã colocou de lado um total de 25,8 mil milhões de euros.
Em relação a queixas dos clientes efetuadas após a reparação do software fraudulento, a SIVA importadora das marcas Volkswagen, Audi e Skoda, garante que o grau de satisfação dos seus clientes após a “intervenção é bastante elevado”. “O número de reclamações é residual e comprova-se que muitas delas não têm uma relação direta com a intervenção no software”, diz fonte oficial da SIVA ao Jornal Económico.
“O grupo Volkswagen sempre afirmou corroborado pelas autoridades alemãs dos transportes (KBA) que a intervenção não tinha efeitos negativos nem no consumo, nem nas emissões, nem no ruído dos motores afetados”, afirma a mesma fonte, sem quantificar o número de reclamações.
Já a Seat destaca que, “com base no feedback recebido até ao momento, as intervenções têm ocorrido com normalidade e a grande maioria dos clientes está satisfeita com a solução técnica implementada”. “Temos vindo a resolver a grande maioria das reclamações, com total satisfação dos nossos clientes”, segundo fonte oficial da Seat, que também não forneceu números sobre as reclamações.
Questionado em relação a queixas feitas por proprietários após a reparação do software fraudulento, o Ministério da Economia confirmou que no final de 2017 e início de 2018 “recebeu algumas reclamações e pedidos de informação que foram endereçadas aos representantes nacionais das marcas e ao IMT. A esmagadora maioria das reclamações questionava a obrigatoriedade da intervenção em Portugal e os seus efeitos negativos”. A tutela explica que, “no âmbito de uma ação conjunta europeia das autoridades nacionais, da qual a DGC fez parte”, ficou acordado com a Comissão Europeia “o compromisso de o grupo VW analisar e responder todas as reclamações recebidas”.
A Direção-Geral do Consumidor “recomenda que quaisquer reclamações referentes às intervenções efetuadas nas oficinas sejam sempre dirigidas às marcas”. A tutela diz que “tem feito o acompanhamento desta matéria, tendo as marcas manifestado e demonstrado os seus esforços para a concretização da chamada de todos os veículos”.
A SIVA estima que nunca irá reparar a totalidade dos automóveis afetados pelo ‘dieselgate’ em Portugal, pois calcula que cerca de 10% dos seus clientes não podem “ser contactados ou não realizariam a ação, apesar de ser obrigatória”.
Artigo publicado na edição 1971, de 11 de janeiro do Jornal Económico
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