Agora que temos uma visão sumária sobre o que é um family office e os seus vários tipos vamos desenvolver, ainda que de forma sucinta, as razões ou motivações que determinam a criação de um family office e a adopção, dentro deste conceito, de um modelo adequado a cada família e aos objectivos que entendam dever prosseguir.
Certamente que cada caso é um caso e as especificidades de cada família determinarão quer a instituição, quer o formato da organização que se cria para gerir a riqueza e outros assuntos da família.
É necessário, antes de mais, referir que a criação deste tipo de organização implica um prudente juízo prévio sobre a sua sustentabilidade. De facto, os custos associados, tendo em vista uma gestão profissional qualificada, a prestação de serviços a todos os membros da família e os custos inerentes à gestão dos activos, podem levar os instituidores a optar pelo recurso a um “multi family office”, ou seja, a uma organização que gere as questões financeiras de várias famílias.
Genericamente, julgo poder afirmar-se que todas as famílias são motivadas pela necessidade da sua preservação e unidade, pela preservação e engrandecimento do seu património. Consequentemente, são tais preocupações que se convertem, na sua concretização, nos objectivos essenciais.
Tendo em vista alcançar tais objectivos, os family offices desenvolvem um conjunto de actuações de que destacamos as seguintes:
- Assegurar a adequada separação entre a gestão da família, a gestão da riqueza e a gestão dos negócios da família, mitigando e separando o mais possível os riscos inerentes a cada uma delas.
- Criar um “território comum” a todos os membros da família que vá para além de cada actividade empresarial.
- Promover, de forma reservada aos membros da família, a gestão mais rentável dos activos, do mesmo passo que assegura a geração de liquidez e a adequada distribuição do retorno dos investimentos.
- Construir uma visão comum e um alinhamento de interesses quer quanto à gestão dos activos quer quanto aos princípios de Governance da família e dos negócios.
Desta forma se alcançará, de forma mais tranquila e transparente, a unidade da família e do seu património, razão última da criação de qualquer family office.
No próximo artigo voltaremos ao tema.
O autor escreve segundo a antiga ortografia.