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Farfetch. Confinamentos deverão disparar volume de negócios na plataforma digital

A tecnológica luso-britânica apresenta contas de 2020 esta quinta-feira, depois de vários trimestres de acumulação de prejuízos. Resta saber se poderá “dar-se ao luxo” de anunciar a rentabilidade operacional, mas a hipótese é alta, dado que no terceiro trimestre se caminhava a passos largos para o ‘breakeven’.
25 Fevereiro 2021, 07h48

Juntar mercado de luxo e tecnologia é receita que dificilmente dará para o torto em pleno confinamento por quase todo o mundo. A plataforma online de moda Farfetch publica esta quinta-feira os resultados do quarto trimestre de 2020 e, tendo em conta a tendência de digitalização das compras, deverá verificar-se uma nova subida das receitas e do volume de negócios do unicórnio fundado por José Neves.

Stephen Ju, analista do Credit Suisse, prevê que a Farfetch apresente bons números depois fecho do mercado e acredita que os primeiros seis meses de 2021 serão superlativos, mas a oportunidade real para a plataforma advém da sua integração na Tmall Luxury Pavilion da chinesa Alibaba, conforme escreveu numa nota de research.

As perdas, à semelhança do que tem vindo a acontecer, também deverão novamente atingir níveis recorde (só no terceiro trimestre foram de 798 milhões de dólares), o que provavelmente não assustará os investidores, que posto os olhos no EBITDA como percentagem das receitas. Porquê? É um negócio tecnológico de crescimento acelerado.

Dores de crescimento das quais padecem empresas no mesmo sector, como a Uber Technologies, que ainda em novembro divulgou perdas de 6,8 mil milhões de dólares (cerca de 5,6 mil milhões de euros) que não demoveram o diretor financeiro, Nelson Chai, de garantir que a plataforma de transporte continua “no bom caminho para atingir os seus objetivos” de rentabilidade até ao final deste ano.

Embora com parâmetros diferentes, com a Farfetch tem-se passado o mesmo – e Wall Street não mente: os prejuízos vão aumentando a cada novo relatório e contas da empresa e mesmo no aftermarket as ações disparam, nalguns trimestres na ordem dos 30%.

A primeira vez que se falou em rentabilidade nesta empresa luso-britânica foi em novembro de 2019. “A média dos analistas tem 2021 como o ano em que a Farfetch será rentável [ao nível do EBITDA ajustado] e o que dizemos é que eles estão corretos nessas estimativas. Neste momento é o comentário que fazemos e, portanto, consideramos perfeitamente realista esse cenário, sendo que não é uma guidance oficial da empresa”, referiu na altura o CEO, José Neves, ao Jornal Económico.

Resta saber se o aclamado breakeven chegará hoje, mas a hipótese é alta, dado que no terceiro trimestre se caminhava a passos largos para a rentabilidade operacional devido à melhoria nas margens.

As ações da Farfetch – que negoceiam no índice Nasdaq – fecharam a sessão desta quarta-feira em terreno positivo, com uma subida ligeira de 0,09% para 66,57 dólares, acompanhando o sentimento otimista do mercado norte-americano.

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