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Farfetch: como as ações dispararam de 20 para 32 dólares em dois dias

“Estes resultados merecem uma reflexão profunda, tendo em conta que a Farfetch é, ainda, uma empresa que não regista lucro”, esclarece a corretora Activotrade em análise ao desempenho da Farfetch.
  • Cristina Bernardo
25 Setembro 2018, 15h35

A Farfetch entrou a vender as suas ações, na Oferta Pública Inicial (IPO), ao preço inicial de 20 dólares/ação. A procura foi de tal forma elevada que, logo na primeira sessão (na passada sexta-feira), o valor disparou mais de 42 por cento, para os 28,45 dólares, resultado de um volume de transações superior a 25 milhões de ações. O final do dia de ontem, 24 de setembro, ficou marcado por uma nova subida, com as ações a crescerem mais 13 por cento, atingindo os 32,39 dólares, de acordo com a análise da corretora Activotrade.

O que esteve na génese desta evolução do preço das ações da Farfetch? Para a corretora, “estes resultados merecem uma reflexão profunda, tendo em conta que a Farfetch é, ainda, uma empresa que não regista lucro”. A Activotrade faz um exercício temporal e recua dois anos para perceber a evolução: “Se recuarmos até 2016, percebemos que a Farfetch faturou 242 milhões e registou perdas de 53 milhões. No ano seguinte, em 2017, faturou 386 milhões de dólares e teve um prejuízo de 58 milhões. Já nos primeiros seis meses deste ano, os prejuízos continuaram a aumentar – para 68 milhões de dólares, segundo um relatório da Bloomberg Intelligence – e isto apesar das vendas terem aumentado ainda mais: 268 milhões no primeiro semestre do ano, mais que em todo o ano de 2016”.

Tendo em conta este historial, e o facto de não serem esperados lucros antes de 2020, a euforia verificada em Bolsa fica a dever-se, na opinião da corretora, “única e exclusivamente, às expectativas elevadas que os investidores têm sobre o futuro desta empresa, principalmente porque neste momento se encontra muito mais cara que as restantes empresas do setor”. De acordo com Bruno Janeiro, analista da Activotrade, “o facto de a empresa ter sido colocada em Bolsa numa altura em que os mercados norte-americanos se encontram em máximos ajuda a que haja um sentimento de otimismo nesta operação”. “Trata-se, sem dúvida e na minha opinião, de uma jogada muito inteligente do português José Neves, fundador desta empresa”, conclui o analista.

 

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