[weglot_switcher]

Faria de Oliveira diz que relatório da EY é “descuidado” por falha na obtenção de informações

O antigo responsável pelo banco do Estado começou por acusar o relatório da EY de ser “enviesado, viciado e descuidado”. Entre outras acusações, Faria de Oliveira salientou que a consultora não obteve todas as informações pertinentes para produzir um relatório que não fosse descuidado.
Cristina Bernardo
3 Maio 2019, 15h05

Faria de Oliveira, atual líder da Associação Portuguesa de Bancos (APB) e antigo presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), entre 2008 e 2010, está a ser ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito à Recapitalização do banco público.

O antigo responsável pelo banco do Estado começou por acusar o relatório da EY de ser “enviesado, viciado e descuidado”. Entre outras acusações, Faria de Oliveira salientou que a consultora não obteve todas as informações pertinentes para produzir um relatório que não fosse descuidado. Por isso, frisou, o relatório que foi produzido e apresentado causou danos reputacionais e que condicionou o juízo de quem tem de proceder à apreciação do exercício dos gestores que estavam na CGD durante o período da análise pela consultora.

Por essas razões, o presidente da APB, afirmou que, a título pessoal, a audição desta tarde assume uma “importância extrema”.

Para o antigo presidente do banco do Estado, “estes vícios, evidentes a quem leu o relatório, vieram influenciar e enformar, de forma notória, quer o quadro mental e a percepção de quem tem de fazer a apreciação do exercício, quer as conclusões grosseiras e erradas que imediatamente qualquer um menos conhecedor do tema retira”.

Faria de Oliveira criticou o  relatório da EY, dizendo que se identificaram “dezenas de inconsistências e erros, detetados através da simples leitura e análise do documento. É um número muito elevado para um relatório proveniente de uma entidade com credibilidade como a EY, sobre um assunto da máxima seriedade”.

O relatório da EY peca por não distinguir “os diferentes mandatos ao longo do período em análise”, isto é, entre 2000 e 2015, e “não efetua o benchmarking face aos outros bancos”.

Sobre este ponto, Faria de Oliveira questionou quantos bancos portugueses, entre 2008 e 2010, “documentavam em ata a justificação de qualquer discrepância na decisão do Conselho de Crédito face ao parecer técnico da Direção de Risco?”

O então presidente da CGD salientou que, durante o triénio em que liderou o banco do Estado, “foram dados passos decisivos na adoção das melhores práticas de gestão de risco”.

Além disso, Faria de Oliveira revelou que só duas operações de concessão de crédito entre as 25 mais ruinosas identificadas pela EY tiveram origem durante o seu mandato, e que se trataram de “projetos de interesse nacional”, que foram “posteriormente afetados por fatores exógenos e inesperados, difíceis de prever à data de concessão do crédito”.

O presidente da APB frisou ainda que as operações problemáticas que tiveram origem antes de iniciar funções, isto é, antes de 2008, a equipa de administração que liderada “atuou de forma proativa de forma a reduzir a exposição, reforçar as garantias ou executá-las”.

Liderei uma equipa qualificada, com uma experiência de gestão empresarial média de 27 anos, de gestão bancária de 19 anos e com experiência profissional em mais de 10 países.

“Nos mandatos em que presidi ao Conselho de Administração da CGD, sempre foram seguidos e cumpridos escrupulosamente todos os normativos e regulamentações em vigor, tendo o órgão de administração e os seus gestores pugnado em todo o momento por uma gestão sã e prudente do maior banco português”, disse Faria de Oliveira.

O antigo presidente da CGD exonerou de quaisquer responsabilidades a equipa de administração que liderou, uma vez que cada um dos seus membros “cumpriu cabalmente, com diligência, com profissionalismo, com competência, com probidade e lealdade para com o acionista, os depositantes e os contribuintes, os deveres que nos foram cometidos. E, contrariamente ao que se tem feito crer, com resultados francamente positivos”.

(atualizada às 15h21)

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.