O sector metalúrgico e metalomecânico nacional vai aproximar-se, em termos de exportações e para o final do ano, da fasquia dos 20 mil milhões de euros, disse ao JE o vice-presidente executivo da AIMMAP – Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal, Rafael Campos Pereira. Este valor compara com o ano atípico de 2020, altura em que as exportações do sector não foram além dos 17,1 mil milhões, mas – e essa é a boa notícia – será muito provavelmente superior às exportações de 2019, que ascenderam aos 19,6 mil milhões de euros.
Segundo Rafael Campos Pereira, vale a pena enfatizar que os valores do ano em curso serão superiores aos de 2019, mas o certo é que 2020 “não foi um ano assim tão mau, dado que o sector, mais que conhecer um grande movimento de cancelamento de encomendas, passou por uma fase de cancelamento”. Aliás, disse, houve mesmo alguns subsectores que cresceram – no quadro de produções que não fecharam com a pandemia, como foram os casos dos utensílios domésticos e dos eletrodomésticos.
Certamente que, do outro lado, se registam subsectores que viram os seus volumes de negócios serem duramente atingidos pelas condições da pandemia. O mais importante deles, em termos de peso relativo, foi o dos componentes automóveis. Que, disse o vice-presidente executivo da AIMMAP, ainda não está de volta aos seus melhores dias: “não atingiremos definitivamente os 20 mil milhões de euros de exportações devido aos componentes automóveis”, sector em relação ao qual as perspetivas para 2022 se mantêm reservadas: “há cenários em todas as direções”. O cluster automóvel tem um peso variável entre os 25% e os 30% no quadro mais geral da metalurgia e metalomecânica – sendo que este ano tenderá a situar-se junto da barreira inferior daquele intervalo. Refira-se que o peso do sector nas exportações totais nacionais está próximo dos 30%.
Quanto aos desafios para o próximo ano, “temos o aumento do preço dos transportes e das matérias-primas, e a sua escassez, acompanhados pelo aumento do preço dos combustíveis, nomeadamente no que diz respeito ao gás e à eletricidade. Os danos para o sector em relação a este último custo só não são piores devido à compra em grupo que a metalurgia e metalomecânica pratica.
Por outro lado, disse ainda Rafael Campos Pereira, o sector tem vindo a repercutir estes aumentos nos preços praticados enquanto fornecedor. Para mais – e este é um dado importante em termos do nível de competitividade do sector nacional – estes aumentos são transversais a todos os mercados produtores, o que quer dizer que, pelo menos para já, “a competitividade internacional do sector nacional da metalurgia e metalomecânica não foi afetada. O vice-presidente executivo da associação deu mesmo o exemplo da Alemanha, onde os preços dos combustíveis têm disparado nas últimas semanas.
Enquanto a subida do preço da produção metalúrgica e metalomecânica não ‘afugentar’ os clientes, o atual momento do sector tem ainda outro benefício: com as receitas a aumentarem e o número de trabalhadores constante, a produtividade geral está a subir.
Resta saber durante quanto tempo será possível fazer esta operação – a de transferir custos para o cliente – sem que seja o próprio sector a sofrer as agruras do aumento da inflação. O mesmo poderão dizer os sectores que se encontram a jusante, que têm de pagar mais pelas encomendas.
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