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Fast forward, pause, rewind. O filme de Powell na Fed procura novo momento de pausa

Após três cortes sucessivos, o banco central dos Estados Unidos deverá manter a taxa de juro diretora inalterada. O foco deverá estar, portanto, na conferência de imprensa do ‘chairman’ Jerome Powell e nas pistas da Fed quanto ao rumo da política monetária em 2020.
11 Dezembro 2019, 08h00

Num bom guião, há momentos de ação, suspense, surpresa e pausa. Na história do protagonista Jerome Powell à frente da Reserva Federal (desde fevereiro de 2018), o primeiro ano foi de ação esperada, de um fast forward da federal funds rate em direção ao terreno natural, com quatro subidas.

No entanto, a escalada da guerra comercial forneceu um plot twist e o banco central foi obrigado primeiro a fazer uma pausa e depois uma espécie de rewind para a situação anormal, com cortes de 25 pontos base em cada uma das últimas três reuniões desenhados para proteger a economia dos riscos tectónicos criados pelo conflito aduaneiro com a China.

Agora, segundo a esmagadora maioria dos analistas, chegou a altura de fazer nova pausa e o Federal Open Market Committee (FMOC) deverá terminar a reunião de dois dias esta quarta-feira com o anúncio que irá manter a taxa de juro no intervalo de 1,50% a 1,75%.

Não são só os analistas, os operadores do mercado também concordam. Segundo o CME FedWatch Tool, que monitoriza a negociação dos futuros da taxa de juro, a probabilidade de uma manutenção da taxa de juro no nível atual é de 97,8%.

“Na última reunião, em outubro, quando fez o terceiro corte seguido, a Fed sinalizou que irá provavelmente pausar agora para analisar o impacto dessas medidas”, referiu Rhys Herbert, economista sénior do Lloyds Bank, recordando ainda que desde essa reunião vários membros do FOMC já reiteraram a mensagem.

Segundo James Knightley, economista-chefe internacional no banco de investimento ING, os dados divulgados sexta-feira passada sobre o emprego nos setores não-agrícolas “foram especialmente fortes”, com a criação de 266 mil postos de trabalho (o maior aumento em 10 meses), vieram apenas reforçar a probabilidade de a Fed manter a posição inalterada.

“Olhando para os últimos quatro meses, temos de reconhecer que os decisores fizeram um óptimo trabalho para acalmar o que a certa altura era um ambiente muito febril”, salientou.

Mapa de pontos indica o caminho

Em contraste, a cena do guião da reunião que termina esta quarta-feira deverá provocar pouco suspense. “No que deverá ser um anúncio bastante aborrecido, o ponto de interesse poderá ser o novo dot plot“, explicou Rhys Herbert, do Lloyds.

Esse gráfico, ou mapa de pontos, mostra as previsões das taxas de juros feitas pelos membros do Comité e deverá ajudar a ter uma ideia sobre onde a federal funds rate irá estar no final de 2020. A maioria dos analistas prevê um ou dois cortes no próximo ano.

Herbert referiu que o mercado prevê que as primeiras duas reuniões deverão ser de manutenção da taxa de juro, com o primeiro corte a surgir na primavera. “De forma geral, o mercado acredita que a Fed está em modo de pausa por agora, mas que essa pausa será temporária e que terá a prazo de cortar de novo”, explicou, adiantando que essa posição poderá mudar se os Estados Unidos e a China chegarem a uma trégua na guerra comercial”.

Os analistas BiG – Banco de Investimento Global acreditam, no entanto, que há uma grande probabilidade de a Fed manter a taxa de juro no intervalo atual durante 2020. “O que suporta esta crença é o facto de a economia americana continuar a mostrar resiliência, muito por parte do setor dos serviços, com uma taxa de desemprego a níveis de pleno emprego e com tendência para continuar a diminuir , o que poderá criar inflação”.

O dot plot será baseado em novas projeções económicas que também serão divulgadas esta quarta-feira. Não se esperam grandes alterações, também a este nível, com o ING a prever que a Fed mantenha as projeções de crescimento divulgadas em setembro, ou seja, de expansões de 2,2% este ano, 2% em 2020, 1,9% em 2021 e 1,8% em 2022.

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