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“Favor a alguém que está a braços com a justiça”. As reações à presença de António Costa na comissão de honra de Luís Filipe Vieira

Rui Rio, presidente do PSD e Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda e André Silva, líder do PAN foram os únicos líderes políticos a reagir à inclusão de António Costa na comissão de honra. Tons foram de crítica ao primeiro-ministro.
  • As campanhas eleitorais são cansativas. Que o diga António Costa, que teve que redefinir a agenda devido a “dores musculares nas costas”.
13 Setembro 2020, 09h23

O primeiro-ministro e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa vão integrar a comissão de honra de recandidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica, avançou este sábado o jornal “Expresso”.

A lista contém mais de 500 nomes de várias áreas e diversos quadrantes políticos: o antigo ministro da Administração Interna de um Governo PS, Rui Pereira; o deputado do PSD, Duarte Pacheco; o deputado do CDS, Telmo Correia; o presidente do Câmara Municipal do Seixal pela CDU, Joaquim Santos; António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal,

Ao jornal Expresso, o gabinete do primeiro-ministro aponta que o apoio é enquanto sócio do SL Benfica e não como primeiro-ministro. Também o gabinete do autarca de Lisboa destaca que o apoio é como sócio.

Rui Rio, presidente do PSD e Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda e André Silva, líder do PAN foram os únicos líderes políticos a reagir à inclusão de António Costa na comissão de honra. Tons foram de crítica ao primeiro-ministro.

 

“Mistura entre política e futebol? Sempre achei mal a mistura”

O líder do PSD, Rui Rio, demarcou-se este sábado do primeiro-ministro e do presidente da Câmara de Lisboa, António Costa e Fernando Medina, por integrarem a comissão de honra da recandidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica.

“O futebol é acima de tudo emoção e a política acima de tudo tem de ser racionalidade”, defendeu Rui Rio, questionado sobre o assunto pelos jornalistas, em Coimbra.

Para Rio, a ação política “não deve ser ditada por imperativos de ordem emocional ou de simpatia clubística”.

“Eu sempre achei mal a mistura entre a política e o futebol profissional” respondeu, remetendo para o tempo em que liderou a Câmara Municipal do Porto, quando, devido à sua posição, várias vezes esteve envolvido em polémica com o presidente do Futebol Clube do Porto, Pinto da Costa.

Salientando que “hoje até há problemas quase de ordem judicial metidos nisto”, o presidente do PSD recordou que tem essa posição “há muito anos”.

“Quando nós estamos em cargos políticos de algum relevo, de um modo geral, devemo-nos abster de misturar estas coisas”, acentuou.

Criticando António Costa e Fernando Medina, sem mencionar os seus nomes, Rui Rio afirmou: “Digo que sou adepto de um clube com muitos adeptos e, portanto, fico um bocadinho em posição de vantagem” relativamente a um clube com menos apoiantes.

 

“Não pode existir cumplicidade”

A coordenadora do Bloco de Esquerda criticou António Costa este sábado por integrar a comissão de honra da recandidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica, defendendo que “não pode existir cumplicidade entre a política e os negócios”.

“Saber hoje que o primeiro-ministro acha normal fazer parte de uma comissão de honra de alguém que é dos maiores devedores do Novo Banco e que está implicado no problema do BES (Banco Espírito Santo) não fica bem”, afirmou Catarina Martins.

A líder bloquista, que falava esta tarde em Almada, no distrito de Setúbal, durante uma sessão de ‘rentrée’ do partido, admitiu que as paixões de futebol e outras são todas humanas e aceitáveis”, mas ressalvou que “ao primeiro-ministro aquilo que se pede é o dever de reserva”.

“Nada pode ser como antes e a cumplicidade entre a política e os negócios não pode ser aceite neste país”, vincou.

 

“Nada a ver com a vida política”

A finalizar o dia em que foi conhecida a polémica, António Costa rejeitou comentar a sua inclusão na comissão de honra da recandidatura do presidente benfiquista, Luís Filipe Vieira, argumentando que é matéria extra vida política.

“Não vou fazer nenhum comentário sobre um assunto que não tem rigorosamente nada a ver com a vida política nem com as funções que exerço ou exerci”, afirmou António Costa.

O também primeiro-ministro respondia a questões dos jornalistas após discursar no encerramento do XIX Congresso da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS, no pavilhão Paz e Amizade, em Loures.

“A liberdade de expressão é, felizmente, algo que existe em Portugal. Da minha parte, não faço nenhum comentário, não tenho nada a dizer sobre uma matéria que não tem rigorosamente nada a ver”, concluiu.

 

“Favor a alguém que está a braços com a justiça”

O Partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) veio hoje a público criticar o primeiro-ministro por integrar a comissão de honra de Luís Filipe Vieira para as eleições presidenciais do Sport Lisboa e Benfica.

“No caso do apoio de António Costa a Luís Filipe Vieira, para além dos óbvios problemas éticos já assinalados, temos um posicionamento a favor de alguém que está a braços com a justiça em casos de corrupção, fraude fiscal, lavagem de dinheiro ou de recebimento indevido de vantagem, e que até aos prejuízos do Novo Banco e da Caixa Geral de Depósitos estará ligado”, disse hoje o líder do PAN.

“Não haveria mal nenhum que Costa viesse a público defender a presunção de inocência de Luís Filipe Vieira, o problema é que com este gesto público de apoio inequívoco está a dar um certificado de honra, de credibilidade e de probidade a alguém que já deu várias provas de que não é merecedor de tal certificado”, segundo André Silva.

 

 

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