As empresas alemãs enfrentam um “grande risco” ao investirem na China, avisou o principal candidato ao cargo de chanceler após as legislativas antecipadas marcadas para este ano, Friedrich Merz. Berlim não ajudará em caso de eventuais perdas nestes negócios, continuou, descrevendo a segunda maior economia do mundo como uma “autocracia”.
“Devo dizer a todos os representantes da economia alemã: investir na China é uma decisão envolta em risco”, alertou Merz esta quinta-feira, pedindo às empresas germânicas que “limitem o risco” a que se expõem naquele mercado asiático. O líder da CDU, que lidera as sondagens para o cargo mais alto do Governo alemão, argumentou ainda que Pequim não segue as normas definidas pelo Ocidente para a diplomacia internacional.
“Devem esperar disrupções se tomarem este risco. […] Se o tomarem e tiverem de se desfazerem desses investimentos passado um ano, por favor, não venham, em circunstância alguma, ao Estado pedir ajuda”, prosseguiu.
Recorde-se que várias empresas alemãs, sobretudo as ligadas ao sector automóvel, têm grandes investimentos na China, além da importância das exportações para este mercado. De todo o investimento direto estrangeiro (IDE) da UE na China, 57% era de origem alemã em 2024 – uma descida assinalável em relação aos 71% de 2022, espelhando bem a importância das relações entre os dois países.
Mais, o IDE alemão na China subiu de forma assinalável na primeira metade de 2024, disparando mais de 12% para 7,3 mil milhões de euros apesar dos avisos do governo germânico sobre possíveis implicações na segurança económica do país, segundo dados do banco central citados pelo ‘Finacial Times’.
Apesar de ultrapassarem os 100 mil milhões de euros em 2023, as exportações da Alemanha para a China têm vindo a cair há dois anos consecutivos, revelando também menor peso no total exportado pelo gigante industrial europeu. As dificuldades económicas em ambos os países contribuem para esta evolução, com os consumidores chineses mais inclinados para a poupança e com consumo de bens duradouros (as principais exportações alemãs) mais fraco, enquanto a indústria alemã enfrenta uma longa recessão causada por anos de desinvestimento e um modelo ultrapassado.
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