… é arte em gestão de empresas e uma atitude em liderança.
Ameaça tem conotação negativa e oportunidade conotação positiva. Assim tende a ser mas na prática pode tornar-se muito diferente. Uma ameaça quando bem aceite pode ser algo muito positivo e uma oportunidade quando desperdiçada é algo bastante negativo.
Em termos de gestão de empresas esta relação entre as ameaças e as oportunidades é uma constante e as pessoas têm de estar permanentemente atentas porque a vida da empresa não pode, definitivamente, ancorar nas ameaças. As ameaças são apenas um sinal de que há uma potencial evolução a fazer, ou seja, há algures uma oportunidade que este “sinal de ação” deixa antever. É preciso aceitar as coisas como elas são, como se nos apresentam, e transpor essa realidade. É uma forma de construir o futuro. É uma atitude.
Gerir ameaças e oportunidades é um assunto muito sério, acima de tudo pela incerteza e mudança que daí pode advir para o dia a dia da empresa. Pode consumir tempo, energia, criar desmotivação e maus resultados. É um tema complexo que exige muita assertividade. Por essa razão, partilho o que durante anos me norteou sempre que me debatia com situações ameaçadoras, como um guia para a transposição da ameaça.
A ameaça – pode vir de todo o lado, desde logo internamente por razões laborais, questões técnicas, défice organizativo ou más decisões de gestão. Externamente o panorama ainda é mais amplo dada a dimensão dos mercados, clientes e produtos, ou por algum fenómeno conjuntural, nacional ou internacional. As ameaças surgem de qualquer direção e a qualquer tempo, dando a ideia de têm “passe livre para entrar numa empresa”.
O tempo – gasto na perceção da ameaça e na sua análise. O tempo que se leva a perceber que se está perante uma ameaça. A proximidade do muro, ou mesmo do abismo, sem a noção do mesmo, pode ser catastrófico. É necessário perceber rapidamente que se está perante uma ameaça e gastar o tempo justo, o tempo útil na sua apreciação, no seu diagnóstico. O tempo empresarial é crucial e não se pode ficar indefinidamente à volta do problema ou da incerteza da solução. É melhor uma decisão de aplicabilidade dúbia que uma não decisão.
As pessoas – certas nas funções certas, uma vez tomada a decisão sobre o caminho a fazer, e assim garantir que o que tiver que acontecer vai mesmo acontecer. São as pessoas certas nas funções certas que fazem acontecer as coisas. As decisões tomadas convertem-se em soluções adequadas e oportunas se existir a “atitude do fazer acontecer”. São muitas as vezes em que as decisões se tomam mas nada sucede. Era para ser, mas…
O detalhe – é a liderança. Não se fazem omeletes sem ovos e liderar, coragem para decidir em tempos de incerteza, é um detalhe em todo este processo transformacional. É missão de alguns. Por vezes estes líderes são difíceis de encontrar, mas existem, mesmo dentro da própria organização. Estas pessoas especiais existem só que a organização desconhece, parece que não as tem, mas uma boa gestão das ameaças são oportunidades para muitos quadros. Estes momentos permitam revelações que em velocidade de cruzeiro não seria possível descobrir, contudo, é preciso lucidez para os ver e coragem para os potenciar.
Ameaças são oportunidades, para todos, sempre e quanto a organização tenha maturidade para lidar com este fenómeno como natural e de riqueza evolutiva.