Participei em duas Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) – Paris, em 1997, e Roma, em 2000 –, mas a minha primeira experiência em eventos católicos internacionais foi em 1995, quando o Papa João Paulo II convocou os jovens europeus para um encontro intitulado EurHope, em Loreto, Itália.

Por aquela altura a Europa vivia a guerra nos Balcãs e foi a primeira vez, tinha eu 16 anos e a juventude despreocupada do Portugal dos anos 90, que a guerra me apareceu real, no rosto dos peregrinos vindos das zonas em conflito, com quem e por quem rezámos em conjunto com o Papa durante a vigília. Foi aí que, pela primeira vez, encontrei atualidade no desejo de paz para a Europa.

Depois disso, as JMJ em que participei ajudaram-me a verificar que a Igreja é, de facto, católica (do grego “katholikós”: universal). As JMJ atravessam já três pontificados e três gerações (uma vez que muitos dos pioneiros, os jovens das primeiras jornadas da década de 80, já serão sexagenários).

A proposta feita aos milhões de jovens que participaram, de todos os cantos do mundo, e que tem o método e o estilo próprios da juventude – muita festa e alegria – é exigente: vencer a mediocridade e a vida sem sentido que é oferecida pelo relativismo, aderindo ao apelo do seu coração em busca do Bem, do Belo e da Verdade.

Não deixa de ser curioso como, num tempo de indiferença e de culto da imagem e do efémero, milhões de jovens procuram e são atraídos por esta exigência que lhes chega, não dos gritos de uma estrela de rock ou de um ativista político, mas da voz de um Papa octogenário. Uma exigência que é elevada e se orienta para uma vida plena, na eternidade, mas que apela à razão e compromete com o futuro aqui na Terra.

Não por acaso, o programa do Papa em Lisboa inclui uma visita à Universidade Católica para se encontrar com universitários, porque a busca pela Verdade pressupõe a ciência e a investigação.

Mas esse caminho também é feito no concreto (como lembrava o Papa na audiência que concedeu à UCP em 2017) e, em Portugal, tem sido também a partir das Universidades que milhares de jovens têm feito experiência de missão e serviço, colocando-se todos os anos, durante uma semana, ao dispor das populações mais isoladas na experiência das Missões Universitárias, que tão bem concretizam a cultura do cuidado que marca o pontificado de Francisco.

Não é possível separar a vida de Fé desta interpelação à razão e à ação. Que a experiência das Jornadas comprometa os jovens na construção da civilização do amor e que, com o seu dinamismo e criatividade, possam regressar às suas vidas dispostos a ser o fermento no meio da massa.