O filme francês “Emilia Pérez” e o épico americano “O Brutalista” dominaram as categorias de Cinema, enquanto os favoritos “Shōgun” e “Baby Reindeer” venceram nos prémios de TV. Mas não poderiam faltar surpresas e, nesta matéria, a atriz brasileira Fernanda Torres fez o pleno.
Os Globos de Ouro, iniciativa da Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood, raramente estão isentos de surpresas e a edição de 2025 fez jus à irreverência e arrojo dos prémios, até porque a atriz brasileira Fernanda Torres não partia em vantagem, mas acabou por ser ela a vencer o galardão de Melhor Atriz em Drama, destronando Nicole Kidman, que era dada como favorita. Demi Moore foi outra das surpresas da noite, ao vencer o seu primeiro prémio da indústria aos 62 anos.
Na hora de receber o prémio, Fernanda Torres declarou, emocionada, que “foi um ano incrível para performances femininas”. Uma homenagem às atrizes que com ela disputavam o prémio: Pamela Anderson (The Last Showgirl), Angelina Jolie (Maria Callas), Nicole Kidman (Babygirl), Tilda Swinton (O quarto ao lado) e Kate Winslet (Lee).
Há 25 anos, Fernanda Montenegro, mãe de Torres, também subira ao palco dos Globos de Ouro, nomeada pelo filme “Central do Brasil”, também realizado por Walter Moreira Salles, o cineasta de “Ainda Estou Aqui”, nomeado para melhor filme em língua estrangeira nos Globos. “Eu quero dedicar esse prémio a minha mãe (Fernanda Montenegro) que esteve aqui há 25 anos”, declarou Torres, a primeira atriz brasileira a levar um Globo de Ouro para casa.
A 82.ª edição destes galardões, decorrida durante esta madrugada em Los Angeles desfez o suspense quanto aos potenciais vencedores, visto não haver um líder claro dentre os favoritos, Emilia Pérez, O Brutalista, Anora e Conclave a tentarem emergir como favoritos, mesmo que não tenha havido um líder claro. Mas rapidamente as quatro vitórias – Melhor Filme (Comédia ou Musical), Melhor Filme (Língua Não-Inglesa), Melhor Atriz Secundária (Zoe Saldana ) e Melhor Canção – do filme realizador francês Jacques Audiard revelaram que Emilia Pérez estava imparável. , do realizador francês Jacques Audiard. Um musical de gangsters trans que decorre no México, à mistura com cartéis e coreografias exuberantes atestou a verve “inesperada” destes galardões.
Audiard não deixou escapar a ocasião para passar uma mensagem. “Nestes tempos conturbados, espero que Emilia Pérez seja um farol de luz para aqueles de nós que não têm a sorte de contar entre os seus amigos com uma mulher tão poderosa e apaixonada como Karla Sofía Gascón”, e dedicou o prémio a todos os que estão preocupados com o futuro e com o que será 2025, exortando-os a continuar a lutar pelos seus direitos.
O filme O Brutalista, de Brady Corbet, venceu em três categorias principais – Melhor Filme (Drama), Melhor Realizador e Melhor Ator (Adrian Brody). Corbet derrotou os favoritos Jacques Audiard, Sean Baker e Coralie Fargeat na categoria de Melhor Realizador pelo seu drama histórico épico, que em 2024 já impressionara Veneza e se apresenta como um dos favoritos para os Óscares.
De destacar também a vitória de Demi Moore – Melhor Atriz num Filme (Comédia ou Musical) – pela sua atuação em A Substância de Coralie Fargeat. O filme marcou o regresso de Moore, que foi um dos maiores sucessos de bilheteira dos anos 90, mas que disse não estar habituada a ganhar prémios pelo seu trabalho. “Há trinta anos, um produtor disse-me que eu era uma atriz pipoca e, nessa altura, entendi que isso não era algo que me fosse permitido. Que eu podia fazer filmes de sucesso e ganhar muito dinheiro, mas que não podia ser reconhecida”.
Sebastian Stan ganhou por A Different Man, que também lhe valeu o Urso de Ouro para Melhor Ator na Berlinale do ano passado. “A nossa ignorância e desconforto em relação à deficiência tem de acabar agora”, disse Stan, uma vez que o filme trata de desfiguração física. “São temas difíceis, mas estes filmes são reais e os seus temas são importantes”.
Premiados em televisão e streaming não foram tão surpreendentes
Shōgun, uma saga histórica ambientada no Japão feudal que se tornou um sucesso de streaming para a FX e a Hulu, dominou os prémios de televisão, obtendo quatro prémios, incluindo o de melhor drama televisivo. Baby Reindeer, o olhar semiautobiográfico de Richard Gadd sobre a sua experiência com uma perseguidora, foi nomeada melhor série limitada, antologia ou filme para televisão, uma das duas distinções atribuídas ao programa da Netflix. Hacks, a história de uma lenda do stand-up e do seu prodígio, foi outra dupla vencedora, tendo recebido o prémio de melhor série de televisão – musical ou comédia.
Cinema
Melhor filme – drama
O Brutalista
Adrien Brody, O Brutalista
Melhor atriz – drama
Fernanda Torres, Ainda Estou Aqui
Melhor filme – comédia ou musical
Emília Pérez
Melhor ator – comédia ou musical
Sebastian Stan, A Different Man
Melhor atriz – comédia ou musical
Demi Moore, A Substância
Melhor ator secundário
Kieran Culkin, A Verdadeira Dor
Melhor atriz secundária
Zoe Saldaña, Emília Pérez
Melhor realização
Brady Corbet, O Brutalista
Melhor argumento
Conclave
Melhor filme estrangeiro
Emília Pérez
Melhor filme de animação
Flow, Gints Zilbalodis
Conquista cinematográfica e de bilheteira
Wicked
Melhor banda sonora original
Trent Reznor e Atticus Ross, Challengers
Melhor canção original
El Mal, interpretada por Zoe Saldaña, em Emilia Pérez
Televisão
Melhor série – drama
Shōgun
Melhor ator em série – drama
Hiroyuki Sanada, Shōgun
Melhor atriz em série – drama
Anna Sawai, Shōgun
Melhor série de comédia ou musical
Hacks
Melhor ator em série de comédia ou musical
Jeremy Allen White, The Bear
Melhor atriz em série de comédia ou musical
Jean Smart, Hacks
Melhor telefilme, antologia ou minissérie
Baby Reindeer
Melhor ator em telefilme, antologia ou minissérie
Colin Farrell, The Penguin
Melhor atriz em telefilme, antologia ou minissérie
Jodie Foster, True Detective: Night Country
Melhor ator secundário
Tadanobu Asano, Shōgun
Melhor atriz secundária
Jessica Gunning, Baby Reindeer
Melhor performance em programa de comédia stand-up
Ali Wong em Ali Wong: Single Lady
Melhor Realização
Brady Corbet, “O Brutalista”
Melhor Argumento
Peter Straughan, “Conclave”
Melhor Filme Dramático
“O Brutalista”
Melhor Atriz em Filme Dramático
Fernanda Torres, “Ainda Estou Aqui”
Melhor Ator em Filme Dramático
Adrien Brody, “O Brutalista”
Melhor Atriz Secundária em Filme
Zoe Saldaña, “Emilia Pérez”
Melhor Ator Secundário em Filme
Kieran Culkin, “A Verdadeira Dor”
Melhor Filme Musical ou Comédia
“Emilia Pérez”
Melhor Atriz em Filme musical ou comédia
Demi Moore, “A Substância”
Melhor Ator em Filme musical ou comédia
Sebastian Stan, “A Different Man”
Melhor Filme de Animação
“Flow”, Gints Zilbalodis
Melhor Filme em Língua Estrangeira
“Emilia Pérez”, França
Melhor Canção Original
“El Mal”, interpretada por Zoe Saldaña, “Emilia Pérez”
Melhor Banda Sonora
Trent Reznor e Atticus Ross, “Challengers”
Conquista cinemática e de bilheteira
“Wicked”