O advogado e comentador político Francisco Mendes da Silva, que chegou a liderar a distrital de Viseu dos centristas, anunciou nesta sexta-feira que se desfiliou do CDS-PP, a que estava ligado há mais de 25 anos, por considerar que o partido deixou de representar os seus princípios políticos. Essa decisão levou-o ainda a renunciar ao mandato na Assembleia Municipal de Viseu, para a qual foi o único eleito dos centristas.
Próximo de Adolfo Mesquita Nunes e apoiante de João Almeida no congresso de janeiro de 2020 que terminou com a eleição de Francisco Rodrigues dos Santos para a presidência do CDS-PP, Mendes da Silva escreveu nas redes sociais que a saída foi “uma decisão natural” resultante da reflexão sobre as suas posições políticas, a sua relação com o partido e com as obrigações da vida partidária.
“Não saio desiludido nem em conflito pessoal com quem quer que seja. Saio por falta de predisposição para o envolvimento partidário ativo, nesta fase da minha vida, e por progressiva convicção de que o CDS deixou de querer ser um instrumento relevante e autónomo, dinâmico e moderno – e o mais representativo possível – dos princípios políticos que defendo. Não saio por ter deixado de acreditar no que há muito acredito; saio porque, acreditando no que acredito, sinto que deixei de ser útil no – e ao – CDS”, escreveu, acrescentando que permanecerá “politicamente desperto” e a sujeitar as suas ideias “ao teste, impiedoso mas estimulante, do debate livre e democrático”.
Eleito presidente da comissão política distrital de Viseu do CDS-PP em 2019, sucedendo ao ex-deputado Hélder Amaral, de quem era vice-presidente, Francisco Mendes da Silva apresentou a demissão do cargo em outubro de 2020, num clima de “desconsideração grave” por parte da direção nacional de Francisco Rodrigues dos Santos que conduzira à demissão dos vice-presidentes e vogais desse órgão do partido.
Mais recentemente, num artigo que escreveu para o “Público” sobre as intervenções dos líderes dos partidos de centro-direita e direita na convenção do Movimento Europa e Liberdade, Mendes da Silva foi particularmente cáustico com o presidente do seu partido: “Rodrigues dos Santos repetiu ipsis verbis, pela milésima vez, os seus chavões enfáticos contra a ‘direita envergonhada’. É líder do CDS há ano e meio e ainda não conseguiu colocar o país a discutir uma única ideia. O que define e distingue hoje o CDS? Ser de direita e dizê-lo aos berros.”
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