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Ferrero quer continuar a crescer a dois dígitos em Portugal e faz aposta forte nos gelados

O grupo Ferrero é responsável pelas maiores marcas de chocolate do mundo. O country manager da mestre da indústria chocolateira italiana em Portugal diz ao Jornal Económico que há novas categorias que têm vindo a reportar crescimento e que a Ferrero tem apostado, entre as quais os gelados.
Cristina Bernardo
3 Julho 2024, 17h18

Uma das empresas familiares mais apetecíveis do mundo. Assim podemos descrever a italiana Ferrero, responsáveis pela mestria do chocolate e por algumas das marcas mais famosas do mercado.

O Jornal Económico falou com Francesco Busdraghi, country manager do grupo Ferrero em Portugal, para saber como o país se comporta dentro do mercado ibérico e quais as apostas que têm sido feitas ao longo dos últimos anos. Na conversa houve ainda espaço para perceber como é que uma empresa que trabalha diariamente com chocolate, lida com o aumento do preço do cacau perante as adversidades climáticas.

Com a preparação de uma nova época festiva em andamento, este responsável assume, sem surpresa, que “[Ferrero] Rocher foi o rei da campanha de Natal”, o que permitiu que “mantivéssemos a nossa quota de mercado”.

“No fundo, somos líderes de mercado na indústria do chocolate”, destacou. Numa análise ao mercado, referiu ao JE que as prateleiras dos supermercados estão recheadas de artigos produzidos pelo grupo, como Kinder, Nutella, Raffaello e a própria Ferrero Rocher.

“Quando somos líderes de mercado, e há um ambiente competitivo desafiante, não é garantido que consigamos manter a quota de mercado. Fomos a empresa que, pelo terceiro ano consecutivo, contribuiu em valor absoluto para o crescimento da categoria dos chocolates”, evidencia Francesco, notando um forte sentimento de orgulho na empresa para a qual trabalha desde 2017.

Apesar da concorrência ser uma constante preocupação, para não se deixarem ultrapassar, o country manager para Portugal admite que o tópico da inflação tem sido muito mais preocupante, tal como a subida “vertiginosa” do preço do cacau. O facto da Ferrero ser uma empresa familiar e não estar a olhar para a sua abertura ao público, faz com que tenha um olhar “mais de longo prazo e não necessariamente para o lucro por ação ou focar tempo na call semanal com analistas”.

Ainda assim, o que significa estar de olho da inflação para uma empresa como a Ferrero? Significa acompanhar atentamente o preço da matéria-prima, que é o cacau. “O preço da matéria-prima vai aumentar significativamente, e essa é uma certeza que temos porque vamos acompanhando o mercado”.

“Num período de cinco anos, o preço do cacau teve um aumento massivo, e isso está interligado com o aquecimento global”. No entanto, e mesmo sabendo que esse aumento se vai repercutir nas contas, “estamos a aplicar um aumento muito mais moderado nos nossos produtos finais. Atualmente somos os players que menos aumentaram os preços”, garante Francesco Busdraghi ao JE.

Esta é, segundo o responsável em território nacional, uma forma da chocolateira proteger o seu próprio ecossistema, manter consumidores e defender a sua quota de mercado.

De que forma a Ferrero protege a sua quota?

Com a família Ferrero dedicada à mestria chocolateira desde 1946, o grupo soma 35 marcas vendidas em mais de 170 países. Atualmente, está dividida em sub-categorias, avançando para novos segmentos à medida que o mercado pede, como por exemplo praliné (Rocher, Mon Chéri), snacks doces (Kinder Bueno), ovos (Kinder Surpresa, Kinder Joy), pastelitos (Kinder Delice).

A melhor surpresa? “Entrámos recentemente em novas categorias. Como podem imaginar, o Natal é muito relevante para nós como negócio, mas decidimos entrar no segmento das bolachas e estamos a entrar nos gelados”.

Assim sendo, a Ferrero já é um player muito maior do que o chocolate, jogando agora em toda a liga do doce. “Se considerarmos apenas o ambiente chocolateiro, temos uma quota de 28%, de acordo com os últimos dados da Nielsen”.

Mas o country manager assegura que este valor varia consoante as categorias onde a Ferrero opera. “Na Nutella, por exemplo, temos uma quota mais elevada, enquanto nos pralinés é outra quota”. Um dos maiores concorrentes atualmente para esta empresa é, segundo o próprio responsável, a chamada marca branca.

Crescimento sustentável

“Temos verificado um crescimento positivo. O ano passado encerrámos com um crescimento de 16% em comparação com o ano anterior”, adianta Francesco. Isto significa que a Ferrero Portugal encerrou o ano com vendas a atingir os 85 milhões de euros, “dígitos duplos em volume e em valor”.

“Este ano também vamos terminar o ano com um crescimento de dígitos duplos. Em termos de volume, penso que vamos crescer com números elevados”, sustenta.

Quando comparado com outros mercados, Portugal tem apresentado um resultado bastante satisfatório. “Por exemplo, nos mercados da Europa Central e norte europeu, o consumo de chocolate está a moderar-se, enquanto no mercado ibérico está a manter-se e até a subir.

Novas categorias Ferrero com o sabor de sempre

Depois de ter lançado gelados com sabor a Ferrero Rocher, querendo compensar o facto do grande vendedor da marca só estar disponível no mercado, o grupo está a expandir os seus horizontes.

No ano passado, a empresa lançou os gelados da Kinder Bueno em cone, em sabor clássico e branco, e este ano já se está a aventurar no Kinder Chocolate em stick, com o mesmo sabor das barras.

E novidades? Francesco parece dar a entender que o mercado não está preparado: um balde de Nutella, com o típico sabor da avelã, à venda no corredor dos congelados. Sim, agora a Nutella também é gelado… “Há um enorme potencial a explorar, e estamos a fazê-lo. Por isso, este ano decidimos lançar um gelado de Nutella. O primeiro gelado de Nutella vem num formato de balde”.

“Sendo líderes de mercado, temos de procurar oportunidades locais. Temos um bom pipeline de inovação e disrupção, especialmente com o segmento dos gelados. Acho que isto nos vai ajudar muito no futuro e é uma estratégia importante para desenvolver o negócio, especialmente na Europa e em Portugal.

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