O Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, protagonizou um incidente durante o debate quinzenal com o primeiro-ministro, insurgindo-se contra um reparo do deputado social-democrata Ricardo Baptista Leite, que começara a intervenção a dizer que os trabalhos parlamentares deveriam estar reduzidos a uma comissão permanente para evitar “colocar em risco a saúde da segunda e terceira figuras do Estado [o próprio Ferro Rodrigues e António Costa]”.
Ferro Rodrigues esperou que o primeiro-ministro terminasse de responder às perguntas de Baptista Leite e, antes de passar a palavra ao deputado comunista Jerónimo de Sousa, recordou que a manutenção dos plenários com um número reduzido de deputados, supostamente 46, foi “decidida em conferência de líderes por uma ampla maioria”.
“Temos que dar o exemplo pela prevenção, mas também pelo trabalho”, disse Ferro Rodrigues, bastante exaltado, referindo os “milhões de trabalhadores que se estão a sacrificar” para assegurar serviços de saúde, distribuição alimentar ou segurança.
Ricardo Baptista Leite reagiu, reiteirando que “neste caso o senhor presidente e a maioria estão errados”, o que levou Ferro Rodrigues a apontar o dedo à falta de respeito pelas regras de segurança demonstrada pela bancada social-democrata: “Uma das coisas que resolvemos ontem foi que os grupos parlamentares deviam ter um quinto dos deputados na sala. Sabe quantos deputados é que o PSD devia ter neste momento na sala? Dezoito. Sabe quantos tem? Trinta e seis. Lamento, mas isso não é responsabilidade do presidente e sim da vossa bancada.”
Posto isto, foi a vez de Rui Rio, presidente e líder parlamentar do PSD, tomar a palavra, dizendo que concordava com Baptista Leite, mas também com o reparo de Ferro Rodrigues. E, voltando-se para os deputados do seu partido sentados mais atrás, disse que ele seria “o primeiro a sair para dar o exemplo àqueles que aqui estão e não deveriam estar”, abandonando o hemiciclo de seguida.
Na segunda-feira, Rui Rio escrevera na sua conta de Twitter que o PSD iria insistir em conferência de líderes para que “juntar 230 pessoas encostadas umas às outras não faz sentido” – apesar de ter ficado combinado que o plenário decorreria com apenas um quinto dos eleitos -, devendo a Assembleia da República funcionar no regime de comissão permanente previsto na Constituição da República Portuguesa.
O PSD vai insistir, hoje, na conferência de líderes, que a Assembleia da República deve funcionar no regime de Comissão Permanente constitucionalmente previsto e evitar fazer o contrário do que exige aos portugueses. Juntar 230 pessoas encostadas umas às outras não faz sentido.
— Rui Rio (@RuiRioPT) March 23, 2020
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