“Pensamos que este festival é um grande impulso para o desenvolvimento do cinema africano, sobretudo desta região onde Cabo Verde está inserido”, disse à Lusa Guenny Pires, diretor e promotor deste que é considerado o maior evento cinematográfico no país, com pré-estreia na segunda-feira na cidade da Praia, ilha de Santiago.
Criado em 2019, a primeira edição do festival de cinema foi há um ano, e a segunda já está pronta para arrancar, segundo o mesmo responsável, que destacou como atividades a serem realizadas na Praia um fórum sobre o património cultural e turismo em Cabo Verde, lançamento do mercado de filmes do arquipélago, encontros, animação cultural e homenagens.
Entre os homenageados vão estar Ousmane Sambène, que é considerado o pai do cinema africano, Safy Faye, a primeira mulher negra a fazer um filme comercial e distribuído na região da África Ocidental, e cabo-verdianos que se destacam em várias áreas.
A partir de terça-feira e até 12 de novembro, a maior parte das atividades vão acontecer na vizinha ilha do Fogo, onde vão ser exibidos grande parte dos 125 filmes selecionados de 87 países, sendo que todos os lusófonos estarão presentes exceto São Tomé e Príncipe.
O diretor executivo deu conta que o festival recebeu mais de 1.000 filmes e dos selecionados apenas 25 vão estar em competição para os prémios de longa-metragem, ficção, documentário, curta-ficção documentário e animação e haverá ainda uma sessão de filmes de estudantes.
Segundo Guenny Pires, cabo-verdiano radicado há muitos anos nos Estados Unidos, outro objetivo do evento é levar para Cabo Verde cineastas e filmes competentes para os locais poderem aprender com o que está a ser feito a nível internacional.
“Por outro lado, temos uma parte muito forte deste festival em que nós queremos dar formação, temos programas nas escolas”, sublinhou o realizador, fundador da produtora Txan Film Productions & Visual Arts, enfatizando o interesse que o festival está a despertar a nível internacional, tendo por isso o foco na lusofonia, mas também na África Ocidental e Caraíbas.
Por isso, espera que seja “uma grande plataforma” de promoção do cinema cabo-verdiano e da ilha do Fogo, que tem o único vulcão ativo no arquipélago e que em 2020, a par do Maio, foi classificada como Reserva Mundial da Biosfera pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
“Um festival diferente, no sentido único. Temos várias coisas que precisamos melhorar, mas pensamos que estamos no caminho certo”, afirmou o também cineasta cabo-verdiano e professor de artes visuais, pedindo mais apoios à divulgação do evento.
“Apoios não significam necessariamente dinheiro. Significa mais organização, mais logística, melhor preparação localmente, mais salas de cinema e salas para ‘workshops’”, apontou o promotor, que mesmo assim disse estar orgulhoso e satisfeito pelo festival estar a acontecer.
Guenny Pires, que é considerado o primeiro cabo-verdiano nativo a escrever, dirigir e produzir filmes documentários e narrativas sobre o arquipélago, acredita que o cinema do país se está a desenvolver, e reconhece que a formação é a base de qualquer festival.
Neste sentido, instou os participantes a aproveitar a presença dos mestres e dos fazedores do cinema mais experientes para aprender, trocar ideias e fazer contactos para desenvolver ainda mais o setor no arquipélago.
Em 2021, o Djarfogo International Film Festival (DIFF) foi reconhecido pelo primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, como um evento de interesse público e recebeu menções honrosas dos dois antigos presidentes cabo-verdianos, Pedro Pires e Jorge Carlos Fonseca.
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