O ex-administrador do BCP, Filipe Pinhal, apresenta na próxima terça-feira o livro “Estes portugueses são do piorio”, com a sugestiva legenda “esta é uma terra em que se cortam as árvores para que não façam sombra aos arbustos”.
O livro apresenta-se assim: “A fatalidade persegue-nos e não se vê remédio para o mal. De vez em quando, o país acorda para um feito marcante, mas surgem logo vozes a diminuir o mérito da obra e a criticar os autores; outras vezes, são os próprios a destruir o que fizeram. De uma equipa que se recreasse a meter golos na própria baliza, diríamos: São doidos! De um povo que persiste em destruir o melhor que produz, só se pode dizer: É do piorio! Mas não é do povo que se falará adiante, apenas da parte dele que tem por hábito disparar contra tudo o que não seja ideia ou obra sua”.
Na segunda parte do livro, Filipe Pinhal escreve sobre o “assalto ao BCP” em 2007.
“A Parte II é dedicada aos que deram cabo do BCP. Nela se recordam as façanhas dos que se associaram para o assaltar e dos cúmplices que lhes deram cobertura”, refere o autor.
Filipe Pinhal confessa mesmo “volto ao BCP! Tinha de voltar. A ferida não cicatriza e o que se soube nos últimos dez anos veio evidenciar a enormidade dos crimes, tanto dos protagonistas do assalto como dos cúmplices”.
Os “portugueses do piorio” não poupam os que o autor considera responsáveis pelo atraso do país, “os maus governantes, os maus políticos, os maus capitalistas, os maus banqueiros e, de um modo geral, os maus patrões e os maus trabalhadores”.
Filipe Pinhal “na decorrência da falta de qualidade que impede o país de estar entre os mais desenvolvidos”, apresenta o BCP como exemplo de um projecto muito bem sucedido do ponto de vista empresarial, “mas que foi derrubado ao fim de 20 anos por uma coligação da inveja, da cobiça e da falta de visão das autoridades”.
Para o autor os portugueses do piorio que atacaram o BCP “são os que preferiram ter como face do banco Joe Berardo em vez de Jardim Gonçalves”, refere o autor.
“Foi no BCP que vivi a aventura de participar na criação de um banco a partir do zero e na modelação do seu crescimento ao longo de vinte anos fascinantes, nos quais se tornou uma referência de qualidade com presença relevante em quinze países de quatro continentes. Ver destruir uma obra erguida com tanto profissionalismo é chaga que não sara”, diz o ex-banqueiro.
Filipe Pinhal refere que “à luz do que se foi sabendo, justifica-se regressar aos eventos que atiraram o BCP para um limbo de onde só agora começa a sair”.
O ex-administrador do BCP que chegou a ser Presidente no período do banco que sucedeu a um conturbado processo de sucessão de Jardim Gonçalves (Agosto/2007 a Janeiro/2008), diz que “o Banco de Portugal e a CMVM condenaram o BCP e os seus administradores com base em acusações falsas, construídas à custa da deturpação dos factos”.
“Mesmo assim, as condenações só aconteceram porque Carlos Santos Ferreira as negociou com Vítor Constâncio e Carlos Tavares” revela.
Filipe Pinhal refere-se a Carlos Santos Ferreira como o conhecido defensor de compromissos que “terá entendido que as condenações eram um bom preço para comprar a paz com os supervisores”.
O livro revisita assim o efeito dominó que teve a guerra pelo controlo do BCP em 2007. Uma série de acontecimentos vindos de vários lados confluíram para o designado “assalto ao BCP” com créditos para a compra de ações do banco, no tempo do Governo de José Sócrates.
O assalto ao BCP com compra de ações a crédito concedido por vários bancos, serviu para travar a alteração do modelo de Governo que permitiria ao então Conselho Geral de Supervisão destituir o Conselho de Administração, então liderado por Paulo Teixeira Pinto. Uma alteração que mais não era do que corrigir um erro anterior no modelo de governance, autorizado pelos reguladores – o de pôr o Conselho de Administração, no modelo dualista, a ser eleito diretamente em Assembleia Geral, retirando qualquer poder de fiscalização aos administradores não executivos (membros do Conselho Geral e de Supervisão).
Os créditos que arruinaram bancos (BCP e CGD pelo menos) e empresários, como Joe Berardo e Manuel Fino (pelo menos), serviram afinal para impedir que Jardim Gonçalves tivesse poder de fiscalização do banco como “presidente” não executivo.
A alteração dessa “bizarria” desenhada pela Heidrick & Struggles só para o BCP e para a EDP, foi depois corrigida já no mandato de Carlos Santos Ferreira, a pedido do maior acionista do BCP, à data, a Sonangol.
O livro é apresentado no dia 12, terça-feira, por Carlos Abreu Pinto, no hotel Tivoli em Lisboa.
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