A petrolífera TotalEnergies afirma que os 15 mil milhões de dólares de financiamento para retomar o megaprojeto de exploração de gás natural em Cabo Delgado, norte de Moçambique, está quase fechado, depois do aval no banco norte-americano Exim.
“Estamos ainda numa situação de força maior, o projeto não reiniciou ainda, mas um dos passos críticos era a decisão do Exim Bank, que reconfirmou, reafirmou, o seu suporte para o financiamento global do projeto. É um financiamento muito importante, é um passo crítico”, afirmou o diretor da TotalEnergies para Moçambique, Maxime Rabilloud.
O responsável reagia, em declarações aos jornalistas, à reconfirmação, em 13 de março, pela administração do Banco de Exportação e Importação dos Estados Unidos da América (Exim Bank) do financiamento de 4,7 mil milhões de dólares (4,3 mil milhões de euros) para o projeto em Moçambique.
A TotalEnergies, líder do consórcio da Área 1, tem em curso o desenvolvimento da construção de uma central, em Afungi, nas proximidades de Palma, na província de Cabo Delgado, para produção e exportação de gás natural.
O projeto de Gás Natural Liquefeito (GNL) da TotalEnergies, um dos três em desenvolvimento em Moçambique, está suspenso desde 2021, devido aos ataques terroristas em Cabo Delgado, que levou a petrolífera a invocar a cláusula de força maior e a retirar todo o pessoal do estaleiro de obras.
Tal obrigou o consórcio de bancos financiadores a reconfirmarem o financiamento previamente aprovado, estando a retoma do projeto também condicionada ao restabelecimento da segurança, que conta naquela área com o apoio das forças armadas do Ruanda.
Maxime Rabilloud recordou que o financiamento global para o projeto, com vários bancos e agências de crédito internacionais, é de 15 mil milhões de dólares (13,7 mil milhões de euros). Além do Exim Bank norte-americano, disse, os bancos asiáticos do consórcio financiador já tinham reconfirmado igualmente um financiamento de cerca de 5.000 milhões de dólares (4,5 mil milhões de euros), estando apenas pendente a reconfirmação do financiamento de bancos europeus.
O presidente executivo da TotalEnergies, Patrick Pouyanne, disse em 05 de fevereiro que esperava a aprovação do financiamento do Exim Bank ao seu projeto de gás natural em Moçambique, admitindo novo atraso, para 2029-2030, do início da produção de GNL, referindo que se perderam ultimamente “mais alguns meses”.
O dirigente da TotalEnergies tinha referido, num encontro anterior com investidores, que cumprir o objetivo anterior implicava o “reinicio do projeto ainda em 2024”, o que não aconteceu.
No final de janeiro, o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, disse ter recebido de Patrick Pouyanne a garantia do “empenho” da TotalEnergies em retomar o projeto em Cabo Delgado.
Já Pouyanne reconheceu “que há melhorias inegáveis na segurança, mas não é perfeita”, aludindo à situação em Cabo Delgado, palco há mais de sete anos de ataques de grupos terroristas associados ao Estado Islâmico.
Este projeto de exploração de gás foi interrompido em 2021 após um ataque ‘jihadista’ onde dezenas de civis foram mortos.
A TotalEnergies tem uma participação de 26,5% neste projeto, destinado principalmente a clientes na Ásia, a par de parceiros moçambicanos e da japonesa Mitsui (20%).
Moçambique tem três projetos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.
Desde outubro de 2017, Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.
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