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Fintech espanhola Paynopain prevê processar 40 milhões por mês em Portugal em dois anos

A empresa está a contratar duas pessoas para o novo escritório na Fintech House. A entrada da Paynopain em Lisboa aconteceu em junho, após ponderar expandir primeiro para a Roménia. “Devido à compra de uma carteira de clientes cá, facilidade geográfica e o que se conhecia do mercado, decidiu-se avançar”, afirma ao JE o ‘country lead’, Tomás Costa.
22 Agosto 2024, 07h30

Paynopain – significa o que pensa: “pagar sem dor” – é mais recente fintech estrangeira a escolher Portugal para abrir a primeira subsidiária além-fronteiras. A empresa espanhola entrou em Lisboa em junho com as suas soluções tecnológicas de processamento de pagamentos para empresas e tem como objetivo processar 40 milhões de euros por mês até meados de 2026.

“Podemos afirmar que para Espanha, nos próximos 24 meses, esperamos atingir os cinco mil negócios e cerca de 200 milhões de euros de volume processado por mês e que o objetivo é que Portugal represente 20% deste volume”, avançou ao Jornal Económico (JE) o country lead em Portugal.

Tomás Costa revelou ainda que o plano é contratar dois colaboradores até ao final do ano para começar a formar uma equipa de trabalho na Fintech House, na zona do Saldanha, onde está como nova inquilina.

“Procuramos pessoas com qualificações específicas, mas, acima de tudo, que se revejam nos nossos valores e missão: criarmos a possibilidade aos nossos clientes de poderem oferecer aos seus clientes vários métodos de pagamento (online ou presencial) e geri-los numa única plataforma. Através do computador, tablet ou smartphone, conseguem ter acesso a toda a operação de pagamento ao fazerem uma única integração connosco”, explica.

A operação europeia da Paynopain arrancou em 2022, na sequência do licenciamento do Banco de Espanha e, dois anos depois, obteve autorização do Banco de Portugal para operar. Num horizonte a cinco anos, a Paynopain pretende que Portugal tenha 50% do volume de pagamentos que Espanha tem atualmente.

“Estava-se a pensar entre Portugal e Roménia, mas devido à compra de uma carteira de clientes cá, e também pela facilidade geográfica e pelo que se conhecia do mercado, decidiu-se avançar. Foi uma expansão que aconteceu de forma muito natural para evolução e crescimento da empresa. Temos a ideia de, a seguir, expandir para a Roménia, mas não sabemos exatamente quando é que isso vai acontecer. Não temos nenhuma data prevista”, afirma Tomás Costa ao JE.

O country lead admite que enfrenta concorrência distinta neste negócio dos terminais de pagamento (TPA), como as fintechs Eupago e Ifthenpay, e grandes players, nomeadamente a Unicre. “O nosso objetivo é diferenciar-nos através de uma oferta de valor que nos permita posicionar como uma alternativa atrativa. Acreditamos que as nossas soluções inovadoras nos darão uma vantagem competitiva significativa”, refere.

Novas formas de pagamento para restaurantes, hotéis, mecânicos ou clínicas de estética

Como? Primeiro, estão a trazer a funcionalidade “Tap To Pay” para Portugal, em que a empresa apenas tem de descarregar uma app e, a partir daí, pode usar o seu telemóvel como terminal de pagamentos que aceita tanto cartões de crédito como de débito Visa e Mastercard. E é compatível com Apple Pay, Google Pay e Samsung Pay. “Para quem é que é relevante este produto? Para negócios como a restauração e cafés, lojas de retalho, clínicas de estética e salões de beleza, eventos, serviços de eletricistas, mecânicos…”, exemplifica Tomás Costa, naquela que foi a primeira entrevista nacional.

Destaque ainda para o sector hoteleiro, no qual a Paynopain se especializou. No fundo, se estiver a fazer a marcação de um hotel e for pagar no momento da reserva, esta plataforma digital está por trás a processar o pagamento e a encriptar a informação financeira crítica.

“Estamos conectados com diferentes PMS – Property Management System e Booking Engines para facilitarmos os processos de comunicação e a passagem de informações de pagamento entre agências de viagens online, os gestores de canais e os PMS. Basicamente, encriptamos e armazenamos os dados sensíveis para que o hotel cumpra com os regulamentos. Também convertemos os dados de pagamento num único token e o que circula é esse token e nunca as informações sensíveis de pagamento dos clientes dos comerciantes”, detalha o gestor.

Desde que a empresa foi fundada, em 2011, na província de Castellón, a Paynopain aumentou o valor de pagamentos sob gestão de 50 milhões de euros para quase 993 milhões de euros em 2023 e o volume de negócios multiplicou por 20 nesses 12 anos, de acordo com a revista “Forbes España”. Segundo o jornal “Expansión”, a empresa fatura entre um a 2,5 milhões de euros por ano. De 2022 para 2023, o volume de negócios terá aumentado 22%.

“O mercado português possui algumas qualidades que o diferenciam do espanhol. Por exemplo, a utilização de métodos de pagamento como Multibanco e MB Way é muito comum e algo que tivemos que integrar nas nossas soluções. Além disso, os consumidores portugueses têm uma forte preferência por transações seguras e um atendimento ao cliente de alta qualidade. Portanto, para nos adaptarmos a essas necessidades, vamos implementar um suporte específico para os métodos de pagamento locais”, conclui Tomás Costa.

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