O ano de 2022 ficará gravado na nossa memória colectiva e na história da humanidade pela Guerra desencadeada pela Rússia contra a Ucrânia materializada na invasão desta por aquela a 24 de Fevereiro.
Os cidadãos europeus viveram aqueles primeiros meses entre uma certa perplexidade e uma convicção não verbalizada de que a Rússia Imperial ocuparia um país com menos população, menos recursos e menos armado com uma relativa facilidade.
É verdade que os ucranianos e o seu Presidente mostraram, desde o início, uma vontade indomável de resistir apesar de sempre parecer que estávamos perante uma réplica moderna de David contra Golias.
Entretanto íamos vendo, envergonhados, passar por aquela alva plataforma kremeliniana alguns bem-intencionados dirigentes ocidentais.
Os ucranianos estavam, estão a ser massacrados e nós sabíamos, os militares russos iam perdendo posições e nós sabíamos menos. Por vezes, por muitas vezes, ficávamos na dúvida de saber se todo o ocidente estava a perceber a gravidade e o alcance do que se estava a passar.
Excepção feita a dois líderes políticos que, do que posso perceber, nunca tiveram dúvidas: Joe Biden e Ursula von der Leyen.
O apoio, político e material, que sempre deram à Ucrânia foi, e é, um exercício de convicções inesquecível.
Ambos perceberam, desde cedo, que o Ocidente não podia ceder. Que ceder na Ucrânia era abrir a outras aventuras imperiais. Perceberam que o que se jogava era muito mais que a Ucrânia, disseram-no e agiram em conformidade. Era a Liberdade e a Dignidade da Pessoa humana.
Duas personalidades diferentes, na formação, na idade e nas convicções políticas. Duas personalidades que nos ensinam que podemos ser mais conservadores ou mais progressistas, desde que o sejamos no respeito pela democracia, certos que a democracia é convencimento, não é imposição.
Zelensky revelou-se um grande líder do seu país.
Joe Biden e Ursula von der Leyen não só lhe proporcionaram as condições para essa liderança, como, ao darem-lha, deram ao mundo a capacidade de afirmar e revitalizar o modelo de sociedade ocidental que vimos construindo nos últimos três séculos.
Neste século XXI, ninguém fez mais do que eles pela afirmação do estado de direito e do primado do direito sobre a força.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.