Fitch alerta que banca portuguesa será a mais afetada pela crise em 2021

A Fitch diz que os bancos portugueses são aqueles, que de entre os europeus, têm o pior outlook e uma perspetiva negativa de rating, apesar da recuperação ao nível da descida do rácio de malparado, que registaram desde 2016.

Rafael Quina Director, Portuguese Banks da Fitch Ratings, explicou, num webinar realizado esta quinta-feira, 4 de fevereiro, que tal se deve a um modelo de negócio desafiante, um contexto muito competitivo, e ao elevado nível de dívida pública e privada que cria constrangimentos económicos.

A agência de rating crê que 2021 será “um ano fraco para os bancos portugueses” devido à necessidade de provisões para crédito, indicou o analista.

“Prevemos que 2021 sejam um ano fraco para a banca portuguesa, nalguns casos até pior que 2020”, afirmou, acrescentando que o perfil financeiro de alguns agentes seja ainda mais fraco ou mais afectado que em 2020”, disse o analista numa conferência organizada pela Fitch acerca de Portugal e da Grécia.

Rafael Quina referiu que em termos de rentabilidade, “2020 já foi um ano fraco”, com a receita dos bancos a cair “devido às baixas taxas de juro e concorrência feroz”.

O analista alertou que os resultados operacionais deverão “baixar ainda mais”, com os bancos mais fracos a poderem “registar prejuízos” durante o ano. “Isto acontece porque nós não esperamos uma recuperação impressionante nas receitas”, salientou o analista.

A Fitch realçou ainda que o peso das moratórias na banca portuguesa “é extremamente alto”. “Não esperamos uma recuperação dos lucros e esperamos que as provisões continuem a aumentar no segundo semestre à medida que os bancos preparam o fim das moratórias”, referiu o analista.

Em termos de qualidade dos activos, a Fitch defendeu que “as coisas melhoraram bastante desde 2016 e 2020 ainda mostrou algum progresso modesto”, no entanto em 2021 poderá haver “muitas avaliações negativas devido à percentagem de empréstimos em moratória”.