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Fitch já desceu ‘rating’ de 28 países e prepara mais 31 descidas

A Fitch Ratings, detida pelos mesmos donos da consultora Fitch Solutions, lembra que já houve quatro países em ‘default’ este ano – Argentina, Equador, Líbano e Suriname – e acrescenta que “é provável que haja outros” que não vão conseguir fazer os pagamentos da dívida.
  • Reinhard Krause/Reuters
16 Julho 2020, 13h31

A agência de notação financeira Fitch anunciou que já desceu o ‘rating’ de 28 países, a maior descida anual, e que deverá descer mais outros 31 países, registando ainda quatro países em incumprimento financeiro (‘default’).

“A Fitch Ratings já desceu o ‘rating’ de 28 países de mercados emergentes em 2020, o maior total anual, e também houve uma forte mudança nas Perspetivas de Evolução para um balanço negativo de 31, quando em 2019 eram cinco, o que sinaliza que mais descidas no ‘rating’ são inevitáveis”, lê-se numa análise ao impacto da pandemia de covid-19 na opinião sobre a qualidade de crédito deste grupo, que inclui Angola e Brasil.

De acordo com o relatório, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, a Fitch Ratings, detida pelos mesmos donos da consultora Fitch Solutions, lembra que já houve quatro países em ‘default’ este ano – Argentina, Equador, Líbano e Suriname – e acrescenta que “é provável que haja outros” que não vão conseguir fazer os pagamentos da dívida.

Ainda assim, notam os analistas, o ritmo das descidas nos ‘ratings’ tem abrandado desde o pico do choque da pandemia, em março e abril, “o que reflete parcialmente o facto de a Fitch Ratings ter tomado várias ações nessa altura”, mas também o facto de as pressões oriundas dos preços do petróleo, fluxos de capital e variações cambiais terem abrandado, na sequência de um massivo estímulo orçamental a nível mundial e empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os mercados emergentes, entre os quais se contam o Brasil e Angola, ambos com um corte no ‘rating’ este ano, “enfrentam uma recessão profunda e um nível de dívida pública mais elevado”, diz a Fitch.

“Os preços do petróleo continuam abaixo dos níveis anteriores à crise, os casos de coronavírus continuam a aumentar rapidamente e os reveses económicos, nova instabilidade financeira e choques políticos são riscos materiais a estes países, muitos dos quais têm almofadas orçamentais limitadas para navegarem nesta conjuntura”, concluem os analistas.

Para o Brasil, depois da revisão para BB- em maio, a Fitch antevê uma forte subida da dívida pública para 95% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, o que mostra uma forte subida face aos 75,8% registados no ano passado e à média dos países na categoria BB, com 59%.

“Prevemos que o défice primário [antes de juros e pagamentos] chegue aos 12% do PIB este ano, descendo para 3% em 2022, pressupondo uma recuperação da receita, venda de ativos, limite nas despesas e apoio orçamental de acordo com o programado”, dizem os analistas.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 579 mil mortos e infetou mais de 13,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

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