Apesar da instabilidade política recente e de as últimas legislativas não terem resultado numa maioria absoluta, a Fitch projeta que Portugal mantenha a trajetória de redução da dívida. O país tem conseguido consistentemente performances orçamentais melhores do que a maioria dos restantes Estados-membros europeus e, ainda que havendo riscos e desafios, a agência espera que tal se mantenha.
Numa nota publicada esta terça-feira, a agência de notação financeira reconhece que a incerteza política de curto-prazo não foi resolvida com as recentes eleições legislativas, mas nem por isso se desvia das anteriores projeções para a economia portuguesa. A “volatilidade política recorrente não tem impedido melhorias no perfil de crédito português”, relembra, pelo que a expectativa é que o rácio de dívida se mantenha “numa trajetória firmemente decrescente”.
“Como tal, vemos o resultado das eleições como consistente com a nossa visão de que a melhor performance orçamental de Portugal face aos seus semelhantes de crédito e outros Estados-membros da UE irá continuar, apoiada por crescimento económico e mais emprego, bem como políticas prudentes”, escrevem os analistas da Fitch.
Em março, a agência havia projetado um excedente orçamental de 0,4% este ano e um saldo próximo de nulo no próximo, projeções que mantém.
O ano passado fechou com um superavit de 0,7%, acima do esperado, e o programa eleitoral da AD aponta para excedentes ao longo da legislatura: 0,3% em 2025 e 0,1% em 2026, quando os empréstimos do PRR mais pesarão nas contas públicas.
Ainda assim, há riscos. A implementação do Plano é um deles, sobretudo “até que um novo governo esteja formado”, e o crescimento também pode desiludir – ainda que, num cenário de menos fulgor da economia, a Fitch preveja apenas “um abrandamento, e não uma pausa ou reversão do ímpeto económico” do país.
A agência espera que o PIB avance 2,3% este ano e 2,2% em 2026, ou seja, menos do que a AD no seu programa eleitoral, onde aponta a crescimentos de 2,4% e 2,6%, respetivamente.
Também o crescimento da direita populista pode levar a um aumento da despesa, bem como a pressão europeia e da NATO para aumentar os gastos públicos em defesa. Neste segundo tema, a nota da agência destaca o facto de Portugal ter pedido a ativação da cláusula nacional de escape, o que pode indiciar que “os gastos com defesa vão subir mais ou mais rápido do que planeado”.
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