A paisagem e a insonorização são dois aspetos que o arquiteto Carrilho da Graça preza particularmente nas suas criações. Não será por acaso que a exposição “Flashback”, patente ao público até janeiro de 2023 na Casa da Arquitectura, em Matosinhos, abre com o seu trabalho mais recente, a intervenção na zona ribeirinha de Lisboa, que abarca, além da construção do Terminal de Cruzeiros, a reabilitação da Doca da Marinha e do Campo das Cebolas.
Outros se prestam a exploração e reflexão, como a Ponte Pedonal sobre a Ribeira da Carpinteira, na Covilhã, e o Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa. A par dos estudos e representações da Igreja de Santo António e Centro Social de São Bartolomeu, em Portalegre, e do Teatro e Auditório de Poitiers, em França.
Esta viagem por mais de 40 anos de trabalho do arquiteto nascido em Portalegre em 1952, que vive e trabalha em Lisboa desde finais da década de 1970, é apresentada em diálogo com obras de artistas que o inspiraram. Desde livros e pinturas, a outros objetos. André Cepeda, Catarina Mourão, Salomé Lamas e Tiago Casanova assinam filmes que retratam as obras construídas, contribuindo para enriquecer a apreensão desta viagem.
A curadoria da exposição é de Marta Sequeira, que escolheu obras-âncora de Carrilho da Graça, dez no total, embora estejam representados cerca de 25 projetos ao todo neste “Flashback”, título que pretende ser também uma homenagem a Julião Sarmento, artista plástico e amigo de longa data do arquiteto, que faleceu em 2021 durante a conceção deste projeto.
Um legado para o futuro
A Casa da Arquitetura, em Matosinhos, no distrito do Porto, passa assim a acolher cerca de 300 projetos, com a integração do acervo de Carrilho da Graça, dos quais mais de uma centena correspondem a trabalhos realizados no âmbito de concursos públicos. Há planos executados em países tão diversos como Alemanha, Bélgica, Egito, Espanha, França, Holanda, Itália, Suíça, Brasil e EUA, mas a maioria diz respeito a Portugal.
O ensino faz parte da sua atividade profissional desde 1977, quando começou a lecionar na Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa. Atualmente é professor da Cátedra Unesco Leon Battista Alberti do Campus de Mantova do Politécnico de Milão, Itália, e da Haute École du Paysage, d’Ingénierie et d’Architecture de Genève, Suíça. Bem como as nomeações para o prémio europeu de arquitetura Mies Van der Rohe em diversos anos, a que se somam as participações na 12ª, 13ª e 16ª Bienal de Arquitetura de Veneza, na representação oficial de Portugal, e na exposição central da 15ª Bienal.
Projetos selecionados
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