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Forças Armadas dizem que problema dos efetivos não se resolve de um dia para outro

 O chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, almirante António Silva Ribeiro reconheceu hoje que é necessário aumentar o número efetivos, mas sublinhou que o problema que tem uma década “não se resolve de um dia para o outro”.
12 Dezembro 2019, 08h08

“As Forças Armadas tem de facto vindo a perder efetivos. Estão em curso um conjunto de medidas para reverter essa situação, só que não é fácil não se resolve de um dia para o outro”, afirmou hoje no Porto.

À margem de uma aula aberta organizada pela Escola do Porto da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, aquele responsável não quis comentar diretamente as afirmações do presidente da Associação dos Oficiais das Forças Armadas, António Mota, que alertou hoje que o número de efetivos militares registado no terceiro trimestre do ano é o mais baixo da década (25.500), mas afirmou que há vontade política para resolver o problema.

“Agora temos e nos juntar todos neste esforço para resolver este problema. É [possível] mas não é de repente. Este problema é um problema que tem a sua génese há mais de uma década e, portanto, não é num ano que se vai resolver”, defendeu.

Em declarações à Lusa, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas frisou que, além do seu empenho pessoal, há ainda um “grande empenho por parte dos chefes militares”, bem como, “o total empenhamento da tutela política”.

“Se nós olharmos para a estrutura do atual Ministério da Defesa há uma secretária de estado para os recursos humanos. Isso é um sinal político extremamente forte de que é uma preocupação para resolver. E eu tenho a certeza que vai ser resolvida”, frisou.

De acordo com o almirante, para além do documento “Recrutar, Reter e Reinserir”, que considera um documento estruturante, existe um conjunto de medidas supletivas e de desenvolvimento das ideias desse documento que vão permitir obter resultados.

“Agora os resultados não se conseguem de um dia para o outro”, reiterou.

Em causa, explicou aquele responsável, não está a revisão do estatuto, mas a implementação de medidas como, por exemplo, a criação de oportunidades de carreira para jovens, nomeadamente no Exército e na Força Aérea, através da realização de contratos de longa duração ou a admissão praças para os quadros permanentes.

“É preciso rever salários porque se nós compararmos um salário de uma praça em 2014 ou 2004 com o salário de agora, relativamente ao salário mínimo antigamente era mais elevado do que é agora”, acrescentou.

O chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas considera ainda que é preciso melhorar as infraestruturas e aumentar os efetivos.

“Aquilo que se passa hoje é que temos hoje 25.500 militares para as funções que temos os militares que existem têm um regime de trabalho muito mais intenso. E isso também lesivo daquilo que são as condições de trabalho das pessoas e gera insatisfação”, afirmou.

À Lusa, também o ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, que participou hoje na aula aberta na Universidade Católica, defendeu que está a ser feito o possível para travar a perda de efetivos.

“Eu penso sobre isso que fala o ministro da Defesa Nacional e não eu. Mas posso testemunhar que o governo tem feito os possíveis através de medidas cada vez mais sistematizadas primeiro para tentar estancar a perda de efetivos (…) agora tenho a certeza que se trata muito mais de medidas concretas de descrever cada vez melhor qual é vocação das Forças Armadas”, sublinhou.

“Parece-me que Roma e Pavia não se fizeram num dia e evidentemente há hoje dimensões de atratividade das Forças Armadas que até passam, por ventura, por abordagens diferentes daquelas que tradicionalmente se faziam”, acrescentou Azeredo Lopes.

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