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“Fórmula 1 é o maior evento desportivo que vamos receber desde o Euro 2004”, sublinha CEO do Autódromo Internacional do Algarve

Em entrevista ao Jornal Económico, Paulo Pinheiro, CEO do Autódromo Internacional do Algarve, está confiante de que esta será uma enorme oportunidade para que a Fórmula 1 volte, 24 anos depois do último Grande Prémio português, a rodar numa pista portuguesa.
6 Julho 2020, 08h05

Para já, está tudo adiado. O promotor do Campeonato do Mundo, o norte-americano Chase Carey, anunciou no final da semana passada o adiamento da decisão do alargamento do calendário da Fórmula 1, época que já se sabe que será toda disputada em território europeu. A

Portugal é um dos países que está a ser equacionado para acolher uma das provas deste ano, no Autódromo Internacional do Algarve, depois de as primeiras dez jornadas terem sido adiadas ou canceladas.

Paulo Pinheiro, CEO do Autódromo Internacional do Algarve, está confiante de que esta será uma enorme oportunidade para que a Fórmula 1 volte, 24 anos depois do último Grande Prémio português, a rodar numa pista portuguesa.

Sobre o investimento necessário por parte do Autódromo Internacional do Algarve para receber um Grande Prémio de Fórmula 1, Paulo Pinheiro refere, em entrevista ao JE, que este se situa entre 3 a 3,5 milhões de euros. “Só quando tivermos o contrato é que podemos ter acesso à toda a informação para definir o âmbito total do investimento afeto a uma prova de Fórmula 1”, sublinha.

 

O que espera o Autódromo Internacional do Algarve do Estado português caso Portugal seja escolhido?

Circuito não pode arcar sozinho com as responsabilidades de organizar uma prova destas: numa situação normal, o Estado de cada país tem de pagar entre 27 a 36 milhões de euros para ter uma corrida destas por causa da visibilidade que tem para todo o mundo e que tem um impacto quase incomparável por causa dos impactos económicos que o país recebe, por via dos impostos fruto da faturação que se gera. Tudo isso tem impacto direto na nossa economia, seja na componente dos impostos seja na criação de valor acrescentado para a nossa economia. No Autódromo Internacional do Algarve temos sempre a preocupação de que os eventos sejam bons para o país e para a região mas somos uma entidade privada e no final do dia, temos de pagar os ordenados e as contas. Se vou bloquear o meu circuito para criar um evento mundial em que o maior beneficiado é a região e o país, direta e indiretamente, não posso pagar essa fatura. Há uma componente que é da minha responsabilidade e que assumo mas há outra que é da promoção e estamos a falar de um valor híper-descontado que, de outra maneira, seria completamente impossível ter uma corrida de Fórmula 1 em Portugal sem pagar os tais 27 a 36 milhões de euros. Estamos a falar de metade daquilo que seria a receita direta do IVA e da bilheteira. O que queremos é que uma pequena parte da visibilidade que o Estado vai ter, seja comparticipada pelo Turismo de Portugal de forma perfeitamente clara e transparente com métricas de avaliação que queremos e desejamos que sejam perfeitamente definidas até para se perceber o impacto que a corrida tem. Queremos que a corrida seja um sucesso para o país e para a região, todos merecemos isso depois do que passámos. Não quero perder dinheiro com a Fórmula 1, não quero ganhar muito. Temos 330 dias de ocupação da pista por ano, este ano já estamos a recuperar lentamente e a Fórmula 1 vai ser mais uma pedra basilar do nosso país, especialmente com o impacto no turismo. Queremos fazer um trabalho que fique para os próximos anos, queremos ser uma opção.

Que impacto pode ter a F1 em Portugal e que investimento será necessário?

Neste momento ainda estamos a avaliar porque existem situações que vão avançar se a corrida for confirmada. O que conseguimos estabelecer são os investimentos mais óbvios e mais diretos mas só com um eventual contrato é que podemos ter acesso à informação toda para definir o âmbito total do investimento afeto a uma prova de Fórmula 1. É preciso recordar que a própria Fórmula 1 está numa fase de uma situação disruptiva em que não sabe muito bem qual será o âmbito das novas corridas. No que concerne ao investimento, e mencionando valores por baixo, estamos a falar de um investimento por parte do Autódromo Internacional do Algarve no montante entre 3 a 3,5 milhões de euros.

O retorno vai estar dependente do fator ‘público’?

Ainda é muito cedo para estimar o retorno que podemos alcançar porque se a corrida tiver público numa certa dimensão terá um retorno económico, se esse âmbito for mais alargado naturalmente haverá um impacto maior. Nos estudos preliminares, estimamos que só a estrutura da Fórmula 1, as equipas e toda a organização de suporte das corridas, trarão um impacto económico direto entre 25 a 30 milhões de euros. Relativamente à presença de público e ao impacto estimado da receita de bilheteira: fazendo uma extrapolação do que são outras corridas na Europa pelo preço médio dos bilhetes, se calcularmos entre 30 a 60 mil espectadores, estamos a falar de um intervalo que vai dos 17 aos 35 milhões de euros de receita de bilheteira.

Que magnitude tem a organização de um evento destes?

Pelo contatos que temos tido por parte do público que quer assistir e das empresas que se querem associar ao evento, acreditamos que existe uma perceção da importância. Os números da Fórmula 1 que nos foram disponibilizados pela organização são dados com um impacto gigante. Com a experiência que tenho de corridas nunca tinha visto números assim: o alcance que a Fórmula 1 tem, o número de seguidores, o número de patrocinadores, o tipo de pessoas que assistem às corridas, os convidados, as marcas… estamos a falar dos melhores players da indústria mundial. É de facto um impacto com várias ordens de grandeza que dificilmente conseguiremos ter com outros eventos, seja estes quais forem. À primeira vista, é o maior evento desportivo que vamos receber desde o Euro 2004.

A Mercedes e a McLaren conhecem bem esta pista…

Recebemos testes com alguma regularidade da campeã do mundo Mercedes e da McLaren, são as equipas que mais testam no nosso circuito. Tivemos também a Renault e a Ferrari e este ano temos mais alguns testes marcados independentemente de haver corrida ou não. Algumas equipas já conhecem, os pilotos da Fórmula 1 também já estão familiarizados seja pela GP2, Fórmula 2 ou Fórmula 3 e daí existir algum conhecimento por parte de pilotos e equipas. Estamos a falar de uma organização com um nível de qualidade e de organização impressionante.

 

 

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