Da opinião extremamente negativa do marquês de Custine que, no início do século XVIII, ao visitar Moscovo, considerou o espaço “um monumento satânico”, “sustentáculo de tiranos”, ao filósofo alemão Walter Benjamin que, cem anos mais tarde, se declarava verdadeiramente fascinado com o lugar, à época centro do poder soviético. Agora, que se celebra o centenário da Revolução Russa – o que tem suscitado a edição de muitos livros sobre o tema (com particular destaque para as biografias e o pensamento políticos dos três grandes líderes em 1917 e anos seguintes: Lenine, Trostky e Estaline) –, o Kremlin ganha uma maior aura enquanto espaço do exercício desse poder.
Em “Fortaleza Vermelha. O coração secreto da história da Rússia, editado em Portugal pela Temas e Debates”, Catherine Merridale, professora de História Contemporânea na Universidade de Londres, parte do século XVI e das iniciativas de Ivan III, conhecido como Ivan, o Grande, que conquistou a independência do país aos mongóis, e foi o primeiro Czar da Rússia (para além de pai de Ivan, o Terrível). Daqui, Merridale leva os leitores numa viagem pelo tempo até ao início do século XXI, em que o Kremlin foi eleito a maior atracção turística de Moscovo (e as filas de visitantes aí estão para o atestar). Pelo meio, muito se construiu e destruiu, igrejas foram edificadas e igrejas foram arrasadas, vestígios arqueológicos foram ignorados para dar lugar ao Palácio de Congressos, em 1961, ícones foram queimados e hoje voltam a ocupar os seus lugares no interior dos templos ortodoxos, com multidões a persignar-se à sua frente. De toda esta riquíssima história, a que mais segredos tem despertado a opinião geral (dos não russos, pelo menos) é a que respeita ao período soviético, com a enorme quantidade de atrocidades a que serviu de cenário.
Centro de poder, albergando a residência oficial do Presidente da Federação Russa e o parlamento (a Duma), mas também de cultura, o Kremlin moscovita, com as suas igrejas cheias de frescos e outros edifícios desenhados por arquitectos italianos, faz parte da lista de Património da Humanidade da UNESCO, conjuntamente com a Praça Vermelha.
A sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com