A Fortitude Capital – Sociedade de Capital de Risco detida em 37,5% por António Esteves (ex-Goldman Sachs); pelo banco brasileiro BTG Pactual com 25% e pelo Atrium Group, com 37,5%; criou o Fortitude Portugal Special Situations Fund essencialmente para investir em Portugal.
“Sendo que podemos investir fora de Portugal”, admitiu António Esteves, managing partners da Fortitude Capital, SCR.
António Esteves chama-lhe “fundo agnóstico”, porque é um fundo de capital privado que não tem limite de sectores onde pode investir. O objetivo principal é investir em Portugal e “surge de uma leitura que a economia portuguesa é cronicamente deficitária de capital e sempre muito apoiada no sistema financeiro”.
O fundo de private equity tem um tecto máximo de capital para investir de 500 milhões de euros. Para já o Fortitude Portugal Special Situations Fund fez um first closing de cerca de 100 milhões de euros e conta fazer mais dois closing até ao fim do ano para levantar ao todo este ano 200 a 250 milhões, contando para tal com vários investidores. Isto é, o fundo conseguiu levantar já cerca de 100 milhões, tendo para isso contado com o investimento dos acionistas da sociedade gestora. Mas pretende elevar para 200 a 250 milhões até ao fim do ano.
“Portugal, pela sua dimensão, nunca justificou a existência de recursos dedicados especificamente ao mercado português por bancos de investimento e private equities estrangeiros”, disse.
O fundo já tem em vista um investimento de 50 milhões de euros até ao Verão num projeto do sector agrícola e está a contar fazer um outro investimento de 300 a 350 milhões noutra área, até ao fim do ano. António Esteves não referiu o sector, mas não rejeitou que pudesse ser um investimento na área do “entertainment” e conteúdos, o que inclui media.
O investimento de 300 a 350 milhões poderá ser num projeto e não numa empresa, desvendou.
O Fortitude Portugal Special Situations Fund conta com um investimento de 10 milhões de euros do Banco Português de Fomento. Isto porque a Fortitude Capital foi uma das 14 entidades selecionadas para investimento no âmbito do Programa Consolidar, um dos programas de investimento do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR), gerido pelo BPF e criado no contexto do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) nacional, para apoiar a subscrição de fundos de capital de risco destinados a investimento em capitalização de PME e Mid Caps, impactadas pela pandemia de Covid-19, mas economicamente viáveis e com potencial de recuperação.
A gerir a Fortitude Capital está, para além do CEO António Esteves; Mário Vigário (Partner & CIO); João Fonseca (Partner & COO); Edwyn Neves (partner); Pedro Santa Clara (Partner & CRO); Sílvia Carvalho (CCO); Ana Carvalho e João Félix.
A sociedade tem um Advisory Board que é composto por Paula Amorim; Alexandre Camara (do BTG Pactual); Edwyn Neves (também do BTG Pactual); António Domingues (ex-BPI e ex-CGD); Raúl Galamba (ex-Mckinsey); Alexandre Relvas (Logoplaste); Filipe de Botton (Logoplaste); Miguel Saraiva (arquiteto); e Luís Magalhães (ex-Managing Partner da Deloitte Portugal). “Irão em breve entrar mais dois elementos”, revelou António Esteves sem identificar.
“Este é um fundo totalmente de capital privado e assim queremos que continue”, disse o gestor que acrescentou que este é um fundo “agnóstico” que investe em qualquer sector e que pode investir através de qualquer instrumento financeiro, e por isso “somos uma proposta de valor para a economia nacional”. A única exclusão é a “especulação imobiliária”. Este fundo não vai fazer promoção imobiliária.
“Queremos ser os parceiros dos bancos, do Governo e da economia real” disse António Esteves que sublinhou a grande capacidade de investimento do fundo. “Temos clientes institucionais que estão completamente alinhados com este projeto, se o fundo tiver 200 milhões de euros de dimensão, podemos ambicionar fazer transações de um bilião, por exemplo, em parceria”, referiu.
Este fundo “é um caso único em Portugal”, frisou.
António Esteves admitiu num encontro com jornalistas em Lisboa que tem identificado um primeiro investimento que será feito nos próximos dois meses.
O CEO do Fortitude disse que não tinha no horizonte comprar o Novobanco, e que a prioridade não é investir no sector financeiro.
“Nós não temos nem nunca tivemos nenhum interesse no Novobanco, foi dado apenas como exemplo de oportunidades estratégicas nas reuniões com potenciais investidores, nós podemos ou não estar envolvidos dependendo das reações em cadeia. Nunca seriamos competitivos numa aquisição do Novobanco”, disse António Esteves. “Se vou estar proativamente à procura de oportunidades no setor financeiro, não. Se vou investir no Novobanco ou tentar comprar o Novobanco ou arranjar uma solução de capital para o BCP, não vou estar a fazer nada disso. Há coisas mais interessantes para se fazer no mercado português”, acrescentou.
O ticket mínimo na casa dos 15 a 20 milhões, mas o Fortitude não tem teto máximo.
O target é um retorno dos investimentos de 15% a 20% anual.
Os sectores agrícola, saúde, energia e o entertainment/conteúdos são os preferidos. O sector financeiro “não está no topo da lista”.
“Queremos a ajudar todas as empresas em Portugal, mas que sejam sólidas”, reforçou.
Na lista dos potenciais parceiros nos investimentos estão os grupos financeiros CVC Capital Partners; Carlyle; o Sixth Street; Ontario Teachers’ Pension Plan Board; CDPQ; Pantheon e Hayfin.
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