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Fortuna dos multimilionários já cresceu 8,7 biliões de euros durante a pandemia da Covid-19

Para ficarem ainda mais ricos do que já são, os super-ricos aproveitaram quando o mercado estava em queda, comprando mais ações das suas próprias empresas para depois aumentarem as suas fortunas.
Joshua Roberts / Reuters
7 Outubro 2020, 11h57

A pandemia da Covid-19 continua a aumentar a fortuna dos multimilionários, sendo que estas já acumularam o valor recorde de mais 10,2 biliões de dólares (8,7 biliões de euros), desde março, revela o “The Guardian”, esta quarta-feira.

Segundo a publicação, que cita um relatório do banco suíço UBS, a riqueza dos multimilionários aumentou em 27,5% no auge da crise pandémica, entre abril e julho, enquanto milhões de cidadãos perdiam os seus empregos e empresas permaneciam encerradas, sem gerar receitas ou lucros.

O estudo do banco suíço mostrou que os mais ricos do mundo beneficiaram do aumento desenfreado do mercado bolsista quando as ações se encontravam em mínimos durante os bloqueios mundiais nos meses de março e abril. A entidade apontou que a riqueza “atingiu um novo recorde, ultrapassando o pico anterior de 8,9 biliões de dólares [7,6 biliões de euros] alcançados no fim de 2017”. Também o número de multimilionários atingiu um novo recorde, passando dos 2.158 em 2017 para 2.189 no presente ano.

“Os multimilionários saíram-se extremamente bem durante a crise de Covid-19, eles não enfrentaram apenas o lado negativo da tempestade como também ganharam com o lado positivo [com a recuperação dos mercados de ações]”, apontou Josef Stadler, chefe do departamento family office, que realizou o estudo, citado pelo jornal britânico.

Para ficarem ainda mais ricos do que já são, os super-ricos aproveitaram quando o mercado estava em queda, comprando mais ações das suas próprias empresas para depois aumentarem as suas fortunas. Desde maio que os índices em bolsa, especialmente em Wall Street, têm recuperado das perdas.

“A riqueza dos multimilionários equivale a uma fortuna quase impossível de gastar em várias vidas de luxo absoluto”, apontou Luke Hilyard, diretor executivo do High Pay Centre, empresa que se foca em pagamentos excessivos. “Alguém que acumule riquezas a essa escala pode facilmente aumentar o salário dos funcionários que geraram a sua riqueza, ou contribuir com mais impostos para apoiar serviços públicos vitais, enquanto continua a ser recompensado pelos seus sucessos”, esclarece Hilyard.

De acordo com o “The Guardian”, os super-ricos da atualizada detêm a maior concentração de riqueza desde o virar do século XX, na Era Dourada dos Estados Unidos, quando famílias como os Rockefellers, Vanderbilts e Carnegies controlavam as fortunas do país.

O responsável do estudo aponta que o mundo está perante “um ponto de inflexão” e que a qualquer momento a sociedade pode atacar os mais ricos por deterem grandes fortunas.

Atualmente, o homem mais rico do mundo, que assegura o pódio há vários anos, é Jeff Bezos (na imagem deste artigo). O fundador e CEO da Amazon tem uma fortuna que ascende aos 189 mil milhões de dólares (160,7 mil milhões de euros). Só este ano, a fortuna do fundador do gigante do comércio online já aumentou 74 mil milhões de dólares (62,9 mil milhões de euros).

Ainda assim, Elon Musk foi o que amealhou mais dinheiro este ano. A fortuna do fundador da Tesla passou de 76 mil milhões de dólares (64,6 mil milhões de euros) para 103 mil milhões de dólares (87,6 mil milhões de euros).

O mesmo estudo mostra que alguns multimilionários tomaram a iniciativa de doar das suas fortunas pessoais para o combate à Covid-19, embora os super ricos do Reino Unido tenham sido os que menos doaram, num total de 298 mil dólares (253,6 mil euros). Nos Estados Unidos, 98 multimilionários doaram um total de 4,5 mil milhões de dólares (3,8 mil milhões de euros), 12 multimilionários chineses doaram 679 mil dólares (577,8 mil de euros) e dois multimilionários australianos doaram 324 mil dólares (275,7 mil euros).

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