Fortunas da administração de Trump multiplicam o valor do PSI por dez vezes

O gabinete de secretários, que acompanhará Donald Trump no seu segundo mandato à frente da Casa Branca ‘mais rica’ de toda a história dos Estados Unidos, conta com oito bilionários com património total de 638 mil milhões de euros. Musk lidera com larga margem, mas há outros nomes de peso, com investimentos que vão dos serviços financeiros à biotecnologia. A capitalização das maiores empresas da bolsa de Lisboa representa menos de 10% da fortuna da equipa de Trump.

Com as 15 cotadas que compõem o principal índice da bolsa de portuguesa, que agrega as maiores empresas como a Galp, EDP  Jerónimo Martins e o BCP, entre outras, a valerem perto de 67,8 mil milhões de euros, a capitalização do PSI representa, pois, um valor 10 vezes menor que o somatório das fortunas dos multimilionários que foram escolhidos para o novo governo norte-americano. O total do património destes bilionários ascende a 668 mil milhões de dólares (638 mil milhões de euros, à taxa de câmbio atual) e está disperso pelos mais variados setores da economia, desde o imobiliário aos desportos de combate, passando pelas criptomoedas.

A lista é liderada pelo homem mais rico do mundo da atualidade, Elon Musk. O empresário, dono da Tesla e da SpaceX, vai comandar o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), que faz parte da equipa secretários, que acompanhará Trump no seu segundo mandato. Conta atualmente com uma fortuna que ronda os 500 mil milhões de dólares (quase 480 mil milhões de euros). Segundo avança a Business Insider, o magnata atingiu a marca ao acrescentar 60 mil milhões de euros à estimativa do total de ativos e rendimentos num só dia (12 de dezembro de 2024), depois de as ações da Tesla terem subido 6% e a avaliação da SpaceX também ter aumentado. A riqueza do homem mais risco do mundo é, em grande parte, proveniente da participação de 20,5% na Tesla e 42% na Space X, a empresa aeroespacial co-fundada por Musk e que já é o unicórnio mais valioso do mundo. Neuralink, The Boring Company, X Corp (antiga Twitter), são outras fontes de rendimento do empresário sul-africano.

De acordo com o Índice de Bilionários Bloomberg, que agrupa as 500 pessoas mais ricas do mundo, na lista segue-se Stephen Feinberg, co-fundador e CEO da Cerberus Capital Management, como o segundo mais rico. O próprio lidera a vertente de investimento da empresa que opera com private equity, crédito e imobiliário. Tem uma fortuna que ronda os 5 mil milhões de dólares (4,75 mil milhões de euros) e assumiu o cargo de subsecretário da Defesa no governo norte-americano.

A fechar o pódio, surge o próprio Donald Trump como o terceiro mais rico da lista, segundo o índice Bloomberg e a Forbes, que mantém um acompanhamento exaustivo das finanças do presidente, ainda que ressalte a dificuldade em saber a fortuna exata. O atual presidente dos EUA, que tomou posse a 20 de janeiro, detém um património na ordem de 6,7 mil milhões de dólares (6,42 mil milhões de euros).

Mais de metade deste valor corresponde à participação de 53% que detém no capital da Trump Media & Technology Group Corp. (aproximadamente 3,9 mil milhões de dólares, ou 3,74 mil milhões de euros).

Segue-se J.D. Vance, que conta com uma fortuna avaliada em 4,8 mil milhões de dólares (4,6 mil milhões de euros), segundo declarações financeiras federais. Com apenas 39 anos, o novo vice-presidente dos EUA tem uma participação na Charles Schwab, multinacional de serviços financeiros. Nos documentos oficiais, que quem faz parte dos governos norte-americanos tem a responsabilidade de preencher por questões de transparência, o próprio avaliou a mesma num valor entre 2,3 e 7,7 milhões de dólares (2,2 e 7,3 milhões de euros).

Vance possui ainda imóveis em Washington e uma participação no seu fundo de capital de risco, Narya Capital Fund e investimentos em Bitcoin, sendo o braço direito do novo presidente também conhecido por ser adepto das criptomoedas, de tal modo que detém entre 250 e 500 mil dólares em Bitcoin, de acordo com os dados entregues por J.D. Vance.

Na lista está ainda o novo secretário do Tesouro dos EUA: Scott Bessent que vai mandar na economia do governo Trump e é um dos mais destacados discípulos de George Soros. Também dirigiu os investimentos do principal fundo de investimentos do próprio Soros e lançou o seu próprio veículo de investimento, um fundo de cobertura identificado sob o nome Key Square Group.

O gestor de hedge funds, que construiu carreira ao lado de George Soros e já doou milhões de dólares para campanhas do Partido Democrata, tem uma fortuna estimada em cerca de 3,5 mil milhões de dólares (3,33 mil milhões de euros).

A primeira e única mulher da lista é Linda McMahon, cuja fortuna ascende a 3 mil milhões de dólares (2,85 mil milhões de euros) e em grande parte está associada aos desportos de combate, onde se destaca como co-fundadora da World Wrestling Entertainment (WWE). A magnata do ‘wrestling’, que liderou Administração de Pequenas Empresas durante o primeiro mandato de Trump, foi nomeada para o cargo de secretária norte-americana da Educação.

Juntamente com o marido, Vince McMahon, detém uma participação de 16% na TKO, empresa dona da WWE (fundada pelo próprio Vince e associada ao entretenimento desportivo) e da UFC (companhia ligada a MMA). A TKO avançou para a compra da UFC em setembro de 2023 e aquela participação estava então avaliada em 2,3 mil milhões de dólares (2,2 mil milhões de euros).

Também com uma fortuna cotada em três mil milhões de dólares surge Howard Lutnick, escolhido por Donald Trump para assumir a pasta do Comércio nos EUA numa  nomeação que reforça a preferência de Trump por aliados de confiança e líderes empresariais para cargos-chave na sua nova administração.

O CEO e presidente da empresa de serviços financeiros Cantor Fitzgerald tinha em 2018 uma participação estimada em 60%, de acordo com um artigo publicado à data pela “Bloomberg”. A firma está cotada e presta serviços financeiros ligados a mercados de capitais, gestão de ativos, consultoria, banca de investimento, entre outros.

Doug Burgum ocupa o oitavo lugar, já que detém 1,1 mil milhões de dólares (1,04 mil milhões de euros). Foi nomeado por Trump para a posição de secretário do Interior, depois de desistir da corrida às primárias, após ser governador do Estado de Dakota do Norte desde 2016. Fica à frente do departamento responsável por arrendar os terrenos federais, que equivale a cerca de um quinto dessas áreas no território dos EUA, para produção de energia fóssil – vinda de petróleo, gás natural e carvão – e energia limpa, como solar e eólica

Em 2001, Burgum vendeu a sua empresa Great Plains Software à Microsoft por 1,1 mil milhões de dólares. Seguidamente, trabalhou na gigante tecnológica como vice-presidente da Microsoft Business Solutions Group, até 2007.

O último nome na lista é o de Vivek Ramaswamy, que foi escolhido para liderar, juntamente com Elon Musk, o recém criado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), que foi projetados para reduzir gastos federais e oficialmente criado através de uma das várias ordens executivas que Trump assinou no seu primeiro dia como presidente dos EUA. Dias depois Ramaswamy acabou por abandonar o cargo, agora apenas nas mãos de Musk, para concorrer a governador do Ohio. Empresário na área da biotecnologia, tem na Roivant Sciences, fundada pelo próprio em 2014, o seu património mais valioso. De resto, tem também investimentos em diversos setores, entre os quais estão os criptoativos e conta com um total de mil milhões de dólares (950 milhões de euros).

Ainda assim, Ramaswamy abdicou de fazer parte da administração formada por Donald Trump. O multimilionário quer candidatar-se a governador do estado de Ohio, o que o obriga a ficar de fora daquele departamento. A informação foi inicialmente avançada pelo Politico, que citou fontes próximas do próprio, sendo posteriormente confirmada por uma porta-voz do governo, Anna Kelly, em declarações à “Associated Press”.

Índice de referência em Madrid supera as mesmas fortunas

Os 668 mil milhões de dólares (ou 638 mil milhões de euros) equivalentes à soma das fortunas de todos os membros da administração de Donald Trump ficam abaixo do valor total da capitalização do índice IBEX 35.

O índice de referência de Madrid engloba as 35 maiores empresas cotadas naquela praça. Todas somadas, valem, por esta altura, algo na ordem de 747 mil milhões de euros, de acordo com os dados da plataforma Investing.com, ou seja, superam em 17% o valor dos patrimónios dos norte-americanos citados.