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Fórum: Como a pandemia terá influência na compra e venda de empresas

A pandemia de Covid-19 alterou a rotina das empresas e poderá também ter influência no mercado transacional português. Por um lado, as decisões de compra e venda poderão ter de esperar, mas, por outro, antevê-se movimentações no setor farmacêutico.
22 Março 2020, 18h00

1. Como é que esta pandemia pode ter influência no mercado transacional Português? As perspetivas de crescimento, apresentadas pela generalidade dos ‘players’ no início do ano, mantêm-se?

2. Em que medida o corte extraordinário nas taxas de juro por parte de vários bancos centrais terá influência nas fusões e aquisições de empresas em Portugal?

 

 

João Sousa Leal, Partner da KPMG

1. Ainda é cedo para se perceber o real impacto da pandemia da Covid-19 na economia e em particular no mercado de transações. O que temos verificado nas últimas duas semanas, é um impacto muito negativo nos mercados bolsistas e uma elevada volatilidade nos mercados de dívida. Este fenómeno tem levado a um adiamento das decisões de investimento e desinvestimento. Há um sentimento no mercado de transações de esperar para ver. Os compradores têm receio de tomar decisões de investimento precipitadas que poderão, num cenário de recessão mais prolongado, destruir valor. Os vendedores também entendem que esta conjuntura poderá reduzir substancialmente o valor de venda dos seus ativos, logo, preferem desacelerar o processo de desinvestimento.

2. O mais provável é que não tenha qualquer impacto. Num cenário de recessão mais duradouro e vindo de um nível de taxas de juro extremamente baixo, é provável que as economias necessitem de outros estímulos para recuperar e voltar a crescer. Caso a recessão seja de curta duração, este corte poderá estimular a economia e o mercado de transações no segundo semestre do ano. O impacto no mercado português será sempre relativamente reduzido.

 

 

Paulo Garrett, Managing partner da Globalwe

1. Parece começar a haver um consenso generalizado que o ‘crash’ do mercado acionista irá colocaria o mercado de fusões e aquisições em espera. Esta é, pois, uma evolução do problema desde que este se tornou mais internacional, e materialmente agravado devido à recente desaceleração nos mercados comerciais e de capitais globais.

O ritmo das transações, especialmente as em fases mais iniciais, tem sido agravado (e nalguns casos levando mesmo ao seu cancelamento) pelas cada vez maiores restrições de viagem e medidas de quarentena impostas pelos países atingidos pelo surto. Com muitos escritórios e negócios a permanecerem na sua totalidade ou em grande parte fechados ou limitados em operação, as reuniões presenciais e as visitas tornaram-se desafiadoras ou impossíveis, especialmente nas áreas mais afetadas pela pandemia. Desta forma, as partes da transação irão precisar de ajustar as suas expectativas e os cronogramas estabelecidos inicialmente. De qualquer forma o mais certo parece ser as empresas fazerem um compasso de espera, seja no ‘buy side’ ou no ‘sell side’, até que haja mais certeza e visibilidade no mercado, não sendo possível ainda antever qual a duração desta espera. Numa visão otimista poderemos estar a falar de apenas duas ou três semanas, mas poderemos também falar em cenários mais longos de vários meses caso se confirme por exemplo um cenário de forte recessão económica e não haja uma rápida recuperação do mercado acionista.

 

2. Embora seja ainda cedo para se conseguir tirar conclusões finais, mas o corte extraordinário nas taxas de juro irá ter por certo uma influência positiva no mercado das fusões e aquisições e um contraponto ao que foi indicado acima, já que tradicionalmente cenários de baixas taxas de juro são favoráveis ao dinamismo desde mercado e Portugal por certo não escapará a esta dinâmica.

 

 

Francisco Xavier de Almeida, Sócio da CMS Rui Pena & Arnaut

1. Cremos que as perspetivas de crescimento apresentadas não se vão manter mas é difícil nesta fase, ainda de grande incerteza, fazer previsões. Em 2019, o investimento no setor imobiliário pode explicar-se devido à estabilização da economia mundial e descida de taxas de juro o que incentiva os consumidores a comprar casa aumentando a procura no setor. Quanto ao setor tecnológico, esta é uma tendência que se tem verificando nos últimos anos e que é expetável que se mantenha em virtude do que alguns já apelidaram de quarta revolução industrial.

2. Essa decisão poderá incentivar o investimento e contrariar, em certa medida, os efeitos da situação de pandemia que vivemos que ainda são desconhecidos. Assim, esperamos assistir a uma recuperação económica a partir do final do primeiro semestre de 2020.

 

 

Maria João Mata, Sócia da Miranda & Associados

Catarina Santinha, Associada da Miranda & Associados

1. A pandemia que atravessamos começa a trazer-nos, naturalmente, uma nuvem de incertezas sobre a evolução do mercado transacional no ano de 2020. Se, no início do ano, sabíamos, por um lado, que poderíamos ser confrontados com um relativo abrandamento do investimento estratégico americano em Portugal (devido às eleições americanas e à guerra comercial entre a China e os EUA), bem como com as incertezas decorrentes da forma de concretização do Brexit, contávamos, por outro lado, com a manutenção de um cenário de relativa estabilidade (e até, em alguns casos, de crescimento moderado) de algumas das principais economias europeias, com exceção da economia alemã, que vinha já dando sinais de claro abrandamento. Ora, atenta a reduzida dimensão do nosso mercado, somos cronicamente contagiados pelo que se passa lá fora, representando as aquisições ‘inbound’ uma parte muito significativa dos ‘deals’ de M&A em Portugal. Antevemos que a vontade e capacidade de os ‘players’ concretizarem as transações já em curso e de procurarem novas oportunidades de negócio dependerá de um conjunto de fatores muito diverso. Será inevitável haver lugar a um ajustamento e a uma reavaliação constante das perspetivas definidas no início do ano, mas sempre numa lógica de moderação e de reavaliação diária, porque não nos parece razoável anteciparmos, nesta fase tão precoce, um cenário de crise sistémica com base numa conjuntura que, por agora, ainda é excecional e relativamente à qual nenhum de nós sabe ainda quanto tempo vai durar.

 

2. Juros mais baixos significam dinheiro mais barato, custos menores com os serviços de dívida, menor rendibilidade dos investimentos em produtos financeiros e maior rentabilidade dos ativos das empresas – e, portanto, regra geral, maior capacidade e interesse das empresas em investir em ativos core. Esta relação entre descida das taxas de juro e o aumento do número de operações de M&A está amplamente estudada mas, tendencialmente, esses estudos não consideram a existência de outras variáveis, como a existência de fatores extrínsecos que possam influenciar, por si só, a capacidade de os compradores assumirem o risco de avançar com novas transações. Se os efeitos económicos da pandemia forem, como apontam os analistas, de curta duração, e afetarem mais severamente PME, que deixarão de ter liquidez para fazer face às suas obrigações correntes, esta realidade, conjugada com a redução extraordinária das taxas de juro por parte dos bancos centrais, poderá promover um aumento do número de concentrações económicas, por via da aquisição de empresas mais pequenas por parte de ‘players’ com maior relevância nos respetivos sectores de atividade. Por outro lado, é possível favoreça também o aumento, no segundo semestre do ano, de novas transações nos sectores económicos que verão a sua atividade aumentar em virtude da pandemia que atravessamos.

 

 

Miguel Farinha, Head of Transaction Advisory Services da EY

1. O atual cenário de pandemia terá uma imediata influência negativa no mercado, com várias operações a serem suspensas ou mesmo canceladas, face à incerteza reinante no mercado e à dificuldade em estimar o impacto da mesma na valorização das operações. Na sequência de uma primeira vaga de suspensão de operações, teremos um período de tempo, que é muito difícil de estimar neste momento, no qual não existirão novas operações, e finalmente, teremos uma retoma do mesmo alavancado em operações oportunísticas nos ativos em stress financeiro, protagonizada por quem conseguir preservar balanços mais fortes ou por fundos de private equity. Ou seja, a estimativa inicial que 2020 seria mais um ano excelente para operações de M&A, que estava corroborada pelo volume de operações nos dois primeiros meses do ano, é neste momento uma miragem que depende em larga escala da duração temporal desta pandemia. Sem querer nomear operações especificas, pela confidencialidade das mesmas, diria que em sectores mais afetados pelo atual cenário de pandemia, a generalidade das operações previstas vão cair nesta fase, sendo que posteriormente registarão picos de operações concretizadas, quer por eventuais situações de dificuldades financeiras da empresas alvo quer por movimentos de concentração de mercado que aproveitarão esta nova realidade. Neste sentido, sectores como turismo, restauração, organização de eventos serão seguramente dos mais afetados.

 

2. Será seguramente uma medida positiva em termos macroeconómicos, mas prevejo que no que concerne ao mercado de fusões e aquisições, os fundamentais subjacentes a qualquer operação assumam um papel muito mais relevante na decisão de investimento e neste momento o grau de incerteza nos mesmos tenha um peso decisivo nas operações.

 

 

Maria de Deus Botelho, Sócia da JPAB (José Pedro Aguiar-Branco Advogados)

1. Todas as previsões foram naturalmente demasiado otimistas e muito dificilmente se manterão, mesmo as mais conservadoras, porque não tiveram em conta o Covid-19. Um pouco por todo o mundo, um enorme número de empresas tenta, por todas as formas, evitar o atraso nos pagamentos, a insolvência, o encerramento. E esta circunstância absolutamente excecional e avassaladora deixa pouco espaço às empresas para encararem seriamente decisões de investimento, sobretudo quanto a aquisições de novas áreas de negócio / desenvolvimento / crescimento da atividade. As medidas de apoio às empresas que têm sido tomadas pelos diversos governos visam, precisamente, contrariar as quebras significativas de rendibilidade, de resultado e de liquidez das empresas; contudo, dificilmente evitaremos um cenário de recessão económica se não pior, pelo menos tão grave quanto a ocorrida em 2008. Os sistemas bancários e financeiros (nacionais e no caso de Portugal, também europeu, assim exista coragem política), devidamente caucionados pelos governos, terão um papel importantíssimo na estabilização e na diminuição dos efeitos catastróficos desta pandemia na economia; muito bem estaremos se todas as medidas tomadas (e a tomar) forem de molde a amortecer os impactos brutais que esta pandemia trará para a economia e as empresas.

 

2. O objetivo cimeiro é apoiar o fluxo de crédito para famílias e empresas. Todavia, tendo em conta as fortes restrições à atividade económica que este período traz associado, não acredito que essa medida (nem outras, como pacotes de apoio governamentais que se têm sucedido) possa influenciar positivamente o mercado de M&A. Numa situação de plena vigência de um Estado de Emergência sem data (seriamente) estimada para o seu termo, as decisões de investimento e de reestruturação empresarial serão naturalmente adiadas, pelo menos até que a economia demonstre ter resistido a toda esta hecatombe que se abateu sobre os mercados. O comportamento bolsista em todo o mundo, aliás, demonstra bem a atitude retraída e pessimista dos investidores e reflete exemplarmente a tendência defensiva do mercado. O momento presente é de enorme imprevisibilidade e a iniciativa empresarial reclama estabilidade e sempre demonstrou ter dificuldades em ligar com a incerteza. Não creio, por isso, que, pelo menos até que a propagação do vírus esteja controlada à escala mundial, os investidores estejam recetivos à tomada de decisões de M&A, com uma única exceção: a dos investidores abutres, altamente agressivos e que pretendam aproveitar este período de particular fragilidade empresarial as desmembrar e liquidar.

 

 

Francisco Santos Costa Sócio da Cuatrecasas

1. No início do ano, as perspetivas para a atividade de M&A em Portugal refletiam o sentimento geral de otimismo na Europa, um cenário macroeconómico favorável impulsionado por 4 fatores: desfecho do Brexit, assinatura do acordo comercial entre os EUA e a China (Fase 1), redução de riscos geopolíticos e manutenção de taxas de juro em níveis reduzidos. No entanto, apesar de um último trimestre relativamente forte e do anúncio de algumas transações com dimensão relevante no final de 2019/início de 2020, o certo é que o número de operações durante os dois primeiros meses do ano indicava já uma quebra em relação ao período homólogo de 2019, ainda antes do início do alastramento de casos de Covid-19 na Europa. Neste momento, com a propagação a todos os continentes, já poucos analistas têm dúvidas de que se verificará uma recessão económica, permanecendo a incerteza acerca da sua duração. Tipicamente, os períodos de recessão têm impacto profundo na atividade de M&A, desencadeando o agravamento das condições de liquidez e de crédito que dificultam o financiamento de operações. Por outro lado, é normal que os investidores, numa medida de prudência, optem por suspender ou adiar as suas decisões de investimento com receio de que os ativos sofram uma desvalorização abrupta, sobretudo nos casos em que os preços negociados são fixados por referência a indicadores financeiros que medem os resultados operacionais das empresas alvo (e.x, EBITDA), na expectativa de um repricing futuro dos ativos que incorpore essa desvalorização.

 

2. As taxas de juro constituem um instrument que tem uma influência direta na atividade de M&A. A política acomodatícia dos bancos centrais a nível mundial, nomeadamente da Fed e do BCE, caracterizada por taxas de juro invulgarmente baixas durante um período alargado de tempo, criou condições de liquidez no sistema financeiro favoráveis ao financiamento de operações de M&A. Apesar de o cenário de recessão atual implicar um previsível agravamento das condições de crédito nos mercados de dívida, algo que já estamos a assistir, os principais bancos centrais a nível mundial deram uma resposta rápida, através da aprovação de diversas medidas de estímulo à criação de liquidez (e.g., redução de juros, compra de obrigações). Neste sentido, é expectável que, uma vez controlados os fatores que determinaram a atual crise, se inicie um novo ciclo de crescimento da atividade de M&A potenciado por avaliações mais atrativas das empresas (em face das desvalorizações sofridas) e condições de financiamento favoráveis.

 

 

João Santos Managing partner da Tradinveste

1. O mercado transaccional português é pequeno e muito vulnerável a movimentações dos mercados internacionais, no entanto neste caso somos apenas mais um mercado a reagir a esta situação atípica e para já sem um limite temporal. A incerteza é grande sobre o momento em que a retoma irá ocorrer, o estado das empresas a essa data e a capacidade que terão para se adaptar a uma realidade diferente da que hoje conhecemos.

Especificamente em relação ao nosso mercado, as transacções estão maioritariamente e na melhor das circunstâncias “on Hold”; os compradores passaram a ter outras necessidades e prioridades, passando o crescimento por aquisições para um lugar de menor relevância e o destino dos seus recursos quer financeiros quer de gestão, dirigidos a outras atividades. Creio que depois de ultrapassada esta fase ativa da pandemia, iremos retomar aos poucos a dinâmica transacional.

 

2. A magnitude dos efeitos do Covid-19 na economia relativiza os efeitos de uma baixa de juros no âmbito das fusões e aquisições. Sem dúvida que o grau de incerteza que paira no mercado nos dias de hoje se sobrepõe às compensações que os governos e as instituições nacionais e internacionais se preparam para lançar no sentido de tentar minorar o impacto desta pandemia. É sabido que o efeito de alavancagem de investimentos com capitais alheios, ajuda à rentabilização dos capitais próprios investidos. Por essa razão a dívida como parte do financiamento das transações é uma componente muito importante e por isso não desprezível no âmbito do relançamento da economia. Assim sendo o custo do financiamento tem um impacto direto nas expectativas de rentabilidade dos investidores pelo que uma descida expressiva da taxa de juros poderá servir como um incentivo ao mercado de transações. No entanto, é expectável que este impacto seja mais visível em empresas financeiramente sólidas pois serão aquelas que com mais facilidade acedem às diferentes linhas de crédito. Por outro lado os fundos de investimento, que no mercado internacional, são o verdadeiro motor do mercado M&A continuam com excesso de liquidez e ávidos por encontrar investimentos atrativos.

 

 

António Júlio Jorge Partner da Deloitte

1. Esta crise é global é diferente da anterior crise doe euro e dos países da Europa do Sul. Nesta nova situação, a nossa pequena economia aberta irá simplesmente acompanhar o resto do Mundo na correção que venha a acontecer nos mercados financeiros. No entanto, sabemos que o dry powder no mercado é gigante e a história diz-nos que as transações mais rentáveis são efetuadas em períodos de recessão ou de incerteza.

 

2. A opção de reduzir taxas de juro (que o BCE não seguiu) é necessária mas não é suficiente. Felizmente, estamos a ver medidas mais amplas tomadas pelos vários governos, e é provável que outras tenham de surgir à medida que a realidade coloque novos desafios. Ainda assim, convém não esquecer que vivemos recentemente o maior período de expansão económica global de que há memória e que as correções acontecem mais cedo ou mais tarde. Normalmente, os mercados financeiros são os primeiros em que isso se verifica e isso aconteceu também desta vez. Teremos de esperar para ver os efeitos da pandemia na economia global e por inerência em Portugal para perceber se acaba por aqui ou se a correção continua.

 

 

Paula Albergaria Silva Managing partner da Albergaria Silva & Associados

1. Sem querermos entrar por cenários dantescos, e ainda que olhando para esta realidade de forma combativa, parece óbvio que, dada a dimensão crescente da pandemia e do efeito surpresa provocado em todo o mundo, será inevitável que ocorra um fenómeno de decrescimento transversal e de caráter universal que influenciará negativamente o mercado transacional em virtude da perda de confiança dos players. Não obstante já se ensaiem medidas aos mais diversos níveis económicos e financeiros, este “relâmpago apagão” afetará definitivamente a economia mundial, e no que a nós portugueses nos toca, com particular acuidade os setores do turismo, dos transportes e da restauração e hotelaria. A retoma da confiança dos players dependerá da duração da pandemia e dos seus efeitos na economia e da capacidade que os intervenientes institucionais mostrarem para travar o afundamento da economia, num movimento dialético que nos poderá surpreender e revolucionar a economia no século XXI.

2. A ação coordenada por parte de vários bancos centrais visa combater os efeitos nefastos do coronavírus na economia mundial. Como o crédito é o motor da economia, o corte extraordinário nas taxas de juro facilita o recurso ao financiamento bancário, essencial para dinamizar o mercado transacional. Questão diversa é se os players no mercado terão confiança para, mesmo com taxas de juro baixas, investir em crescimento através de operações de aquisição de empresas, permitindo retomar o dinamismo no mercado de M&A.

 

 

Mafalda Barreto, Managing Partner em Lisboa da Gómez-Acebo & Pombo

1 – Ainda é cedo para ter uma noção exata dos potenciais efeitos a médio prazo da situação de paralisação global causada pela Covid-19. Certo é que as perspetivas otimistas do início deste ano serão necessariamente revistas em baixa. O facto de o contágio ter vindo a alastrar-se pelo globo ao longo do primeiro trimestre do ano (com uma dispersão durante o segundo semestre ainda difícil de prever) tem vindo a provocar retração no investimento, primeiro da Ásia e na Ásia, seguida por uma paralisação a uma escala quase global durante o mês de março. Nas últimas semanas a grande maioria das transações em curso estão suspensas. Salvam-se, ou tentam salvar-se, as que se encontravam já em fase de fecho, com enormes dificuldades logísticas. Mas nem tudo são más notícias: o investimento asiático, nomeadamente de origem chinesa, que estava totalmente paralisado desde o início do ano, já retomou e aproveitará certamente da menor agilidade de outros investidores. Se for este o paradigma (um rápido pico descendente seguido de uma rápida recuperação) para aqueles investidores que dispõem de liquidez será seguramente um momento para aproveitar a correção do mercado e targets mais fragilizados.

2 – A redução das taxas de juro será obviamente um instrumento útil e eficaz no estímulo à economia e à retoma do mercado de fusões e aquisições. Num cenário pós-crise será, no entanto, o investimento oportunista, muitas vezes unlevered, aquele de onde se espera uma maior atividade no curto prazo.

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