Quais os grandes desafios das empresas frotistas em 2019/2020 e o caminho para uma economia descarbonizada são alguns dos temas colocados aos gestores do setor. E já decorre uma transição equilibrada de motorizações térmicas para eletrificadas mas há constrangimentos e vamos saber quais. As gestoras de leasing e renting têm vindo a lançar soluções para atrair clientes empresariais e particulares. Vamos saber quais e o que significam em termos de eficiência e redução de custos.
João Coutinho, Head of Sales Auto do Volkswagen Financial Services
Como cativa do grupo VW o “grande desafio é sempre ter as melhores soluções para as necessidades dos clientes e dos seus negócios. Gestão de frotas tem diferentes significados para os responsáveis de gestão de frotas. Podem estar à procura dos melhores serviços, dos melhores preços ou dos melhores carros para as suas equipas. Por outro lado, a sociedade está cada vez mais preocupada com os temas ambientais e da sustentabilidade, o que se repercute em todas as áreas da sociedade e da economia. Antecipando essa preocupação, no grupo Volkswagen Financial Services temos vindo a desenvolver soluções mais eficientes e sustentáveis, ofereceremos novos produtos e serviços que ajudarão na melhoria da pegada ecológica, ao mesmo tempo que promovemos a mobilidade e uma maior eficiência ao nível de custos. No entanto, a eletrificação de uma frota implica um conjunto de ajustes, por partes dos clientes e das estruturas públicas, nomeadamente a instalação de postos de carregamento em maior número”. De frisar que “as mudanças de paradigmas são geralmente progressivas e adaptativas, pois não é possível mudar tudo de um dia para o outro. Para que se evolua no processo de descarbonização das frotas automóveis é necessário, antes de mais, contar com infraestruturas capazes de responder às necessidades dos clientes. Por exemplo, a rede de pontos de carregamentos elétricos em Portugal precisa de continuar a expandir-se a aumentar a sua capilaridade. Mesmo em termos de condomínios habitacionais e escritórios é necessária uma adaptação para que a usabilidade dos veículos elétricos e híbridos seja potenciada. Por outro lado, ao nível dos veículos ainda há margem para melhorias, nomeadamente ao nível da autonomia e da rapidez de carga. Fruto da aposta na inovação, o grupo VW tem hoje em marcha a maior ofensiva em termos de eletrificação da sua gama, desenvolvendo soluções que vão ajudar os utilizadores de automóveis a melhorar de forma significativa a experiência de condução de veículos elétricos”. De frisar que os clientes sempre fizeram a escolha de motorizações em função das suas necessidades específicas e dos seus orçamentos. Esta situação não sofreu alterações com o surgimento dos veículos híbridos e elétricos.
Hoje, o que acontece é que existe mais escolha para o cliente, que procura a solução mais eficiente para responder às suas necessidades específicas, tendo em conta o seu orçamento e os custos associados à exploração automóvel. Neste sentido, os híbridos plug-in são uma solução muito interessante para os utilizadores de automóveis, pois têm um enquadramento fiscal vantajoso e beneficiam de uma usabilidade superior face aos veículos elétricos decorrente da possibilidade de funcionarem com combustível”.
Em termos de gestão da futura frota eletrificada o relevante está na análise do TCO que indica existir “uma redução em custos com os consumos e manutenção, tal como benefícios fiscais”. E sobre as alterações provocadas pelo novo cálculo de imposto devido ao WLTP “ainda não é possível estimar impactos dado que os enquadramentos legais ainda não estão totalmente fechados. No entanto, o que se percebe é que os preços têm tendência a aumentar, com todos os impactos que daí advêm. Seria positivo uma transição neutra, de forma a não afetar o mercado e os consumidores”.
A VW Financial Services alargou a atividade em Portugal “com o lançamento, durante o último ano, da Ducati Financial Services, da Bentley Financial Services e da Lamborghini Financial Services, oferecendo a possibilidade aos amantes dos veículos destas marcas de aceder a condições de financiamento mais vantajosas, bem como a um pacote de serviços de elevado valor acrescentado. Porque somos uma empresa com apenas sete anos, com uma gama de produtos implementados num ritmo alto, investimos este ano na consolidação dos nossos projetos e digitalização da nossa organização, o que terá um grande impacto na fidelização e retenção dos nossos clientes. Temos como objetivo continuar a trabalhar em conjunto com as marcas do Grupo VW e reforçar ainda mais a nossa parceria com a rede oficial de concessionários, no que toca a serviços de pós-venda, como a manutenção, um grande ponto forte face ao mercado e muito valorizado por novos clientes.
Continuamos a trabalhar com os nossos parceiros para apresentar sempre as melhores propostas de valor no mercado, proporcionando condições vantajosas para o cliente final. Temos como objetivo continuar a trabalhar em conjunto com as marcas do Grupo VW e reforçar ainda mais a nossa parceria com a rede oficial de concessionários, no que toca a serviços de pós-venda, como a manutenção, um grande ponto forte face ao mercado e muito valorizado por novos clientes”.
O Volkswagen Financial Services é composto por uma equipa de 130 colaboradores e tem mais de 37.000 viaturas sob gestão. O volume de venda em 2018 foi de aproximadamente 32 milhões de euros.
Nuno Jacinto, Diretor Comercial da ALD Automotive
“O ano 2019 tem sido um ano de diversos desafios, começando principalmente pela incerteza que pauta neste momento a indústria automóvel e o paradigma das motorizações, o aumento exponencial da inovação no que toca a novas formas de mobilidade e na sua conjugação, e também um cliente final bastante conhecedor e exigente quanto às soluções de serviços existentes”. Na transição para uma economia descarbonizada há soluções interessante. “As empresas, mas principalmente as frotas do setor público, nomeadamente as autarquias têm dado um maior contributo para liderar esta transição energética e avançar para um caminho mais sustentável. Da nossa parte, temos posto em prática diversas ações para apoiar empresas e particulares nesta escolha energética mais responsável. Num exemplo deste ano, o facto da CM de Lisboa colocar a frota automóvel no centro da sua estratégia de mobilidade sustentável, confiando na ALD Automotive para a transição energética da sua frota operacional, deixa-nos muito orgulhosos”.
A transição irá começar pelos híbridos e avançar até aos 100% elétricos. “Será a forma de transição mais equilibrada sim, até porque atualmente para um parque 100% elétrico existem alguns constrangimentos que resultam dos seguintes fatores: Oferta ainda residual de soluções (marcas/modelos) que permitam dar resposta a políticas de viaturas abrangentes e transversais; a infraestrutura tanto pública como privada ainda não dá a resposta necessária para um processo mais célere de mudança; os alargados prazos de entrega das viaturas; e a competitividade de algumas das soluções. No entanto, estamos claramente num processo de mudança, que se nota não só pelo interesse de todos os atores de mercado, mas também pela dinâmica previsível pelo lançamento de novas soluções previstas pelos vários construtores” e sobre carregamento é essencial “o desenvolvimento da rede nacional de carregamentos e a integração da informação entre os diversos operadores”.
E como “mudar a agulha” nas motorizações? “A ALD Automotive, enquanto líder europeu de gestão de mobilidade, é responsável por “preparar” (o mercado), aconselhar e apoiar os seus clientes sobre a sua evolução. Por isso mesmo, e sentindo a lacuna no mercado, lançámos em julho um serviço de nome ALD e-switch que participa ativamente no desenvolvimento do veículo elétrico no mercado português, garantindo mais mobilidade. É uma solução inovadora e diferenciadora que permite aos condutores terem um veículo principal 100% elétrico e ecologicamente sustentável – sem emissões de CO2 e redução da poluição sonora – e um veículo térmico cerca de 30 dias/ano – gasolina ou diesel – para viagens pontuais. É sem dúvida, uma oferta qualitativa que oferecemos aos nossos clientes e que enriquece as opções de circulação dos condutores, conferindo-lhes maior flexibilidade e mobilidade, através dos benefícios de um motor elétrico no dia-a-dia e em zonas urbanas, e garantindo ao mesmo tempo o aluguer nas melhores condições, de um veículo a combustão para usufruto em fins-de-semana prolongados, férias ou viagens longas”.
Entretanto, o 1º trimestre resultou numa confusão em torno do cálculo do imposto devido às regras do WLTP. Houve um “comportamento atípico nos processos de decisão – os clientes ou anteciparam as compras para avaliar o impacto ou posteciparam para avaliar medidas corretivas; o cálculo do ISV é hoje sobejamente mais complexo. Naturalmente, o processo de apresentação de propostas pelas marcas e consequentemente pelas gestoras foi seriamente afetado e consequentemente o processo de adaptação e decisão dos clientes é hoje mais demorado e penoso. Para minimizar o ponto anterior, todos os atores de mercado, tentam propor modelos mais estandardizados. Existe um impacto real na estrutura de custos das empresas, pelo que consequentemente verificou-se um empenho das empresas em mitigar esse mesmo impacto, através de: centralização de compras; reavaliação das soluções implementadas com novos processos de aferição ao mercado; avaliação de alternativas ao diesel, como base no TCO; opção por modelos mais estandardizados (em termos de motorizações e extras); e contratação mais eficiente (nomeadamente quilómetros e durações). Entretanto, e principalmente com a implementação do WLTP com o pouco tempo de preparação do setor automóvel, a maioria dos países europeus adiaram a implementação da norma de forma a preparar o setor e poder dar respostas de qualidade aos clientes. O mercado atravessou uma forte adaptação, com o setor de frotas a ser o maior impulsionador da introdução dos novos veículos e tecnologia no mercado, e o início de 2019 acabou por apresentar um volume de vendas inferior a 2018. Atualmente o mercado estabilizou e perspetivamos para a ALD Automotive um ano muito positivo”.
Para fidelizar os clientes a empresa lançou diversas iniciativas. “O ano passado fomos galardoados com um prémio de serviço digital pelo lançamento da plataforma de consultoria digital, Energy website. Cedo percebemos, que a adaptação e o conhecimento do perfil de utilização de cada condutor a cada uma das diferentes soluções energéticas seria um passo de informação essencial para uma mobilidade mais responsável e informada. As políticas de viaturas terão que se ajustar a este novo paradigma e ao contrário do passado, deve fundamentar-se a seleção da viatura em função do comportamento de utilização, assumindo uma importância vital numa escolha racional e eficiente. O recente lançamento do ALD e-switch mostra que temos feito um caminho disruptivo para dar resposta aos novos desafios, com um leque de novas iniciativas para oferecer”.
A ALD Automotive tem mais de 1,70 milhões de veículos na estrada, divididos por 43 países. Em Portugal, a empresa está presente há 27 anos, registando um forte crescimento que lhe permite ter a posição de número dois no ranking nacional, com mais de 23 mil veículos sob gestão, distribuídos por cerca de 3.500 clientes e mais de 115 colaboradores.
João Soromenho, Diretor Comercial da Arval Portugal
“A mobilidade sustentável, a transição energética, a conectividade, as viaturas autónomas e a economia de partilha têm sido as grandes tendências de evolução deste setor. A substituição dos combustíveis fósseis para as energias alternativas com o desenvolvimento, e a popularidade, dos carros elétricos e híbridos é uma realidade incontornável. Por outro lado, o forte desenvolvimento tecnológico, onde as marcas automóveis estão a criar novas tecnologias com impacto ao nível da gestão de frotas e que irão permitir uma redução de custos, uma maior eficiência no desempenho da frota e um maior conforto e segurança para quem conduz uma viatura. Por fim, a sustentabilidade, o controlo do risco e principalmente o melhoramento do desempenho das frotas é uma necessidade premente.
Neste ponto, destacar a telemática, uma das tecnologias que foi bastante desenvolvida durante 2018 e que, apesar de não ser um elemento de decisão na compra, é uma decisão de gestão que permite ajudar a empresa a otimizar o uso das viaturas. E para acompanhar esta tendência, a Arval Portugal disponibiliza o Arval Active Link, uma solução de telemática em diferentes módulos, que se podem acionar de acordo com o perfil e necessidades de cada cliente”.
E definitivamente caminha-se para uma economia verde. “Acreditamos que a consciencialização vai levar a uma maior entrada de veículos híbridos e elétricos nas frotas, o incremento das viaturas a gasolina, e, apesar de um potencial decréscimo, o diesel não vai deixar de existir. Na Arval Portugal, temos um papel ativo de ajudar e aconselhar os nossos clientes no tipo de viaturas a utilizar. Nesta fase é importante considerar todos os fatores, como por exemplo, avaliar qual será a utilização dos veículos e quais os critérios mais importantes para o cliente e ou gestores de frotas. Isto para que possam tomar decisões tendo por base a melhor informação e qual a que melhor se adequa a cada situação”.
O tema do carregamento elétrico continua a colocar-se. “Ainda há desafios na utilização deste tipo de modelos ligados à questão de abastecimento. Mesmo se olharmos só para os circuitos citadinos regulares, e se as estruturas nas empresas não estão preparadas, existe um sério constrangimento. Isto porque para o bom uso de um PHEV, a viatura deverá estar sempre com a bateria carregada sob pena de se perder a eficiência que estes carros oferecem”.
Por outro lado, “o WLTP, e o seu contributo para os dados de emissões de CO2 nas viaturas, teve um impacto direto no custo das viaturas. E, apesar de nem todos os modelos terem sido sujeitos a um agravamento de imposto (ISV), podemos considerar que em 2019, de uma forma geral, houve um agravamento da carga fiscal. E este é um fator determinante na decisão de mudança nas empresas e por isso, podemos concluir que a transição energética deixou de ser uma preocupação de um nicho de mercado tendo nesta altura atingindo um ponto de viragem nas empresas que hoje regularmente consideram e avaliam soluções de energias alternativas. O ciclo WLTP teve certamente impacto quer ao nível das frotas automóveis, quer ao nível da entrega de novas viaturas e, para além disso, na alteração de algumas motorizações que levaram a que as marcas efetuassem alguns acertos nos preços finais das viaturas. No que diz respeito aos veículos de passageiros o impacto do WLTP gerou algumas alterações que levaram a um decréscimo nos motores a diesel ajudando assim a elevar a opção pelas energias alternativas. Em relação às viaturas comerciais, essa mudança não será tão acentuada uma vez são viaturas onde o tipo de utilização é mais intensivo, perfazendo muitos quilómetros anuais agravando assim os consumos das mesmas, não existindo neste momento ainda muitas alternativas ao diesel que consigam colmatar este tipo de utilização”.
Em 2019, a Arval Portugal continua a crescer a um ritmo superior aos 15% e “a expetativa é a de que se verifique uma trajetória semelhante em 2020, tendo em vista uma consolidação da nossa empresa no mercado”. Para captação de clientes a Arval Portugal celebrou, em 2018, uma parceria estratégica com o BPI “para disponibilizar pela primeira vez um produto de aluguer operacional junto dos balcões e clientes do banco. Esta parceria teve início em maio e permitiu à Arval começar a oferecer o renting para particulares e pequenas empresas, iniciando a exploração de um novo segmento do mercado. Por outro lado, e de forma a consolidar a nossa oferta diferenciada no mercado nacional, foi iniciada a nova área de consultoria que atua de forma independente. O objetivo é de fornecer aos nossos clientes o acesso a estudos personalizados da sua frota bem como estudos globais como é o caso do Barómetro Arval Mobility Observatory. Esta é a plataforma de pesquisa e inteligência de mercado da Arval, amplamente reconhecido como um dos “think tanks” mais competentes no setor que visa fornecer pesquisas independentes e confiáveis para entender e antecipar as mudanças que afetam o mundo da mobilidade, alargando agora o âmbito das suas pesquisas à evolução da mobilidade como um serviço de consumo”.
A Arval Portugal finalizou o ano de 2018 com um crescimento de 12% versus 2017.
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