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Fórum para a Competitividade corta previsão de crescimento para menos de 2%

O recuo do PIB no primeiro trimestre, o apagão do dia 28 de fevereiro e a enorme incerteza internacional levam o Fórum a rever em baixa a previsão de crescimento este ano “para valores inferiores a 2%”, uma barreira vista como fácil de ultrapassar no início deste ano, dado o forte carryover do ano passado.
6 Maio 2025, 11h21

A deterioração da economia portuguesa no primeiro trimestre leva o Fórum para a Competitividade a rever em baixa a sua previsão de crescimento para este ano para valores abaixo de 2%, um objetivo que antes parecia razoavelmente fácil de atingir dado o carryover do ano passado. O consumo privado, em particular, abrandou substancialmente, retirando o suporte que vinha dando ao PIB nacional nos trimestres anteriores.

O recuo do PIB no primeiro trimestre, de 0,5%, corta consideravelmente as perspetivas de crescimento para este ano, especialmente se combinado com o apagão que o país viveu e, sobretudo, com a conjuntura internacional desfavorável, que levou a um forte corte de projeções pela maioria das instituições internacionais, com o Fundo Monetário Internacional (FMI) à cabeça.

Olhando especificamente para 28 de fevereiro, em que a energia em Portugal foi abaixo durante quase meio dia, o Fórum estima um impacto negativo de 0,1% a 0,2% do PIB, um valor minimizado pelo adiamento de produção nalgumas indústrias, a capacidade de setores primários resistirem a esta perturbação e a recuperação nos serviços nos dias seguintes.

Como tal, estes fatores “reforçam a necessidade de revisão em baixa para o PIB anual, para valores inferiores a 2%”, lê-se na nota de conjuntura de abril, isto quando o Fórum via este nível de crescimento como “fácil” de atingir no início deste ano. Em particular, a economia portuguesa trazia uma dinâmica forte do ano anterior que deveria impulsionar o crescimento este ano, mas tal parece ter-se evaporado.

O consumo privado perdeu o fulgor que demonstrou nos trimestres anteriores, dando um contributo nulo na leitura do primeiro trimestre, enquanto a componente externa teve um impacto líquido. No seguimento, os dados preliminares do segundo trimestre já permitem ver novo abrandamento da atividade, o que não permite perspetivas muito otimistas para o resto do ano – e, a agravar esta tendência, a confiança caiu de forma transversal.

A indefinição política não ajuda nesta medida, agravando a incerteza criada pela conjuntura internacional, e, apesar de a expectativa do Fórum ser “que a atual incerteza política se dissipe nas próximas semanas, as sondagens sugerem uma grande dificuldade na constituição de um governo com apoio parlamentar maioritário.”

Olhando às propostas dos partidos, o think-tank nacional elogia a convergência entre PS e AD na trajetória de redução da dívida, mas critica a falta de consideração dos riscos de curto-prazo nos cenários macro de ambos os partidos, incluindo “os desafios que o aumento da despesa em defesa vai colocar sobre as contas públicas e o Estado social”.

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