Portugal deve conseguir um crescimento na ordem dos 2% este ano apesar das grandes dificuldades e incerteza decorrentes das tensões no comércio mundial, projeta o Fórum para a Competitividade. A economia nacional sofrerá por três vias diferentes no caso de se confirmar a escalada protecionista, mas não o suficiente para a afastar do objetivo de crescimento.
A nota de conjuntura de dezembro estima nova aceleração do crescimento no último trimestre, apontando o Fórum a um avanço entre 0,2% e 0,5% em cadeia, o que corresponde a uma variação homóloga entre 1,2% e 1,5%. Como tal, o ano que agora encerrou deve registar um crescimento de 1,5% a 1,6%, contando com uma forte aceleração da componente externa.
Do lado orçamental, o excedente continua a ser a norma, mas a composição da despesa preocupa e merece uma nota: por um lado, a despesa corrente está bastante acima do projetado, enquanto, por outro, a despesa de capital, que inclui o investimento, está muito abaixo do esperado.
Para o próximo ano, a expectativa está cifrada acima dos 2%, isto apesar do conservadorismo do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) e dos riscos internacionais, “sobretudo os associados a um eventual conflito comercial”. Nesta linha, o Fórum considera mesmo que Trump pode ser dos principais riscos à economia global no próximo ano, dada a imprevisibilidade das suas políticas.
Considerando o papel que a componente externa tem tido na prestação económica recente nacional, o gabinete de estudos do Fórum alerta para os efeitos da receada escalada protecionista, que ameaça a economia portuguesa “por três vias: efeito direto sobre as nossas exportações para os EUA; efeito de debilidade dos nossos mercados de exportação, afetados pelas tarifas; efeito de resposta da China, que deverá tentar vender na UE o que não conseguir vender nos EUA, a preços muito competitivos, dificultando as nossas exportações”.
“Ainda assim, convém recordar que a economia portuguesa apresenta valores favoráveis nos principais indicadores: inflação, desemprego, crescimento, equilíbrio externo, contas públicas. As suas fraquezas são sobretudo estruturais”, remata a nota.
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