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França: Goldman Sachs preocupada com tentação despesista de eventual governo do PN

O banco norte-americano considera que uma maioria de Marine Le Pen e Jordan Bardella se achará com mãos livres para implementar o seu programa de governo, que tem diversos itens despesistas.
3 Julho 2024, 10h42

“Os resultados da primeira volta das eleições legislativas antecipadas em França seguiram em linha com sondagens recentes, com o partido de extrema-direita RN reivindicando a maior votação, com 33%. Os resultados da primeira volta sugerem que uma coligação de esquerda é agora altamente improvável” em termos de liderança do pais, afirma um research do banco norte-americano Goldman Sachs.

“Acreditamos, portanto, que dois resultados eleitorais relevantes após a segunda volta são um parlamento empatado ou uma maioria absoluta para o RN” de Marine Le Pen e Jordan Bardella.

“O novo governo será imediatamente confrontado com a implementação do orçamento de 2024. Um parlamento suspenso provavelmente não cumpriria quaisquer medidas de consolidação até ao final do ano (implicando uma pequena derrapagem fiscal relativa), enquanto esperamos que um governo do RN proporcionará de imediato uma redução do IVA sobre a energia sem compensar as medidas no lado da receita”, refere a consultora.

“No que diz respeito à elaboração do projeto de lei orçamentária de 2025, esperamos que o parlamento se comprometa a permanecer consistente com as novas regras fiscais europeias, com um governo de maioria no RN a proporcionar uma redução um pouco menor do défice”.

A Goldman Sachs afirma que “as implicações das eleições para o crescimento a curto prazo são ambíguas, uma vez que um pequeno impulso à política orçamental seria provavelmente em grande parte compensado pelo impacto de um regime mais restritivo”.

Já “as implicações para o crescimento a médio prazo serão provavelmente negativas, uma vez que nenhum dos dois resultados eleitorais levará à implementação de novas reformas estruturais. A redução do IVA proposta pelo RN sobre produtos energéticos pesam sobre a inflação global, mas as propostas do partido sobre a política de concorrência e imigração poderia gerar preços básicos mais persistentes”.

O governo cessante “orientou-se no sentido de reduzir o défice para 5,1% do PIB (5,5% em 2023), e anunciou um corte de gastos no valor de 0,3% do PIB”. O novo governo começará a elaborar um projeto de lei orçamental para 2025, para apresentação ao Parlamento até ao final de setembro. As previsões apontam “para uma redução de 1 pp no défice para 4,1% do PIB, o que consideramos ambicioso”.

É mais difícil julgar como um governo majoritário do RN projetaria o orçamento de 2025. “Por um lado, a liderança do RN sublinhou que a implementação das políticas económicas estaria condicionada a uma auditoria das finanças públicas – a ser realizada até ao outono – encontrando o espaço fiscal necessário. Por outro lado, comandar um

maioria absoluta na Assembleia Nacional daria ao RN poder sobre a implementação algumas das propostas dispendiosas da sua proposta de programa de governo, como a revogação da reforma das pensões de 2023. Um governo majoritário do RN chegará a um resultado mais modesto na redução do défice, com risco de não consolidação”.

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