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Francisco Pedro Balsemão: entrada do MFE na Impresa é “uma ótima notícia”

CEO da Impresa diz que entrada dos italianos dá início a um novo capítulo e garante que a família Balsemão permanecerá no grupo, que continua a controlar, com 33,7% do capital.
Cristina Bernardo
26 Novembro 2025, 21h07

“Uma ótima notícia para todos nós”. Foi assim que o CEO da Impresa considerou, numa carta enviada aos trabalhadores do grupo, o acordo fechado com os italianos da MFE – Media For Europe, que injetam 17,3 milhões de euros na empresa, em troca de uma posição acionista de 32,9%.

A operação foi anunciada esta quarta-feira, 26 de novembro, e será concretizada através de um aumento de capital. No final, e nos termos doa cordo parassocial celebrado entre a Impresa e a MFE, o controlo da Impresa continuará a ser exercido pela Impreger, que passará a deter 33,7% do grupo, e cuja acionista maioritária é a Balseger, por sua vez detida em partes iguais pelos cinco filhos de Francisco Pinto Balsemão.

O acordo prevê a atribuição de direitos à MFE em linha com a sua participação.

“Com a crescente oferta globalizada de conteúdos e a rápida fragmentação dos hábitos de consumo, o contexto mudou drasticamente. Concluímos que, para continuar a crescer, teríamos de nos associar a terceiros e procurar estabelecer uma parceria acionista estrutural”, justifica o CEO da Impresa, Francisco Pedro Balsemão, na carta.

“Recebemos, nos últimos meses, propostas de diferentes entidades. Tendo surgido várias alternativas, foi importante para a família Balsemão, incluindo o fundador da Impresa, Francisco Pinto Balsemão, assegurar, para a escolha do acionista certo, que determinados critérios rigorosos fossem cumpridos”, explicou. “Foi, com base neles, que decidimos encetar negociações exclusivas com a MFE, que agora culminaram nesta parceria”, escreveu.

Francisco Pinto Balsemão, fundador do grupo Impresa, morreu a 21 de outubro, aos 88 anos, e ainda acompanhou a evolução do processo negocial.

Fundou o semanário Expresso em 1973, ainda durante a ditadura, e mais tarde, em 1992, a SIC, o primeiro canal de televisão privado a surgir em Portugal.

Francisco Pedro Balsemão refere que a MFE foi escolhida porque partilha com a família que controla a Impresa a “mesma visão para o futuro da comunicação social”.

“Revemo-nos na sua estratégia, nomeadamente na necessidade de se criar grupos de media fortes com dimensão para fazer face a uma concorrência cada vez mais global e, no caso das grandes plataformas tecnológicas, desleal”, afirma. “Com a MFE, a Impresa, além de manter a sua estabilidade acionista, consolida a sua posição de maior grupo de media privado português, aliando-se a um parceiro que é um dos maiores grupos europeus, com presença em seis países do Velho Continente, o que será uma enorme vantagem competitiva”, sublinha, acrescentando que a MFE é também um parceiro do setor, “que tem os media como o seu negócio principal.

“Tal como a Impresa, a MFE não vê esta atividade como apenas mais uma área no meio de um conglomerado de outros negócios. E, tal como a Impresa, a MFE é um grupo familiar, com forte tradição na comunicação social”, aponta.

A MFE é a atual denominação do antigo Mediaset Group, fundado em 1980 por Silvio Berlusconi. É um dos principais grupos de media europeus, com televisão, produção audiovisual, publicidade e plataformas digitais. A família Berlusconi detém 75% do MFE.

“A robustez financeira da MFE é algo que também deve ser destacado”, diz Francisco Pedro Balsemão. “O grupo cresceu muito nos últimos anos, com uma estrutura profissionalizada, liderada por Pier Silvio Berlusconi, uma gestão elogiada em Itália, e mais fortalecida ainda depois do recente sucesso da operação de compra de mais de 75% do gigante alemão ProSieben”, acrescenta.

A dimensão financeira é relevante. A Impresa informou o mercado, no âmbito deste negócio, que a dívida remunerada líquida se situou em 145 milhões em outubro de 2025, refletindo uma redução de 2% face a junho de 2025.

“Entre junho de 2016 e outubro de 2025, a dívida remunerada líquida apresenta uma tendência global de redução. No período acumulado, o Grupo reduziu a sua dívida remunerada líquida em mais de 26%, o que corresponde a cerca de 51 milhões de euros”, acrescenta.

Francisco Pedro finaliza dizendo que se inicia um novo capítulo e que a família Balsemão continuará na Impresa, “a contribuir para o crescimento do grupo e a respeitar intransigentemente os valores – em particular, a liberdade de expressão e a independência editorial – que Francisco Pinto Balsemão deixou como legado”.

“Agora, numa escala grande e internacional, que muito nos orgulha”, sublinha.

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