A transição energética no transporte marítimo e nos portos, juntamente com a crescente digitalização, está a mudar profundamente o sector marítimo. Estas mudanças requerem novos conteúdos na formação para que os profissionais marítimos adquiram um conjunto diversificado de competências para enfrentar os desafios emergentes.
A Escola Superior Náutica Infante D. Henrique, possui programas académicos de nível superior focados no desenvolvimento de competências para a economia do mar e em particular para o transporte marítimo e portos, com certificações reconhecidas internacionalmente. Estes cursos já atraem um número crescente de estudantes locais interessados em contribuir para o sector marítimo na Madeira. A economia do mar na Madeira pode ser dinamizada através de uma mais ampla divulgação das profissões marítimas, mostrando aos jovens no ensino básico e secundário as oportunidades profissionais que existem nas áreas relacionadas com o mar.
A elevada procura destes profissionais a nível internacional tem vindo a garantir remunerações que estão acima da média nacional e constituem uma excelente alternativa para combater a atual realidade de baixos salários e o problema da emigração dos nossos jovens licenciados.
O desenvolvimento da economia do mar na Madeira terá de ter, por base, três princípios elementares: o da sustentabilidade, o da descarbonização e o da digitalização. O espaço marítimo da Região representa a segunda maior área marítima portuguesa; as Ilhas Selvagens assumem-se como a maior área protegida do Atlântico Norte; o Registo Internacional de Navios é o registo europeu que mais cresce; o Observatório Oceânico da Madeira está integrado em redes de investigação nacionais e internacionais, sendo um polo promotor de conhecimento e de inovação. Sendo estas afirmações factuais, é importante unir todos os pontos. A Zona Livre Tecnológica, zona de testagem, traça um caminho entre pontos, podendo atrair mais investigação, conhecimento, investimento e projetos inovadores, aproveitando o facto de, na Madeira, o mar poder ser utilizado durante quase todo o ano e aproveitando a boa qualidade das redes de comunicações; áreas como a robótica/sensorização, green shipping, entre outras, assim como uma aposta no conhecimento profundo dos nossos mares e respetivos recursos, devem ser prioridades; definir um modelo de financiamento para a área marinha protegida das Selvagens é um outro traço de união; utilizar os benefícios fiscais do Centro Internacional de Negócios (CINM), ou Zona Franca, pode ser relevante para cruzar a ponte que o Registo Internacional de Navios (MAR) define entre os armadores internacionais e a Região, procurando promover a criação de um cluster ligado ao shipping, com a instalação de empresas de manning, de ship managment, entre outras; não ter medo de colocar em cima da mesa temas como a aquacultura sustentável, alicerçados num sólido planeamento do espaço marítimo, será interessante. Naquilo que concerne às atividades que mais tradicionalmente se relacionam com o mar, a renovação da frota de pesca, em curso, é importante, tal como perceber que renovar as marinas pode ser significativo para atrair mais turismo náutico e para dar boas condições às maritimo-turisticas. Resumidamente, a receita reside na produção e na atração de conhecimento e na capacidade de atrair investimento tendo sempre, repito, a sustentabilidade, a descarbonização e a digitalização como mantras.
Conteúdo do Económico Madeira de 8 de setembro.
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